Autoridades da área do trânsito na cidade apontaram avanços no primeiro mês de funcionamento do SIM Caxias, durante audiência pública promovida no Legislativo municipal nesta segunda-feira (13/06). Coordenado pelo presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano, Transporte e Habitação, vereador Edson da Rosa/PMDB, o encontro debateu sobre os primeiros passos do Sistema Integrado de Mobilidade do transporte coletivo (SIM Caxias), cuja etapa inicial entrou em operação em 16 de abril.

Diretor administrativo da Viação Santa Tereza (Visate), concessionária responsável pelo transporte coletivo urbano na cidade, Gustavo Marques dos Santos, explicou que o propósito do SIM Caxias é a modernização do sistema (mudando do modelo radial para o troncalizado). Diante disso, ele informou que as primeiras quatro semanas de funcionamento já apresentaram dados satisfatórios. Entre eles, a redução do tempo de espera do ônibus por parte do usuário em razão da maior frequência. Segundo Gustavo, a primeira etapa do projeto envolve duas estações de transbordo (EPI Floresta e Imigrante), 22 linhas e um universo de aproximadamente 60 mil usuários – esse total corresponde a 42% do sistema. “Nas linhas alimentadoras (que circulam nos bairros), a média de frequência que era de 25 minutos está, agora, em 16 minutos. Registramos uma melhoria de frequência de 37%”, informou.

Gustavo também destaca a diminuição de 27% no número de acidentes na área central nos trechos em que foi proibida a conversão à direita. O diretor observa que os cidadãos ganharam agilidade no serviço e tarifa mais barata. No primeiro mês do Sim Caxias, pontua, aumentou o número de pessoas que utiliza apenas uma passagem para fazer trajetos em que, anteriormente, usava mais de uma tarifa.

Nesse aspecto, o secretário municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade, Manoel Marrachinho, informou que o número de integrações saltou de 92 mil para 180 mil, apenas no primeiro mês do SIM Caxias. “Isso significa que 88 mil pessoas pagaram, pelo menos, uma passagem a menos, nesse período”. 

O secretário disse que o sistema veio para ficar, principalmente diante dos resultados iniciais satisfatórios. Conforme ele, alguns ajustes foram feitos e a secretaria ainda está analisando o andamento do novo sistema. Diante dos ganhos da integração, uma novidade para o futuro, acrescentou, será a instalação de três estações de transbordo abertas na região do bairro Serrano, em vez de uma apenas, então prevista para o trecho da Rota do Sol com BR-116.

O presidente da União das Associações de Bairros (UAB), Flávio Fernandes, explicou que a comunidade tem acompanhado as ações do SIM Caxias pelo Fórum dos Usuários. O dirigente disse que as expectativas e os primeiros sinais são positivos. Uma das reclamações apresentadas, entretanto, é em relação à retirada de algumas paradas. Nesse sentido, o assunto foi levado para o Fórum.

O presidente do Sindicato dos Taxistas de Caxias do Sul, Adail dos Santos, enfatizou o apoio da classe ao novo sistema. A reivindicação é que, futuramente, o corredor principal de ônibus também seja compartilhado com os táxis.

Integrante da comissão, o vereador Adiló Didomenico/PTB destacou que há desconhecimento da maioria dos críticos em relação ao uso de concreto no corredor principal. Explicou que o uso deste insumo se torna necessário pelo fato de o asfalto se movimentar em função de frio ou calor. Acrescentou que como o traçado do ônibus é sempre o mesmo no corredor, o asfalto perde resistência. “A manutenção deste tipo de material é cara e dispende muito tempo”, argumentou.

O usuário Claudemir Biglia cobrou que está faltando maior divulgação à comunidade sobre as proibições de conversão à direita, o que tem gerado muitas multas. Entende que a maioria se dá por desconhecimento. O secretário Manoel Marrachinho expôs que as proibições começaram 90 dias antes do início das obras. Durante a realização, houve liberação das conversões, que foram proibidas, em definitivo, 15 dias após a conclusão das obras. “Nestas duas semanas fizemos um amplo trabalho de conscientização e informação. Só depois deste prazo é que iniciamos com as autuações”, ponderou.

Sônia Webber pediu providências em relação à insegurança no trânsito, inclusive nos corredores de ônibus, trazendo exemplos de situações de risco. Marrachinho concordou com a cobrança, mas ponderou que a realidade é complexa. Citou a judicialização de um concurso público que previa a contratação de 30 novos fiscais, que se somariam aos 67 lá lotados. Também mencionou que, até pouco tempo, havia lei municipal que proibia a fiscalização eletrônica. Com sua revogação, é intenção da administração investir em equipamentos que funcionam como radar e que também captam outros movimentos irregulares. “A instalação se dará de forma progressiva. A multa é o processo educativo que mais funciona”, justificou.

O secretário também esclareceu sobre valores investidos na implantação do SIM Caxias. Segundo ele, o valor inicialmente estimado de R$ 37 milhões deverá chegar a R$ 43 milhões. Dentre as razões para o incremento citou a realização de obras de infraestrutura de micro e macrodrenagens; a elevação de até 60% nos últimos dois anos no preço do cimento fornecido pela Petrobrás; e o prazo de execução das obras. “Mas desafio a me apontarem alguma obra com as características do SIM em qualquer município, parecido com Caxias do Sul, que tenha tido elevação inferior a 20%”, assinalou.

Ao final da audiência, o representante da Visate anunciou, para o início do segundo semestre, novas medidas para qualificação do SIM. Uma delas é a adoção do Cartão Caxias Urbano, que substituirá os demais existentes. “Isto facilitará a integração e a compra poderá ser feita em caixas eletrônicos, além dos 19 pontos já existentes”, adiantou Gustavo Marques dos Santos. Outra novidade, já funcionando em caráter experimental, é o aplicativo que informará as linhas e os horários.

Marrachinho também anunciou negociações para que o telefone 0800 da Visate seja transferido para a secretária de Transportes. Ainda é analisada a possibilidade de a secretaria ser responsável pela emissão de todos os cartões de gratuidade. O secretário concluiu conclamando para que o SIM Caxias tenha continuidade como um programa de administração, independente de quem estiver no governo. “É o melhor mecanismo para a evolução da mobilidade”, finalizou.

Além de Edson da Rosa, integram a CDUTH do Parlamento caxiense os vereadores Arlindo Bandeira/PP, Gustavo Toigo/PDT, Neri, O Carteiro/SD e Adiló Didomenico/PTB.