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Comunicadores defendem a permanência do protagonismo da credibilidade jornalística

Profissionais do campo refletiram à luz do Dia Municipal da Comunicação, comemorado nesta terça-feira


A defesa pela permanência do protagonismo da credibilidade jornalística foi a tônica do debate da manhã desta segunda-feira (04/05), realizado na sala das comissões da Câmara Municipal de Caxias do Sul. Na véspera do Dia Municipal da Comunicação, pela primeira vez, comemorado no 5 de maio de 2015, a Comissão de Desenvolvimento Urbano, presidida pelo vereador Jaison Barbosa/PDT, trouxe profissionais da área. Os convidados discutiram problemáticas da profissão e rumos a serem perseguidos, diante do constante processo de desenvolvimento tecnológico. A data consta da lei municipal 7.891/2014, a partir da iniciativa de Jaison.

As mudanças nos hábitos de consumo e a convivência da chamada mídia tradicional (jornal e revista, rádio e TV) com as redes sociais (Facebook, Twitter, etc.) vêm impactando o setor, na ótica do editor-chefe do jornal Pioneiro, Márcio Serafini. "Em meio à excessiva oferta de informações, é difícil separar dados verdadeiros e relevantes. Nesse cenário, velhos valores jornalísticos ficam ainda mais atuais: competência, contextualização, credibilidade, interpretação. Portanto, o jornalista continua sendo a referência para fazer esse discernimento, em diversas áreas, como economia, esporte e política", observou.

A valorização do noticiário local, dentro do que chamaram de hiperlocalismo, também recebeu a atenção dos debatedores. Coordenador de Jornalismo da RedeSul, da qual faz parte a Rádio São Francisco, Jose Theodoro destacou que cabe ao jornalista estar nos bairros e se envolver com a rotina dos setores da sociedade.

Radialista por 25 anos, o vereador Zoraido Silva/PTB lembrou que, hoje, não têm sido tão frequentes as notícias baseadas nos personagens e no dia a dia das regiões mais remotas da cidade. "Não basta percorrer o Centro com unidades móveis. O repórter deveria dar voz à comunidade, falando com a catequista, a professora, o morador mais antigo. Essas matérias fazem com que o cidadão se identifique com o seu meio", comentou o parlamentar. Na mesma linha, a coordenadora de Jornalismo da TV Caxias, Luiza La-Rocca, enfatizou que, nos últimos cinco anos, o canal 14 da NET produz telejornal diário, com notícias exclusivas do município.

O diretor de Programação da Rádio Caxias, Alessandro Valim, ressaltou que, em abril passado, a emissora completou 69 anos de história. Para ele, a informação é um insumo na vida das pessoas. Explicou que, pela mediação jornalística, a comunidade recebe subsídios para poder elaborar o próprio julgamento, em relação aos fatos. Ele acrescentou que a plataforma digital, via internet, possibilitou às rádios ampliarem a sua abrangência, em escala global.

Os desafios de valorização da carreira jornalística permearam as manifestações de Márcia Carvalho, dirigente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors), e de Paulo Cancian, presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI) Serra Gaúcha. Cancian recordou que, no início do regime militar (1964-1985), quando foi estabelecida a jornada de cinco horas diárias ao jornalista, o objetivo era permitir ao profissional conciliar mais de uma atividade. "Em média, a remuneração sempre foi baixa. Agora, embora sejam multimídias, os profissionais não são pagos por cada tipo de função exercida", lamentou o representante da ARI.

A dirigente do Sindjors contou que, nos últimos seis anos, em cada negociação, o aumento real do salário-mínimo dos jornalistas não passou de 1%. Dados do sindicato indicam que os pisos da categoria (salário normativo 2014/2015) são: R$ 1.955,90 (Capital) e R$ 1.665,50 (Interior). Márcia Carvalho defendeu que a comunicação fosse encarada como política de gestão pública, a partir de concursos públicos, voltados a áreas do setor, como Jornalismo, Publicidade e Relações Públicas. Na avaliação dela, o profissional concursado está mais apto a exercer uma função institucional, com um olhar de Estado.

Enquanto isso, a jornalista da Prefeitura Municipal de Caxias do Sul, Fabiana de Lucena, considerou ser difícil encontrar estudantes de Jornalismo interessados em estágios de Assessoria de Imprensa. Pediu que o ensino da prática fosse mais estimulado, nas universidades. Márcia Carvalho emendou que as assessorias respondem por 70% da absorção de mão de obra, no mercado de trabalho gaúcho para jornalistas.

O coordenador do curso de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Alvaro Benevenuto Júnior, salientou que, se o atual momento é de crise, então, deve servir para provocar reflexões e mudanças. Apoiou a comunicação comunitária. Atentou que, em 2017, não deverá ser mais possível fazer transmissões analógicas, em Caxias do Sul. O professor entende que a TV digital interativa ainda não foi bem compreendida pela população.

Em seguida, o editor do jornal Ponto Inicial, Laudir Dutra, alertou para o cuidado, na emissão de opinião, a fim de não agredir o público espectador. Rossane Rosanelli, relações públicas da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul, ponderou que, diante da diversidade de conteúdo, compete ao profissional da área refletir sobre o impacto do que é levado ao público-alvo.

Além do vereador-presidente Jaison Barbosa/PDT, integram a Comissão de Desenvolvimento Urbano, Transporte e Habitação do Legislativo caxiense os vereadores Adelino Teles/PMDB, Arlindo Bandeira/PP, Neri, O Carteiro/SD e Zoraido Silva/PTB. Os vereadores Pedro Incerti/PDT e Rafael Bueno/PCdoB prestigiaram a reunião de hoje.

04/05/2015 - 15:39
Assessoria de Imprensa
Câmara Municipal de Caxias do Sul

Editor(a) e Redator(a): Fábio Rausch - MTE 13.707

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