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Pozenato narra detalhes sobre "O Quatrilho" em palestra para alunos na Casa de Leitura do Legislativo

Vinte e seis estudantes, acompanhados da professora Olga Neri de Campos Lima, participaram da atividade


O professor e escritor José Clemente Pozenato apresentou detalhes sobre a criação e a filmagem do romance O Quatrilho em uma palestra que realizou, na manhã desta sexta-feira (28/11), para alunos do Ensino Médio do Colégio Murialdo. A atividade, que teve como tema  "O Quatrilho como documento etnográfico", foi promovida pela Casa de Leitura, Memória e Educação Legislativa da Câmara Municipal.  Vinte e seis estudantes do 2º ano do Ensino Médio participaram do encontro acompanhados da professora de Português e Literatura Olga Neri de Campos Lima.

Antes de dar início à palestra, Pozenato foi recebido pelo presidente do Legislativo, vereador Gustavo Toigo, que destacou a trajetória e a contribuição do escritor para a cultura da região. Toigo também agradeceu Pozenato pela disponibilidade de colaborar com uma ação da Casa de Leitura e partilhar conhecimentos com a garotada. Também prestigiaram o encontro os vereadores Felipe Gremelmaier/PMDB, Edson da Rosa/PMDB, Edi Carlos Pereira de Souza/PSB e Flávio Dias/PTB.

José Clemente Pozenato é autor de vários livros, entre eles: O Quatrilho e O Caso do Martelo. Graduado em Filosofia, possui mestrado em Estudos em Literatura Brasileira e doutorado em Letras.  Para abrir a conversa com os estudantes, Pozenato logo explicou o significado de um documento etnográfico. De forma simples e didática, informou que é o registro de usos, costumes, práticas de pessoas e de determinados ambientes. Envolve também observação sobre cenários, móveis, linguagem, comportamento, jeito de falar, gesticular e se portar das pessoas, entre tantos outros pontos. Como esse contexto está presente na narrativa e nas cenas de O Quatrilho, o escritor explicou que a obra é documental. O Quatrilho é uma história de troca de casais que tem como cenário a região colonial gaúcha de Caxias do Sul, em fins do século XIX e início do século XX. Mas não é só uma história de traição. Como o mesmo autor ressalta: esse é o pretexto para contar sobre a saga de um povo.

Em 1995, a obra foi parar no cinema. Houve o lançamento do filme homônimo, dirigido por  Fabio Barreto, que concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Pozenato disse aos estudantes que pôde acompanhar todo o processo de realização do filme, desde a adaptação até a indicação de fontes de pesquisa para a produção planejar as locações. Inclusive, chegou a dar um curso aos atores envolvidos e fez uma pequenina participação como ator, representando um fotógrafo na cena que encerra o filme. Conforme Pozenato, com algumas exceções, a maioria dos artistas coadjuvantes eram moradores aqui da região. Durante a palestra, o professor passou algumas imagens de O Quatrilho e orientou: "Quando vocês assistirem, não fiquem somente na história, observem o cenário, as roupas, o jeito dos personagens agirem. É um tipo de inventário dos costumes da região. Para poder fazer as cenas, antes, os atores principais vieram para cá e passaram um tempo observando o modo de agir dos moradores do Interior".

Diante de uma pergunta de um dos alunos sobre o jeito de falar dos protagonistas, Pozenato ressaltou que os atores passaram por treinamento. A propósito: o jeito de falar de muitos moradores caxienses (o Talian, que é um idioma praticado entre os descendentes de italianos na Serra e em outras parte do Brasil, influencia nesse sotaque) chamou a atenção de Pozenato assim que ele chegou a Caxias, vindo de São Francisco de Paula, quando tinha 12 anos. Esse jeito de falar, aliado ao comportamento dos moradores à mesa (comiam bastante) e ao trato áspero com as mulheres e as pessoas mais velhas, o estimulou a escrever o romance.

"Se vocês perceberem, no livro, dou destaque às mulheres e aos velhos. E isso não foi por acaso. A obra é também uma crítica aos usos e costumes da região", frisou.

Ao final do encontro, a professora Olga destacou a relevância de a Câmara abrir a possibilidade de os alunos se aproximarem dos autores. Elogiou a explanação de Pozenato e, como atua no ensino da literatura, considerou oportuno trabalhar com os alunos uma narrativa que aborda as vivências da comunidade local. Diante da turma, Pozenato repassou ao presidente Toigo livros de sua autoria. O escritor doou à Casa de Leitura sete obras. Entre elas, a trilogia que trata da imigração italiana no Rio Grande do Sul: O Quatrilho, A Cocagna e A Babilônia.

 

Sinopse do filme O Quatrilho:

Rio Grande do Sul, 1910. Em uma comunidade rural composta por imigrantes italianos, dois casais muito amigos se unem para poder sobreviver e decidem morar na mesma casa. Mas o tempo faz com que a esposa (Patricia Pillar) de um (Alexandre Paternost) se interesse pelo marido (Bruno Campos) da outra (Glória Pires), sendo correspondida. Após algum tempo, os dois amantes decidem fugir e recomeçar outra vida, deixando para trás seus parceiros, que viverão uma experiência dramática e constrangedora, mas nem por isto desprovida de romance.

28/11/2014 - 14:14
Assessoria de Imprensa
Câmara Municipal de Caxias do Sul

Editor(a) e Redator(a): Vania Espeiorin - MTE 9.861

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