Mais de mil pessoas lotaram o auditório do Instituto Educacional Cristóvão de Mendoza, por três horas da noite desta sexta-feira (23/09), e expressaram uma só voz: Caxias do Sul tem condições para sediar a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Na primeira audiência pública sobre o projeto de universidade pública na Serra, o vice-reitor da UFRGS, Rui Vicente Oppermann, garantiu que o plano de desenvolvimento institucional do órgão já contempla a vinda para a região. Porém, enquanto alunos e autoridades se revezavam nos pronunciamentos diante da tribuna, o público demonstrava querer mais do que uma sinalização de caráter regional.

Para além de uma simples vontade generalizada, o que Oppermann também pôde conferir foram os critérios técnicos que indicam por que Caxias reúne as melhores condições como futura sede da UFRGS, na Serra. Ele recebeu diagnóstico socioeconômico do presidente da Comissão Pró-Universidade Pública da Câmara Municipal de Caxias do Sul, vereador Vinicius Ribeiro/PDT. Formulado por dezenas de entidades, o documento indica que, nos últimos anos, o município é o que tem apresentado permanente evolução nos índices de desenvolvimento.

O parlamentar observou que a própria localização geográfica da cidade facilitará no processo de articulação do projeto da UFRGS na região. Consta do material que a prefeitura caxiense, além de direcionar mais de 52% do seu orçamento para a área social, investiu R$ 120 mil na sede da UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul) e doou terreno para a instalação da Escola Técnica Federal (IFET), que está em funcionamento. As redes de ensino situadas no município contam com 92.659 alunos.

Na mesma linha, o prefeito de Caxias, José Ivo Sartori, reiterou a sua intenção, de que, tão logo o Ministério da Educação (MEC) confirme a cidade, seja disponibilizada área pública para abrigar o futuro campus. Ele não deixou de enfatizar, contudo, que a iniciativa precisa ser construída de forma conjunta, na região.

O vice-reitor alertou para a necessidade de que a decisão sobre a sede ocorra, no máximo, até a metade de 2012. Destacou que, se a opção resultar de opinião conjunta de todos os municípios, a região poderá iniciar os trabalhos com maturidade política. Pediu urgência nas discussões, a fim de que a Serra figure entre as dez mil vagas de estudo que o MEC está por deliberar, para universidades federais de todo o país.

Oppermann detalhou que, conforme as diretrizes do MEC, o campus da UFRGS, na Serra, terá autonomia, mas, não, independência, com pró-reitoria vinculada à matriz, em Porto Alegre. Explicou que a estrutura ficará organizada em três eixos: ensino, extensão e pesquisa. Disse, ainda, que os critérios serão temáticos, conforme o perfil econômico-social da região.

Enquanto isso, o presidente da Câmara, Marcos Daneluz, ressaltou que, embora respeite a vontade política das cidades vizinhas, entende que Caxias será o polo de desenvolvimento do ensino universitário de toda a região. Na sequência, também se manifestaram outras autoridades, como deputados federais e estaduais, além de lideranças estudantis, empresariais e sindicais. Diversos vereadores caxienses prestigiaram a audiência.

Com o terceiro maior orçamento do estado, na casa de R$ 1,4 bilhão, a UFRGS só fica atrás do governo estadual e da prefeitura de Porto Alegre. Supera, por exemplo, a peça orçamentária caxiense, hoje de R$ 1 bilhão. A instituição atende mais de 40 mil estudantes, dos quais 25 mil estão na graduação e cinco mil, no módulo à distância. O restante divide-se entre pós-graduação e extensão. No total, são 1.104 laboratórios e 668 grupos de pesquisa, distribuídos por cinco campi, na capital gaúcha.

A audiência foi coordenada pelo presidente da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne), Waldemar De Carli. Dentro do cronograma de audiências públicas traçado pela Amesne, além de Caxias, ocorrerão encontros em Bento Gonçalves (24 de outubro) e Veranópolis (25 de novembro).

No final de maio passado, no plenário do Legislativo Caxiense, a reitoria da UFRGS assinou um protocolo de cooperação científica e tecnológica com a Amesne.

Integram a Comissão Pró-Universidade Pública da Câmara, além do presidente Vinicius, os vereadores Ari Dallegrave/PMDB, Daniel Guerra/PSDB, Guiovane Maria/PT, Renato Nunes/PRB e Renato Oliveira/PCdoB.