O ciclo de painéis do Agosto Lilás, encontros virtuais promovidos pela Procuradoria Especial da Mulher (PEM) da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, encerrou nesta quinta-feira (27/08). O tema abordado no último encontro foi Histórias de Superação. O evento contou com a participação das painelistas Patrícia Carneiro, publicitária, criadora de conteúdo sobre protagonismo negro e inovação social, e Alexandra Zanela, jornalista, empresária e militante pela causa das mulheres. A live teve a mediação da presidente da PEM, vereadora Denise Pessôa/PT.

Após as considerações iniciais, a painelista Alexandra Zanela comentou sobre o documentário, ao qual foi protagonista, realizado pelo diretor de cinema Luiz Alberto Cassol. O filme, já premiado por festivais, narra a história de vida de Alexandra, desde suas origens na comunidade rural do município de Constantina, no norte do Estado. O documentário, chamado Alexandra, aborda o rompimento das regras de uma sociedade machista e patriarcal.

“Venho trabalhando e estudando sobre o feminismo. No filme, o meu olhar é para as mulheres do interior, de onde eu vim. As normas da sociedade foram feitas por homens, que pensaram por meio das experiências masculinas. Então, nós mulheres, estamos sempre colocadas em uma situação de servir. Nós estamos muito longe dos postos que possuem perfil de liderança nas grandes empresas”, acredita a jornalista.

Ao destacar a história dos ancestrais, Patricia Carneiro, contextualizou a violência simbólica e sexual que as mulheres negras sofreram no passado. Emocionada, ela também recordou as diferenças de acolhimento que as escolas públicas possuem com os negros.

“O corpo da mulher negra, no começo do século XX, era disponibilizado como um corpo a ser usado sexualmente, dentro de uma lógica racista da sociedade. Estudei em uma escola pública, que tinha alunos de classe média. Eu me sentia excluída. Na hora do recreio eu ficava na biblioteca. Isso fez com que eu tivesse vontade de construir um processo de superação. A minha ideia de falar sobre o protagonismo feminino, em especial das mulheres negras, surgiu quando os meus títulos e minhas virtudes esbarraram na condição de liderança. Não há espaços para mulheres em lideranças organizacionais, muito menos para mulheres negras. Elas ocupam apenas 0,04% dos cargos de chefia em instituições, afirma a publicitária.

Sobre o protagonismo feminino, Denise Pessôa, ressaltou que a Câmara possui apenas quatro mulheres no parlamento caxiense, entre os 23 vereadores, sendo a maior bancada feminina da história do legislativo. A vereadora também salientou que é preciso que as mulheres lutem por mais espaços representativos.

“Por mais que tenhamos quatro vereadoras, isso é muito longe do ideal da ocupação dos espaços de representação. Não basta ter cotas na concorrência eleitoral. A gente precisa concorrer entre nós e não com os homens, pois não partimos da mesma realidade”, destaca a vereadora.

A Lei Nº 8.488, de autoria da vereadora Tatiane Frizzo/PSDB, instituiu o mês de agosto para a promoção e conscientização pelo fim da violência contra a mulher. Além de Denise Pessôa e Tatiane Frizzo, integram a PEM, Gladis Frizzo/MDB e Paula Ioris/PSDB.

*Redator: Douglas Barreto