O Dia do Orgulho Autista, celebrado na data do último 18 de junho, ganhou atenção em painel e exposição, no início da noite desta terça-feira (21/06), na Câmara Municipal de Caxias do Sul. Oficialmente aberta no Espaço Cultural Mário Crosa, a mostra “Sou, vida e obra de Paola Berti” contém a sensibilidade da artista que assina os quadros. Ela é diagnosticada com autismo. A exposição ficará aberta à visitação pública até 30 de junho, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h.

Após a inauguração da exposição, já no plenário da Casa, Bernardo Mendina, estudante de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB) e também autista, relatou experiências de vida. Na condução dos trabalhos de hoje, estava a presidente da Frente Parlamentar de Conscientização e Defesa dos Direitos dos Autistas, vereadora Tatiane Frizzo/PSDB. As atividades contaram com a presença da presidenta do Legislativo caxiense, vereadora Denise Pessôa.

A vereadora Tatiane reiterou o anúncio da tarde de hoje, feito pelo superintendente executivo do Círculo Saúde, Francisco Costa Filho, de que, no segundo semestre deste ano, o hospital irá inaugurar um centro de referência para crianças autistas. Em visita à Presidência da Casa, junto com a gerente executiva de diagnóstico da instituição, Ivonete Polidoro Pontalti, o superintendente informou que a expectativa inicial contempla 80 vagas para a faixa etária de 0 a 8 anos. Costa Filho disse que o departamento estará integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com a vereadora Tatiane, um diagnóstico não determina quem se é. “Com o apoio e a compreensão de todos, existe a possibilidade da superação de dificuldades, para, inclusive, buscar novos sentidos para a própria história”, observou a parlamentar. Secretária municipal da Educação, Sandra Negrini defendeu a visibilidade e o respeito às potencialidades de pessoas com o espectro autista.

A partir da tribuna, o estudante Bernardo contou que, com 1 ano e 11 meses de idade, obteve o diagnóstico do espectro autista, na tipologia leve. Segundo ele, por meio de tratamento psicológico, só aos 6 anos que conseguiu começar a falar e desenhar. Relatou que, ao longo da sua trajetória, a maior dificuldade vem sendo fazer e manter amizades.

Jornalista, coordenadora estadual do Movimento Orgulho Autista Brasil (MOAB-RS) e mãe de Bernardo, Luciana Mendina alertou que o olhar dos professores costuma auxiliar pais no diagnóstico precoce do autismo. Acrescentou que o atraso no tratamento tem graves consequências para o desenvolvimento da pessoa autista. “O pior preconceito é o que vem da família. Esta precisa abraçar quem detém o espectro”, ponderou. Conforme ela, nem todo autista precisa de medicação. Exemplificou que Bernardo não usou e progrediu por meio do acompanhamento psiciológico.

Também fazem parte da frente parlamentar os vereadores Alexandre Bortoluz/PP, Elisandro Fiuza/Republicanos, Marisol Santos/PSDB e Olmir Cadore/PSDB. Os vereadores Adriano Bressan/PTB, Cadore e Fiuza prestigiaram o ato de hoje.