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Pesquisadores da FSG defendem valorização à Ciência na Tribuna Livre

Para abordar o assunto, estiveram no Legislativo caxiense o coordenador do curso de Psicologia da instituição, João Luis Almeida Weber, e o estudante de Psicologia Nicolas Fantinel


Pesquisadores do curso de Psicologia do Centro Universitário da Serra Gaúcha/FSG buscam instigar a comunidade e os governos a investirem e valorizarem mais a Ciência e os cientistas. Esse propósito chegou à Tribuna Livre do Legislativo caxiense, com mais ênfase, na sessão ordinária desta quarta-feira (11/12), por meio da voz do acadêmico de Psicologia Nicolas Fantinel, que esteve acompanhado do coordenador do curso de Psicologia da instituição, João Luis Almeida Weber, o qual também lembrou do recente Prêmio Caxias do Sul concedido pela Câmara à FSG pelos 25 anos de funcionamento na cidade.

O jovem apresentou indicadores de letramento científico do Instituto Brasileiro de Letramento Científico, mostrando que, numa divisão estabelecida em quatro níveis, apenas 5% da população brasileira se encontra no nível 4, que é de proficientes na Ciência. Para ajudar a sociedade a compreender porque há uma baixa valorização e adesão à pesquisa no país,  Nicolas fez um histórico desde o surgimento das faculdades, na primeira década de 1800, até hoje. Conforme ele, as primeiras faculdades brasileiras datam de 1808 e num modelo defasado. Somente em 1934 surge a USP (Universidade de São Paulo), primeira universidade moderna do Brasil, com foco em pesquisa, ensino e extensão, tendo no artigo 2 de seu Estatuto de fundação “promover, pela pesquisa, o progresso da Ciência”.

“Então, o principal motivo das universidades é promover, pela pesquisa, o progresso da Ciência. Mas, se você for para a rua e pedir a alguém o que faz uma universidade, vai dizer: forma profissionais. Sim, mas está equivocado porque é, principalmente, promover, pela pesquisa, o progresso da Ciência”, enfatiza Nicolas.

Ao lado desse entendimento do senso comum mais focado na profissionalização e menos na Ciência, o pesquisador enumera outros obstáculos que estudiosos acabam tendo de enfrentar no processo científico, como a burocracia. Nesse aspecto, Nicolas lamenta a demora de, pelo menos, dois meses para os comitês de ética aprovarem o projeto para começar a pesquisa. Isso, sem contar que, por vezes, o mesmo tema pode ser pauta de outra pesquisa já concluída em outro país, e aí você precisa alterar o foco e, consequentemente, mudar o investimento, e essa modificação implica em mais cinco meses, ilustra o estudante.

Na ótica de Nicolas, a Ciência precisa de agilidade porque a inovação bate à porta a todo o momento. No caso do Brasil, ele constata a ausência de um plano nacional voltado à Ciência, e a necessidade de maior disposição para evitar a chamada fuga de cérebros (quando profissionais brasileiros acabam indo para o Exterior) e de melhor infraestrutura em universidades federais e privadas.

O estudante de Psicologia observa, ainda, que quem faz a Ciência no Brasil hoje são estudantes de graduação, pós-graduação e professores universitários, os quais estariam sobrecarregados. “Temos a limitação da estrutura rígida do ponto de vista acadêmico e o problema da polarização política (no âmbito dos poderes públicos). A Ciência no Brasil está sofrendo por um problema estrutural do passado que vem se acentuando cada vez mais e se agrava com toda essa polarização política que faz com que o debate técnico morra”, reflete o jovem.

Por fim, ao elogiar a força intelectual do país, Nicolas mencionou alguns cientistas brasileiros de renome, como Cesar Lattes e Duilia Fernandes de Mello. “Existem muitos outros. A gente tem capacidade, tem nomes, temos gana para fazer no Brasil. Tanto é que, quando os brasileiros vão para as universidades de fora, todo mundo adora os brasileiros porque eles se viram com o que têm, que é pouca coisa. Então, a gente tem capacidade, só que há um problema estrutural que poderia ser mudado com base no diálogo e em mais apreço para a Ciência”, defende.

11/12/2024 - 14:33
Assessoria de Imprensa
Câmara Municipal de Caxias do Sul

Editor(a) e Redator(a): Vania Espeiorin - MTE 9.861

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