A decisão do governo do Estado de transferir ao município o Complexo da Metalúrgica Abramo Eberle S/A (Maesa) recebeu elogios do vereador Jaison Barbosa/PDT e de outros parlamentares, durante a sessão plenária desta terça-feira (1º/07). À frente da comissão temporária especial da Câmara Municipal que se dedica ao tombamento de toda a área da antiga Metalúrgica Abramo Eberle (Maesa/Fábrica 2), o pedetista destacou o empenho do grupo e do Legislativo em torno dessa conquista. "Esta Casa sempre foi ágil e parceira nessa caminhada", afirmou, lembrando também das audiências públicas realizadas.

Jaison mencionou o apoio de diversas entidades e a força do abaixo-assinado que percorreu o município nas últimas semanas. O documento foi lançado pela comissão e, além do tombamento, solicitava ao governador Tarso Genro a cedência da área completa, de 52.951,57 metros quadrados, ao município, para uso público. "Precisava dividir com os senhores o orgulho do trabalho construído com a comunidade. O município, certamente, tratará esse espaço da Maesa com carinho. Viva a unidade de Caxias por Caxias", festejou Jaison.

O pedetista também ressaltou o trabalho do grupo técnico envolvido na luta pela área e as propostas que a prefeitura apresentou ao Estado, com destaque à oferta de R$ 30 milhões pelo espaço.

A vereadora Denise Pessôa/PT fez uma retrospectiva da luta pela preservação do prédio da Maesa e, diante da decisão do Estado, cobrou da prefeitura o tombamento. "Não ouvi o prefeito dizer que vai tombar e isso me preocupa. A parte do governo do Estado foi feita. Se mudou algo, foi porque o governador Tarso Genro teve compromisso com nossa cidade e não quis vender o espaço", considerou a parlamentar. Na opinião da vereadora, a partir de agora, é necessário avançar em dois pontos: tombamento da Maesa e preservação integral do espaço, debatendo sua ocupação com os setores da sociedade. Assim como Denise, o vereador Rodrigo Beltrão/PT também enfatizou a atitude do governador em doar para Caxias a estrutura da Maesa, abrindo mão do valor da área. "Não estamos falando de qualquer área e sim de uma das mais nobres de Caxias", pontuou.

Mauro Pereira/PMDB recordou que havia feito uma cobrança ao governador Tarso Genro comparando a outros governadores que já tinham feito doações de terras para Caxias desenvolver empreendimentos voltados à comunidade. Já em relação ao tombamento, o peemedebista explanou sua preocupação, tendo em vista que o espaço abriga hoje uma fundição. "No momento do tombamento, não vai ser possível fazer obras, só restauro. Se quiser implantar um mercado (público), não vai poder. Tombamento é preservação do que tem ali, inclusive das máquinas. Algo tem de ser mudado, não vai dar para deixar assim", acredita Mauro.

Denise Pessôa/PT contrapôs o peemedebista, argumentando que, quando se tomba um patrimônio, é tombada a existência dele. Segundo a vereadora, não quer dizer que ele não pode ser mexido. Denise explica que isso é possível, desde que seja autorizado pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural.

Na opinião do líder do governo municipal na Casa, vereador Pedro Incerti/PDT, a transferência do Complexo da Maesa é a grande notícia do dia. De acordo com o pedetista, agora, o município poderá elaborar um estudo para uso da área. "Temos ali a possibilidade de construir um local amplo para abrigar boa parte das secretarias do município. Com esse gesto, o governador Tarso Genro passa a ter esse crédito e ser homenageado por esse ato", sublinhou Incerti.

Durante a sessão ordinária, vários vereadores também citaram o empenho dos deputados da região na luta pela preservação da Maesa.

O ato desta quinta-feira

De acordo com informações divulgadas pelo site da prefeitura caxiense, é nesta quinta-feira (03/07) que o prefeito Alceu Barbosa Velho e o governador do Estado, Tarso Genro, participam do ato de assinatura do Projeto de Lei Estadual que propõe a transferência do Complexo da Metalúrgica Abramo Eberle S/A (Maesa) ao município. A assinatura ocorre às 16h, no Complexo Maesa, com acesso pela Rua Plácido de Castro. O repasse não trará despesas para a prefeitura e o projeto de lei deverá ser aprovado pela Assembleia gaúcha.

Como a Maesa passou à propriedade do Estado

Em dezembro de 2010, a empresa Mundial, que anteriormente ocupava aquele prédio, o repassou ao Estado, a fim de quitar uma dívida. Hoje, a edificação está alugada para o Grupo Voges. Em duas oportunidades, já foi solicitado o tombamento da Maesa/Fábrica 2. Em 2011, a iniciativa coube à Mesa Diretora da Câmara Municipal de Caxias do Sul, que encaminhou o pedido à administração estadual. Em maio de 2012, a União das Associações de Bairros (UAB) fez o mesmo, mas, desta vez, junto à prefeitura.