O presidente da Organização Não Governamental  (Ong) Brasil Sem Grades, Luiz Fernando Oderich, ocupou a tribuna livre do Legislativo caxiense e defendeu a luta por um país mais seguro. Entre os temas abordados no espaço da sessão ordinária desta terça-feira (30/09), o dirigente também ressaltou a necessidade da paternidade responsável, com registro do nome do pai na certidão de nascimento das crianças, e de se prevenir a gravidez precoce.

Oderich se empenha na busca por mais segurança no país desde 2002, quando perdeu um filho assassinado. Da tribuna, nesta tarde, ele ressaltou que há o desejo de se tirar as grades da frente das casas e não das prisões. "Temos 514 anos de história. Na imensa maioria desses anos até 1980, o Brasil foi um país seguro. O que queremos é voltar a ser um país seguro. Quando éramos guris, podíamos sair de noite, ficar tocando violão na rua. Hoje, isso é perigoso", observa.

O dirigente comentou que é de costume atrelar a falta de segurança pública à desigualdade social e à educação. Entretanto, tem verificado que os índices de educação estão melhorando, mas as estatísticas de homicídio não. Diante disso, o dirigente trouxe algumas sugestões para o plenário, comentando que os vereadores e a comunidade podem colaborar. 

Antes, por meio de imagens, mostrou a tomografia de um adolescente que não recebeu carinho, pontuando a propensão desse jovem à criminalidade. Oderich divulgou, ainda, alguns levantamentos feitos no Brasil. Num deles, uma pesquisadora constatou que, em 30% das certidões de nascimento pesquisadas num dado universo, não aparece o nome do pai. "Se não há esse nome, significa que o pai não ajuda e não transmite valores. É uma criança que está sendo jogada no mundo sem qualquer apoio", analisa Oderich.

O dirigente mostrou outro material, informando que 71% dos adolescentes do Centro de Atendimento Socioeducativo de Caxias do Sul procuram respostas sobre sua paternidade.  Outra menção feita pelo dirigente foi sobre o pesquisador Jorge Trindade. Ele estudou sobre a ausência dos pais na grande Porto Alegre. Nesse levantamento, constatou que 68% dos alunos faltosos  na escola têm o pai ausente. "Não adiante termos só um professor dedicado, precisamos ter um pai presente. Um dos maiores fatores que levam a criança a abandonar a escola é a ausência dos pais. Com pai ausente, a criança sai da escola e acaba caindo na criminalidade", avalia Oderich.

Diante desse cenário, o dirigente defendeu algumas ações e campanhas no sentido de evitar a gestação precoce, mencionando positivamente o Programa "Te Liga, Gravidez Tem Hora". Também ressaltou que é preciso alertar as mulheres que fumam durante a gestação, pois, os filhos teriam grandes chances de serem consumidores de drogas na vida adulta. Sobre o estímulo da paternidade responsável com registro do nome do pai na certidão de nascimento, Oderich citou um trabalho realizado em São Sebastião do Caí, onde se fez uma mobilização nesse sentido dentro do Programa Saúde da Família.

Ao final da explanação durante a plenária do Legislativo caxiense, Oderich recebeu cumprimentos dos vereadores Flávio Cassina/PTB, Mauro Pereira/PMDB e Pedro Incerti/PDT.

Sobre a ONG Brasil Sem Grades

A ONG Brasil Sem Grades (BSG) foi fundada em agosto de 2002, pelo empresário Luiz Fernando Oderich, após ter seu único filho, Max Fernando de Paiva Oderich, assassinado durante um assalto na cidade de Porto Alegre.

A BSG é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que tem como missão despertar a consciência da população brasileira por meio do desenvolvimento social e de ações voltadas para o combate às causas da criminalidade.

A BSG entende que as grades representam a tentativa de conviver com a criminalidade. O que é proposto à sociedade é enfrentar as causas: a falta de planejamento familiar; a falta de paternidade responsável e a legislação penal muito liberal. (Fonte: http://migre.me/m1yJ4)