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O bloqueio de R$ 69 milhões de Caxias do Sul pela Justiça e a denúncia de envolvimento do presidente da República em delação dominaram as declarações de líderes de bancada nesta quinta-feira (18/05) na Câmara Municipal.
O primeiro a se manifestar, pelo PSB, foi o vereador Elói Frizzo. Na avaliação do socialista, o prefeito Daniel Guerra/PRB e a Procuradoria-Geral do Munícipio não dão devida atenção ao processo sobre a dívida com a Família Magnabosco, credora de dívida municipal de área ocupada no bairro 1º de Maio.
O parlamentar destacou que o valor bloqueado impacta muito na cidade, porque retira recursos fundamentais para a máquina administrativa. Frizzo contou que durante os quatro anos da gestão passada, testemunhou o empenho do prefeito Alceu Barbosa/PDT indo a Brasília para tentar reverter o pagamento.
Com o embargo, na opinião do vereador Daniel Guerra deveria ir urgente à Capital Federal pedir o julgamento da causa. Para isso, Frizzo entende que o prefeito deveria unir forças com os deputados caxienses Pepe Vargas/PT e Mauro Pereira/PMDB e com o governador José Ivo Sartori/PMDB.
A mobilização proposta pelo socialista teve apoio em plenário do vereador Gustavo Toigo/PDT, que ressaltou o trabalho de Alceu e de Sartori, quando era prefeito, em busca de solução para o caso.
Na declaração de líder do PT, Rodrigo Beltrão afirmou que Daniel Guerra tem dificuldade em tratar da questão em Brasília por sua dificuldade em relações políticas, por medo e desconfiança nas pessoas. O petista lembrou que no início dessa administração ficou para o vice-prefeito Ricardo Fabris/PRB analisar o processo da Família Magnabosco. Mas isso não foi adiante pela dificuldade de relação entre o prefeito e o vice.
Para o parlamentar, é hora de Daniel Guerra mostrar liderança e reverter a situação, unido com forças da cidade. Segundo Beltrão, o prefeito deveria pelo menos telefonar ao Supremo Tribunal de Justiça para tratar do tema e publicar vídeo de seu ato.
Em aparte, Flávio Cassina/PTB alertou para a gravidade para os cofres da prefeitura, ressaltando que o município teve de negociar pagamento do Sistema Marrecas em 30 anos. Conforme Cassina, devido ao trâmite judicial, o município não tem como negociar essa dívida tão alta com a família.
O líder do governo, Chico Guerra/PRB, pediu declaração para apontar que desde 1996 a prefeitura tenta resolver a dívida com os Magnabosco. Destacou que passaram governos de diferentes partidos e nenhuma obteve sucesso, agravando a situação.
Na sequência, os líderes falaram sobre o escândalo nacional envolvendo Michel Temer. Em declaração de líder do PCdoB, Renato Oliveira citou a postura da Rede Globo ao noticiar o caso. Mostrou vídeo do Plantão da Globo da noite de quarta-feira, observando que a repórter gaguejava ao dar a notícia. Acrescentou que o mesmo ocorreu mais tarde no Jornal Nacional e Jornal da Globo.
O comunista afirmou que o Jornal Nacional, por outro lado, não mostrou as manifestações do povo nas ruas das capitais. Prosseguiu dizendo que o partido defende eleições Diretas, Já!, afirmando que esse “governo golpista” nem deveria ter assumido o poder. Para Renato, a denúncia comprova que Eduardo Cunha, ex-presidente do Congresso, ainda governava a instituição de dentro da prisão.
Do PDT, Rafael Bueno também criticou o tratamento da Globo ao caso. Lembrou que quem pediu impeachment de Dilma Rousseff está na cadeia, enquanto ela passeia livre.
Para Rodrigo Beltrão, o Governo Temer é insustentável, mas deve existir cautela para nova eleição. Para ele, primeiro é necessário haver reformas.
Pelo PSDB, Paula Ioris leu texto sobre corrupção redigido em 1920 por uma filósofa e escritora russa . A matéria se enquadra à realidade brasileira deste momento. A tucana discursou que muitos políticos usam o poder em benefício próprio, e que essa situação só mudará com evolução moral das pessoas. A parlamentar declarou que disse a seu filho que Aécio Neves, seu colega tucano, tem de pagar pelos erros. Ela informou que o PSDB municipal se reunirá com o estadual para ter uma posição sobre o escândalo nacional.
Em aparte, Gladis Frizzo/PMDB também opinou que quem erra na política tem de pagar. Para a peemedebista, os políticos corruptos de Brasília traíram o povo duas vezes. Mas pediu que não se desanime, porque há pessoas honestas dispostas a trabalhar pela sociedade.
Em aparte do PMDB, Paulo Périco falou primeiro sobre o embargo do dinheiro municipal. Concordou com Frizzo e Beltrão de que o prefeito deve unir “todas as forças que construíram esse município” para reverter a situação. Informou saber que o vice-prefeito Ricardo Fabris procurou o advogado da Família Magnabosco, Durval Balen, para tratar da ação indenizatória. Depois, Périco leu texto de Ruy Barbosa, de 1910, sobre o homem se agigantar quando tem “o poder da caneta”, no caso, os políticos.
Para o peemedebista, o fato envolvendo o presidente não é um caso isolado, mas consequência de uma causa ocorrida por anos no país. Considerou a declaração de Temer normal como as feitas por Lula e Dilma. Ressaltou que não defende o presidente, que é de seu partido. No entanto, frisou que caso um líder peemedebista seja preso não haverá filiado com bandeira o defendendo nas ruas.
Na avaliação de Périco, a corrupção na política nacional só tem solução com mais ética e moral na sociedade. Acredita que tem gente boa no Congresso e no Senado. O parlamentar é contra nova eleição. Entende que ela prejudicaria a economia.