Em bate-papo com estudantes do Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza, nesta quarta-feira (02/12), em Caxias do Sul, vereadores e convidados reafirmaram a necessidade de, cada vez mais, trabalhar a prevenção e o combate a situações de agressão ao público feminino. Organizada pela Frente Parlamentar Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres (FPPFVCM) do Legislativo caxiense, a conversa com os alunos ocorreu pela manhã e à tarde.

A presidente da FPPFVCM, vereadora Denise Pessôa/PT, coordenou a atividade, que contou com a participação dos parlamentares Daiane Mello/PMDB e Washington Cerqueira/PDT, ambos integrantes da Frente. Como palestrantes convidados, marcaram presença a integrante da Marcha Mundial das Mulheres Suelen Cecilia dos Santos; e a coordenadora do Projeto Hora do Juizado da Violência Doméstica de Caxias, psicóloga Maria Elaene Tubino, juntamente com o assessor de juiz de Direito Elias Comin e a estagiária de Direito Andressa Riconi.

O evento de hoje é alusivo aos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, cujo mutirão abrange diversos países, começando em 25 de novembro, Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, e com término previsto para 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Suelen explicou aos alunos que as diferenças entre as pessoas são saudáveis, mas as desigualdades, não, pois elas podem gerar opressão. A militante detalhou o propósito da Marcha Mundial das Mulheres e do movimento feminista, com destaque à luta por igualdade de direitos. Ela alertou para os perigos de certas propagandas que a mídia adota para seduzir ao consumo e da reprodução de padrões que a sociedade foi convencionando em relação a meninos e meninas (Exemplo: garotos devem vestir azul e garotas, rosa) ou a homens e mulheres (Exemplo: eles não podem chorar porque é feio, já elas podem).  Romper com esses discursos por meio de uma educação mais democrática é o que sugere Suelen.

Do Juizado da Violência Doméstica, o assessor Elias Comin detalhou como se procede o registro das ocorrências de agressão à mulher na polícia e como o processo se desenrola no judiciário. A psicóloga Maria Elaene Tubino acrescentou informações relacionadas ao Projeto Hora (Homens: Orientação, Reflexão e Atendimento) desenvolvido pelo juizado. Voltada a homens que agrediram mulheres, a iniciativa procura conscientizá-los para que nunca mais voltem a cometer esse tipo de violência. “O Hora não é uma prova do processo, mas uma oportunidade para os homens externarem seus sentimentos, refletirem e fazerem diferente em suas escolhas. Quando um homem bate (na mulher), tem de ser responsabilizado”, ensina Maria Elaene. Segundo a psicóloga, nos últimos 12 meses, 589 homens foram acusados de violência doméstica em Caxias do Sul.

Professor de Filosofia e Sociologia, Diego Nunes, 31 anos, comentou sobre o espírito de competição que, muitas vezes, interfere nas relações entre homens e mulheres e acaba resultando em conflitos. O docente acredita que o Projeto Hora pode colaborar para evitar novos embates. Aluno do 1º ano do Ensino Médio, Victor Francisco Fraga Scolari, 18 anos, questionou a equipe do Hora se a crença religiosa influencia, de algum modo, nos registros de violência à mulher. Maria Elaene informou que não.

Os vereadores Daiane, Denise e Washington acolheram os alunos, convidando-os a refletirem sobre a igualdade de direitos, denunciarem casos de violência (pelo fone 180) e a se engajarem no trabalho da FPPFVCM.  “Não podemos cair na armadilha de tratar de forma desigual os homens e as mulheres, naturalizando a violência. O respeito ao ser humano precisa ser um exercício cotidiano”, defendeu Denise.

Além da vereadora-presidente Denise, de Daiane e de Washington, integram a FPPFVCM no Legislativo caxiense Daniel Guerra/PRB e Rafael Bueno/PCdoB.