A retirada de horários noturnos a partir das 19h do transporte coletivo urbano na comunidade de Santa Bárbara de Ana Rech foi pauta de uma reunião pública convocada pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) do Legislativo caxiense. O encontro aconteceu no Salão Comunitário de Santa Bárbara de Ana Rech e mobilizou moradores, representantes da União de Associações de Bairros (UAB), da Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade, da Viação Santa Tereza (Visate) e do Conselho Municipal de Mobilidade. 

Diversas lideranças ocuparam o encontro para fazer uso da palavra. Para Patrícia Veiga Guterres, moradora do bairro Recanto das Cascatas, algumas pessoas se organizam com caronas para o dia a dia, mas a comunidade em geral fica desassistida sem transporte.

“A gente precisa de mais horários, nos horários de entrada e saídas da escola e faculdade, principalmente, porque durante o dia estamos ilhados, estamos sem a possibilidade de sair ou chegar do bairro. Quem não tem carro acaba ficando bem prejudicado”, destacou Guterres. 

A presidente do loteamento Ballardin, Bruna Bonfante, também pontuou que o tempo de deslocamento do único ônibus que atende a comunidade não possibilita integração na EPI.

“Moramos no último bairro da cidade o tempo que leva para chegar na EPI Imigrante ultrapassa o tempo para integração com linha Troncal”, acrescentou Bonfante.
Ela também ressaltou que diversos serviços alternativos de transporte não atendem a comunidade.

“Uma corrida de aplicativo do centro até o bairro custa cerca de R$40 e os motoristas cancelam, não aceitam pela distância. Estamos sem alternativa e precisamos de ajuda”, disse a moradora do loteamento Ballardin. 

Já Denise Alflen Spindler, moradora do loteamento Solar das Videiras e mãe de uma criança autista, a falta de ônibus interfere na participação da filha nos serviços e atendimentos que frequenta.

“Tenho que andar cerca de 3 quilômetros por dia para ir à escola e quando precisamos ir para o centro preciso me deslocar mais de um quilômetro a pé até Ana Rech para pegar ônibus. Quando chove ou faz frio fica muito mais complicado”, finalizou Spindler. 

O gerente operacional da Visate, Valdemir Viegas, aproveitou o momento e disse que a concessionária tem interesse sempre no aumento dos passageiros e do atendimento à população.

“Seguiremos abertos ao diálogo com a comunidade e com a Secretaria para trazer mais qualidade nos serviços prestados aos bairros. Tenho certeza que vamos encontrar um meio termo e conseguir achar uma alternativa”, pontuou o integrante da Visate. 

O vice-presidente da UAB, Salvio Fontes, colocou que as demandas apresentadas na reunião pública desta terça-feira são recorrentes em todos os bairros da cidade.

“O transporte público em geral está muito precário em Caxias. Não podemos mais passar por essa situação. Precisamos por essas demandas na vitrine e mais do que isso, é preciso que as autoridades olhem para essas famílias com atenção”, disse Fontes. 

Para a presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) do Legislativo caxiense, vereadora Rose Frigeri, a questão precisa ser resolvida pelo Executivo.

“A prefeitura precisa dar retorno para as pessoas, dando prazos e alternativas para essas pessoas que vieram aqui na noite de hoje”, completou a parlamentar que acrescentou ser necessário buscar soluções para as demandas apresentadas. 

O vereador Juliano Valin disse que a comunidade precisa se unir para buscar alternativas no intuito de solucionar os problemas.

“Quando houver novas linhas e horários, que os moradores se unam, espalhem a informação e utilizem o transporte, para que a Visate e a Prefeitura vejam que há sim uma demanda,  finalizou Valin que cobrou por prazos e encaminhamentos. 

O diretor-geral da Secretaria Municipal Trânsito, Transporte e Mobilidade, Cleberson Rubinei Babetzki, destacou que a pasta está aberta para receber as demandas da comunidade. Para ele, as reivindicações são válidas, mas todos os processos da secretaria são baseados em dados e testes realizados nos bairros.

“Tentamos unir as linhas para atender os bairros Recanto das Cascatas e Parada Cristal, por exemplo, mas mesmo assim os trechos possuem poucos passageiros e eram deficitários. Todos os estudos de horários e frequências das linhas são realizados pelos engenheiros da Secretaria para que possamos entregar o melhor à comunidade”, pontuou Babetzki. O representante da pasta municipal se comprometeu em dar retorno das demandas apresentadas na reunião pública à CDHC até o dia 21 de setembro. 
A vereadora Estela Balardin, integrante da CDHC, destacou que o transporte é um direito fundamental dos cidadãos e por isso que o encontro foi provocado pela Comissão do Legislativo caxiense.

“Sabemos que o transporte dá acesso e dignidade aos moradores e ficamos felizes com essa noite produtiva. Vamos continuar cobrando e fiscalizando o Executivo para nos darem as respostas para as demandas apresentadas aqui hoje”, ponderou a parlamentar petista. 

Fazem parte da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) do Legislativo caxiense os vereadores(as), Estela Balardin/PT, Gladis Frizzo/MDB, Juliano Valin/PSB, Renato Oliveira/PCdoB e Rose Frigeri (presidente).