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Cerca de 400 pessoas acompanham o depoimento de Nanette Konig, em encontro no Legislativo

Sobrevivente do holocausto nazista, ela participou de atividade da Frente Parlamentar da Juventude e do Colégio Henrique Emílio Meyer


Um plenário repleto de jovens parou atentamente para ouvir o testemunho de uma sobrevivente do holocausto nazista, na noite desta sexta-feira (19/06), em Caxias do Sul.  Aos 86 anos, a holandesa Nanette Konig participou de uma reunião promovida pela Frente Parlamentar em Defesa das Políticas Públicas de Juventude (FPDPPJ) do Legislativo caxiense em parceria com o Colégio Estadual Henrique Emílio Meyer.

Cerca de 400 pessoas compareceram à sede da Câmara de Vereadores para participar da atividade, que foi coordenada pelo presidente da FPDPPJ, vereador Rafael Bueno/PCdoB, e integra o Projeto de Leitura Sobreviventes do Holocausto - o holocausto nazista foi uma  prática de perseguição política, étnica, religiosa e sexual estabelecida durante os anos do governo alemão de Adolf Hitler, no século passado.

Em 1943, Nanette foi levada por alemães nazistas, juntamente com familiares, para o campo de concentração de Bergen-Belsen. Saiu de lá após dois anos, muito debilitada e sem a família, que foi morta pelos nazistas. Ela foi amiga e conviveu com a jovem Anne Frank, autora do conhecido "O Diário de Anne Frank". Desde 1953, Nanette mora no Brasil, em São Paulo. Mudou-se da Inglaterra, com o marido, John Konig, 88 anos, que também teve os pais assassinados pelo regime nazista. "Superar os traumas dos campos de concentração é difícil, mas quem sobrevive tem uma missão a cumprir: dizer que o holocausto existiu e foi muito pior, pois deixou sequelas que o resto do mundo jamais pode imaginar", declarou Nanette à comunidade caxiense, nesta sexta-feira.

Ela contou que decidiu começar a falar sobre o holocausto após perceber que havia um desconhecimento por parte da população. "Não basta dizer 'Nunca Mais, Auschwitz' (que foi um dos campos de concentração). Tem de saber por que dizer nunca mais e lembrar que o preço da liberdade é a constante vigilância", frisou. Segundo Nanette, a estimativa é de que o holocausto fez 17.848.000 de vítimas, entre as quais, cerca de 6 milhões de judeus. Na Europa, relata a palestrante, existiram 20 mil campos de concentração.

Na opinião de Nanette, Hitler conseguiu manipular a população a fazer o que ele queria. Ela conta que, à época, antes de ser levada ao campo de concentração, era difícil de saber quem estava a favor ou contra o governo alemão. "Dava uma ansiedade muito grande não saber com quem se estava falando. Nós não podíamos brincar nas ruas, nem nos parques. Em março de 1941, fomos obrigados a nos registrar. Não sabíamos que era nossa condenação à morte", recorda.

Nanette acrescenta que, em 1943, sua família foi tirada de casa e a Holanda foi declarada livre de judeus. Nos campos de concentração, por mais de uma vez achou que seria morta. Nesses espaços, não existiam direitos, nem banheiro, nem café da manhã, apenas a possibilidade de morrer a qualquer dia, lembra ela. "Numa fila para pegar água, um guarda apontou a arma para mim. Neste momento, eu já estava indiferente a tudo. Talvez, o que me salvou foi essa indiferença de tirar dele o prazer de me matar", acredita.

A palestrante detalhou, ainda, algumas das conversas que teve com Anne Frank e com o pai da jovem. Bem disposta, Nanette também respondeu a perguntas da plateia e das autoridades presentes. Ao ser indagada de onde tirou forças para superar o que passou e manter a esperança, resumiu: "A vida é uma coisa muito querida. Desistir da vida é uma covardice".

Ao final do encontro, ela concordou com o presidente da  FPDPPJ, vereador Rafael Bueno, sobre a existência, hoje, de um holocausto pós-moderno, relacionado à violência e ao preconceito, por exemplo, em relação a certos segmentos sociais e etnias. "Holocaustos, nunca mais! É o que temos de dizer. Ao ouvirmos histórias como a da senhora, temos convicção de que vamos vencer, com força e persistência", enfatizou Rafael.

Também se manifestaram o chefe do Centro de Memória da Câmara Municipal de Caxias do Sul, Eduardo Reis; o responsável pela 4ª Coordenadoria de Educação, Paulo Périco; a diretora do Colégio Henrique Emílio Meyer, Cristiane Xavier Paim Silva; e a professora idealizadora do Projeto de Leitura Sobreviventes do Holocausto, Jocelane Vieira Nery.

No encontro de hoje da FPDPPJ, compareceram estudantes e professores de outras instituições de ensino, além do público em geral.  Juntamente com o vereador-presidente Rafael Bueno/PCdoB, integram a Frente Parlamentar em Defesa das Políticas Públicas de Juventude, os vereadores Daniel Guerra/PRB, Guila Sebben/PP e Neri, O Carteiro/SD.

 

20/06/2015 - 01:17
Assessoria de Imprensa
Câmara Municipal de Caxias do Sul

Editor(a) e Redator(a): Vania Espeiorin - MTE 9.861

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