Caminhos para o desenvolvimento regional da Serra gaúcha foram debatidos por vereadores caxienses e deputados estaduais, em audiência pública conjunta, realizada na noite desta segunda-feira (18/05), no plenário da Câmara Municipal de Caxias do Sul. Entre as alternativas levantadas para reduzir o custeio produtivo, esteve o enfrentamento ao chamado preço de logística. Conduziram os trabalhos de hoje o vereador Guila Sebben/PP, presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara e o deputado estadual Adilson Troca/PSDB, presidente da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa do RS.

De acordo com Guila, o frete tem respondido por 18% do preço dos produtos, gerados em Caxias do Sul. Segundo ele, o quadro prejudica a competitividade local e faz com que o município perca fábricas para outros estados. Citou caso de unidade fabril de vagões de trens que transferiu a sua produção do solo caxiense.

O secretário municipal do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego, Francisco Spiandorello, informou que, em média, 11,5% do produto interno bruto (PIB) caxiense se destina a suprir o custo logístico. Ele divulgou estimativa da pasta, pela qual o PIB local seria de R$ 19 bilhões. Destacou que o último estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente a 2012, contabilizou um PIB de R$ 12 bilhões ao município.

Para Spiandorello, como o segundo maior polo metalmecânico do Brasil, Caxias absorve 65% do aço consumido no Rio Grande do Sul. Ressaltou que a cidade conta com 64.315 empresas, sendo que 96% delas correspondem a micro e pequenas e empreendedores individuais. Pediu maior evolução nos debates, por um trem regional e por mais parcerias público-privadas.

Vice-presidente da Comissão de Economia da Assembleia, o deputado estadual Tiago Simon/PMDB salientou que, no Estado, há 84% de utilização de rodovias, na comparação com outros modais de transporte. Alertou que o custo logístico gaúcho é de 19% do PIB estadual. Comparou que, no Brasil, esse valor equivale a 14% do PIB nacional. Acusou mau aproveitamento do potencial hidroviário gaúcho.

O diretor de negócios internacionais da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, Mauro Vencato, apontou retração nos volumes, em dólar, de exportação e importação de Caxias, entre 2013 e 2014, a partir de balanços da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Com dados do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), Vencato afirmou que, em 2013, 2,7 mil empresas da região consumiram aço, movimentando cerca de 20 mil carretas da matéria-prima, naquele ano.

O presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) da Serra, José Adamoli, considerou frustradas as recentes experiências de parcerias público-privadas com estradas. Na ótica dele, os modelos gaúchos, por exemplo, demonstram insignificantes retornos dos valores de pedágios, em obras de manutenção e ampliação das malhas rodoviárias.

Enquanto isso, o vereador Jaison Barbosa/PDT lamentou que, mesmo concentrando boa parte do bolo tributário arrecado no município, a União não disponibilizasse em torno de R$ 1 bilhão, para viabilizar o trem regional da Serra. O vereador Rafael Bueno/PCdoB enfatizou que o desenvolvimento serrano passaria pela instalação de uma universidade pública federal.

Além do vereador-presidente Guila Sebben/PP, integram a Comissão de Desenvolvimento Econômico, Fiscalização e Controle Orçamentário os vereadores Henrique Silva/PCdoB, Jaison Barbosa/PDT, Pedro Incerti/PDT e Raimundo Bampi/PSB.  Os vereadores Adelino Teles/PMDB e Bampi e o deputado estadual Sérgio Turra/PP prestigiaram a audiência de hoje.