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Comissão de Direitos Humanos entregará carta ao Governo do Estado

Documento será formulado a partir de audiência sobre violência


A Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Segurança da Câmara Municipal entregará uma carta ao secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Cezar Schirmer. O documento apresentará uma série de relatos feitos pela comunidade na audiência pública O Retrato da Segurança Pública em Caxias do Sul e pedirá providências ao Governo do Estado.

Promovido pela Comissão de Direitos Humanos e sugerido pela União das Associações de Bairros (UAB), o encontro ocorreu no plenário do Legislativo na noite de quinta-feira (02/03). Em tom de desabafo e indignação, lideranças de bairros, profissionais liberais, outros representantes da sociedade e vítimas ocuparam a tribuna para expor histórias sobre criminalidade na cidade e o desaparelhamento das forças de segurança.

As reclamações foram ouvidas pelos componentes da mesa do plenário, integrada pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos, vereador Rodrigo Beltrão/PT; a presidente da Comissão Temporária Especial para o Enfrentamento da Violência, vereadora Paula Ioris/PSDB; o presidente da UAB, Flávio Fernandes; o secretário municipal de Segurança Pública e Proteção Social, José Francisco Mallmann; o representante da Polícia Civil, delegado Marcelo Grolli; o comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar, major Jorge Emerson Ribas; o subcomandante do 5º Batalhão de Bombeiros Militar, major Ederson de Albuquerque Cunha; e o presidente do Conselho da Comunidade de Caxias do Sul, Jean Carbonera.

Por quase três horas, catorze pessoas do público que se inscreveram para se pronunciar da tribuna e as autoridades da mesa falaram sobre a situação da segurança pública na cidade e o que deve ser feito para combater a criminalidade. Um dos relatos mais impactantes foi de Sérgio Adami, pai da estudante Ana Clara, assassinada por um assaltante quando voltava da catequese no  16 de julho de 2015, no bairro Pio X:

“O problema da insegurança está nas leis mal elaboradas. O assassino da minha filha deveria estar preso naquele dia, porque aguardava solto um julgamento desde 2011. Deveria ter sido submetido a exame de sanidade mental, mas não o fez”.

   O fechamento de módulos da Brigada Militar e de quartéis do Corpo de Bombeiros, os assaltos, os furtos, o tráfico de drogas e os homicídios ganharam destaque nas falas dos representantes da comunidade. Para atacar o problema, eles exigiram maior investimento no policiamento comunitário, integração das forças de segurança pública em ações e aumento de efetivo com maior presença de PMs nas ruas.

Proponente da audiência pública, o presidente da UAB disse que em 28 de dezembro do ano passado entregou ao governo estadual um documento pedindo mais efetivo policial. Segundo Flávio Fernandes, em fevereiro veio a resposta, informando que o pedido seria repassado aos comandos dos órgãos de segurança pública da Serra.

Os representantes da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros disseram que sofrem com falta de efetivo, defasado há décadas, enquanto a população caxiense dobrou.

O major Ribas explicou que o problema da violência não deve ser atribuído exclusivamente à polícia, argumentando que as corporações não têm responsabilidade sobre a educação, ao uso de drogas e ao individualismo da sociedade.

O comandante do 12º BPM fez a ressalva de que, apesar de perder policiais, a Brigada Militar agregou tecnologia e sempre está aberta a atuar com apoio da comunidade, aceitando sugestões, informações e críticas.

O major Cunha, do Corpo de Bombeiros, também fez referência ao pouco efetivo e que ele deverá ser melhorado em julho, quando Caxias deverá ter 27 novos bombeiros, além do reforço dos que estavam na Operação Golfinho. Isso deverá possibilitar a reabertura de quartéis.

O delegado Marcelo Grolli também citou a defasagem de policiais como uma das dificuldades de atuação. Informou que em fevereiro o Estado deverá ter mais 220 agentes, mas que apenas quatro ficarão em Caxias do Sul.

Grolli afirmou que a grande responsável pelo aumento de assassinatos na cidade é a presença de facção criminosa em presídios, de onde líderes ordenam execuções por meio de celulares para dominar territórios. Para Grolli, os homicídios seguirão em alta, enquanto celulares não forem retirados das celas.

O secretário municipal de Segurança explicou que o Executivo fez um planejamento estratégico para atuar na cidade, com prioridades de curto (30 dias), médio (90 dias) e longo (180 dias). Citou como exemplo a ação montada para coibir crimes nos finais de semana na Estação Férrea que, segundo ele, já está controlada pelas autoridades.

Mallmann também falou na operação Centro Legal, que tirou ambulantes de circulação do Centro; e a operação Cerca Viva, que duas vezes por semana, em dias e horários alternados, age contra o crime na cidade. O secretário acrescentou que a postura do prefeito Daniel Guerra/PRB é adotar “tolerância zero” contra a violência, garantiu a manutenção do policiamento comunitário e que estão agindo contra taxista que agridem motoristas de Uber.

Além de Rodrigo Beltrão e Paula Ioris, estiveram na reunião os parlamentares Adiló Didomenico/PTB, Gladis Frizzo/PMDB, Elisandro Fiuza/PRB, Chico Guerra/PRB, Edson da Rosa/PMDB, Renato Oliveira/PCdoB, Prof. Paulo Périco/PMDB, Denise Pessôa/PT, Alberto Meneguzzi/PSB, Velocino Uez/PDT, Kiko Girardi/PSD, Edi Carlos Pereira de Souza/PSB, Elói Frizzo/PSB e Neri O Carteiro/SD.

Renato Oliveira reclamou da falta de um representante do Governo do Estado na audiência, como ocorreu em debate anterior sobre criminalidade. Ao final, Rodrigo Beltrão informou que o resultado do encontro será entregue ao secretário estadual de Segurança, Cezar Schirmer, no dia 13 de março.

“A Comissão de Direitos Humanos também entregará aos comandos da Polícia Civil e da Brigada Militar relatos feitos ao Legislativo de motoristas de Uber agredidos e ameaçados por taxistas”, concluiu.

03/03/2017 - 13:44
Assessoria de Imprensa
Câmara Municipal de Caxias do Sul

Editor(a) e Redator(a): Clever Moreira - 8697

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