A reunião com diretores e docentes das escolas municipais realizadas na tarde de quarta-feira (31/05), decorrente dos alertas trazidos a plenário pelo vereador Alberto Meneguzzi/PSB, dominou o espaço das declarações de líder nesta quinta-feira (01) na Câmara de Vereadores. O encontro abordou as condições enfrentadas pelos servidores da rede municipal de ensino em relação à infraestrutura, insegurança, aspectos administrativos e pedagógicos.

O vereador Adiló Didomênico/PTB voltou a defender a necessidade imediata de abertura do diálogo entre os agentes públicos e da sociedade na busca de um novo pacto em relação ao transporte coletivo. E referiu a oportunidade que teve de entregar em mãos para o Ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, na reunião almoço da CIC de segunda-feira (29), projeto de sua autoria que visa desonerar folha de pagamento para empresas que contratarem jovens em primeiro emprego.

Foi concedido aparte ao vereador Alceu Thomé/PTB, que apoiou análise feita pelo vereador Rodrigo Beltrão/PT sobre responsabilidade da gestão no processo de “judicialização” do reajuste das passagens de ônibus.

O vereador Velocino Uez/PDT manifestou sua preocupação com decisão da prefeitura de tomar para si a gestão dos espaços públicos que eram tocados pelas estruturas comunitárias. A fala se deu após visita que fez ao campo do bairro De Lazzer e ao Complexo Esportivo da Zona Norte que aumentaram sua preocupação com o assunto. Entende que a atitude de tomar as chaves de espaços cuidados por voluntários da comunidade, além de romper com uma trajetória de participação social, vai onerar o município que terá de pagar horas extras à Guarda Municipal para manter seguros o patrimônio até então cuidado pelas pessoas.

Apreensivo com o controle público que isola o comunitário, que deveria ser ouvido previamente sobre o assunto, o parlamentar confessou que teme pelo futuro do trabalho comunitário na administração do campo de futebol de Galópolis dentro dessa política do governo municipal. E agregou a preocupação com a possibilidade de cancelamento da Copa União de Futebol amador, competição que tem 19 anos e, há 10 anos com apoio do município, e que em 2016 reuniu mais de 1.200 atletas e suas famílias.

Os apartes dos vereadores Alceu Thomé/PTB e Ricardo Daneluz/PDT foram solidários à manifestação de Uez, destacando que as comunidades estão se sentindo traídas com a decisão e temendo pela integridade das estruturas, que já sofrem com depredação e roubos.

O vereador Renato Oliveira/PCdoB colocou em dúvida os critérios de mobilidade que vem sendo adotados pela Secretaria Municipal de Transito no entorno da Prefeitura. Elencou cinco mudanças tomadas em sequência, mas que, no seu entender, não tem lógica, alterando fluxos e principalmente o estacionamento nas vias públicas. Para o parlamentar, as mudanças não obedecem planejamento, o que permite supor a existência de algum benefício para terceiros.

O aparte do vereador Rafael Bueno/PDT foi para relatar novo caso de falta de atendimento à legislação sobre auxílio funeral para pessoas carentes, enfatizando que, embora desconhecida para alguns servidores públicos da área social, este tipo de apoio é previsto em Lei Federal.

O vereador Alberto Meneguzzi/PSB repercutiu em sua declaração a reunião sobre as condições da rede municipal de ensino, provocada pela CECTICDLT- Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo – a qual integra. Registrou a presença da Secretária de Educação, Marina Mattielo, e realçou a coragem da participação de diretores, professores e pessoas da comunidade escolar ao evento.

Meneguzzi relacionou os assuntos trazidos à baila e que não se cingiram à inviabilidade de promover as festas juninas nas escolas por problemas de infraestrutura, PPCIs, e exigências sobre segurança alimentar. Foram trazidos episódios de conflitos entre alunos, insegurança coletiva dentro e fora dos estabelecimentos, pressões, cerceamento de manifestação.

O parlamentar desmentiu a Secretária que, na sua avaliação, se incomodou com a exposição a que sua pasta foi submetida, acabando por acusá-lo de constranger diretora de escola, na tentativa de obter informações sobre a realidade do est6abelecimento. Relacionou todas as escolas que visitou nos últimos dias e que serviram de base para sua fala de alerta no Legislativo, dando ciência da correção como tem se conduzido.

Na sequencia do espaço de declarações de líder, o vereador Paulo Périco/PMDB diz que viu consolidar-se na reunião da Comissão de Educação realizada na quarta-feira, a insegurança que domina a comunidade escolar. Expressou a percepção de que os diretores de escola, que são preparados para gestão pedagógica, vem sendo demandados por rotinas em áreas que não detém nem formação nem conhecimento, como administração e contabilidade, por exemplo.

Sua sugestão é que o município providencia contratação de profissionais da área de administração que lidariam com a gestão contábil de várias escolas de acordo com sua localização geográfica, dedicando um tuno por semana a cada uma. Seria a forma de permitir que a diretora mantivesse seu foco na parte pedagógica da instituição. Também sugere a contratação de seguranças. Ficariam alocados permanentemente em cada uma das 48 escolas municipais. Finalizou afirmando sua convicção de que, já tendo trabalhado com a atual Secretária de Educação, Marina Mattielo, a orientação de cercear a liberdade de manifestação dos diretores, não corresponde a seu perfil profissional. Essa orientação vem de cima, concluiu.

Em aparte, o vereador Edson da Rosa/PMDB, que é presidente da CECTICDLT, sintetizou a percepção que teve da reunião com os diretores de escola: falta de diálogo e aumento da insegurança na comunidade escolar. Entende que este item é consequência da degradação da estrutura familiar na sociedade, especialmente nas periferias. Por conta dos assuntos levantados pelas diretoras e professores, anunciou a realização de audiência pública promovida pela Comissão de Educação e pela Frente de Combate à Violência, presidida pela vereadora Paula Ióris.

Em outro aparte, o vereador Gustavo Toigo/PDT aplaudiu a iniciativa da Casa de promover a interlocução entre o Executivo e a comunidade escolar. Vê os diretores acuados diante de tantas responsabilidades extra pedagógicas. E defendeu a liberdade que elas têm de atender à imprensa para falar da realidade que cerca sua atividade.

A última vereadora a falar no espaço dos líderes foi Paula Ioris/PSDB, que também repercutiu a reunião com diretores de escolas. Diante da evolução da evasão escolar, decorrente, entre outas coisa, da violência no ambiente escolar, solidarizou-se com os dirigentes de escolas pela realidade que enfrentam. Reconhece a angústia que é ter que abrir mão do foco pedagógico para mediar conflitos.

Chamaram a atenção da parlamentar, os depoimentos sobre crianças que sofrem surtos psicóticos diários e que precisam ser atendidos pelas diretoras, que ainda precisam cobrir a ausência de monitores para alunos portadores de deficiências. Para ela, não a escola não é local para atender crianças com tal perfil. E pregou a necessidade urgente de alinhar todos os vários programas interdisciplinares que tratam do combate a violência em Caxias do Sul para viabilizar uma alternativa para a realidade hoje enfrentada.

Paula Ioris também mencionou o episódio do secretário da Saúde, que é ginecologista e estava atendendo casos de pediatria no Postão. Para ela foi um gesto de boa vontade do profissional, mas sua função é de gestor, cuja prioridade absoluta é negociar uma solução para o impasse gerado pela greve dos médicos que assola a saúde pública de Caxias. Esta é sua responsabilidade, enfatizou a vereadora.

Em aparte, o vereador Edson da Rosa/PMDB destacou a importância da escola como referência para as comunidades. E o significado das festas juninas, hoje ameaçadas de cancelamento, constitui em palco para a integração da comunidade escolar, que é fundamental para fortalecer os vínculos coletivos.