A saúde pública caxiense necessita, com urgência, de mais atenção, disseram moradores que se manifestaram durante a 6ª edição do Câmara Vai aos Bairros, promovida pelo Legislativo na quinta-feira (25/08), no Salão Paroquial da Comunidade Santa Rita (bairro Santa Fé). O encontro reuniu cerca de 150 pessoas de diversos bairros e loteamentos da Zona Norte (ZN). Além de colher demandas, críticas e sugestões da população sobre os serviços e as obras públicas de responsabilidade dos poderes ou de concessionárias ou permissionárias, a iniciativa serviu para os vereadores esclarecerem as verdadeiras funções do Parlamento.

Os trabalhos foram conduzidos pela presidenta Denise Pessôa/PT, que chamou as lideranças comunitárias a acompanharem a entrega do relatório do Câmara Vai aos Bairros ao Executivo, para quem costuma ser dirigida a maioria das reivindicações apresentadas durante a iniciativa. “Não engavetamos nada. Inclusive, convidamos os presidentes de bairro a fazerem essa entrega junto, na prefeitura. A gente está aqui porque trabalhamos pela comunidade. Só lembramos que muitos dos problemas relatados dependem de execução por parte da prefeitura”, frisou a presidenta.

Saúde, educação e transportes estarão nesse relatório como áreas de maior necessidade, sinalizaram os participantes do encontro no Santa Fé. Pelo microfone, 26 moradores expressaram sua posição.

Na saúde, a carência de leitos em hospitais e de médicos especializados nas unidades básicas de saúde (UBS) ressoou. “Faltam médicos e exames, e há demora nas cirurgias. Para falar sobre saúde, eu teria de ficar uma hora aqui. A gente recomenda aos vereadores irem na tribuna e pedirem ao município que seja feito um Centro Clínico Hospitalar, onde os usuários possam fazer exames e não ficarem 18 dias em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e apenas duas horas no Hospital Pompéia”, criticou Alexandre Silva, presidente do Conselho Municipal de Saúde.  

“Não tem ginecologista, não tem pediatra e as mães acabam ficando seis horas na fila porque dizem que não tem como agendar as consultas por telefone”, complementou Antônio Rodrigues, que mora na Vila Ipê e ainda solicitou escola técnica para a região.

No campo da educação, também discorreu a professora Morgana Honorato, que é uma das vices diretoras da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dolaimes Stedile Angeli, mais conhecida por CAIC (Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente), e solicitou mais segurança no entorno da instituição. “Precisamos de rondas durante o funcionamento da escola e nos finais de semana, para coibir o vandalismo. Também pedimos reparo no telhado do ginásio, pois chove dentro”, relatou a docente, acrescentando ser necessária, ainda, presença do Conselho Tutelar no dia a dia escolar.

Cristiane Padilha, diretora da Escola Municipal Ilda Barazzetti, entende que a região precisa de estrutura para oferta de mais vagas na educação gerenciadas pelo município. Também pede que a Escola Estadual Clauri Flores tenha funcionamento pleno.  “Faltam vagas na região norte e a escola Clauri Flores se encontra fechada no turno da tarde. Precisamos que ela funcione nesse turno também”, sugeriu a professora, implorando mais cuidado e oferta no contraturno aos jovens, pois o crime tem se aproximado desse público, lamentou.

No comando do Colina do Sol, Valdecir da Silva pede ampliação de horários de ônibus para o loteamento. Novas linhas de ônibus também foram solicitadas pela comunidade para atender os alunos do Instituto Federal, no bairro Fátima. “Não queremos mais desculpas, queremos soluções a essas demandas”, cobrou o líder comunitário, agradecendo a presença dos vereadores na Zona Norte.

À frente da Associação de Moradores do Santa Fé, Joevil da Silva reivindicou respostas dos poderes públicos em relação a pedidos antigos dos moradores. Entre os quais, listou mais médicos nas UBSs, construção de capela mortuária e reativação do Corpo de Bombeiros da Zona Norte.

Ao final do encontro, a presidenta Denise esclareceu que a execução das reinvindicações feitas depende dos órgãos a quem elas se direcionam. Denise exemplificou citando que a nomeação de mais médicos, por exemplo, cabe ao poder Executivo e não ao Legislativo. Os vereadores têm cobrado e fiscalizado o serviço na área da saúde, porém, não é de competência parlamentar a nomeação ou contratação desses profissionais, pontuou a presidenta.

Ao longo do encontro, para atendimento do público, Denise contou com a companhia dos parlamentares Adriano Bressan/PTB, Estela Balardin/PT, Elizandro Fiuza/REPUBLICANOS, Lucas Caregnato/PT, Clóvis de Oliveira/PTB/Xuxa, Renato Oliveira/PCdoB, Olmir Cadore/PSDB, Sandro Fantinel/PATRIOTA, Zé Dambros/PSB e Wagner Petrini/PSB. Ao lado dos líderes comunitários da região, esteve o presidente da União das Associações de Bairros (UAB), Valdir Walter, e o ex-presidente da UAB Darci de Jesus.

O projeto Câmara Vai aos Bairros é realizado pelo Legislativo caxiense em conjunto com a UAB. Para 2022, a Mesa Diretora definiu nove edições, sempre às quintas-feiras, das 19h às 21h. A primeira delas ocorreu no dia 28 de abril, no bairro Esplanada. A segunda foi em 2 de junho, no bairro Serrano. O terceiro encontro envolveu os moradores do Desvio Rizzo e proximidades, em 30 de junho. Já o Cruzeiro foi palco da 4ª edição, em 28 de julho, e o Reolon da 5ª edição, em 11 de agosto. Depois desta atual 6ª edição que ocorreu no Santa Fé (25/08), as próximas acontecem em: 06/10, 17/11 e 1º/12. Ao todo, serão contempladas as regiões Norte, Leste, Sul, Oeste, Centro e Rural.

O projeto Câmara Vai aos Bairros existe desde 2010, por iniciativa do ex-vereador-presidente Harty Moisés Paese. Em 2017, na presidência do vereador Felipe Gremelmaier, a medida foi oficializada por meio da Resolução 253/A-2017. A proposta também ajuda a esclarecer à sociedade as funções de um parlamentar, além das diferenças e das responsabilidades de cada poder constituído.