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A constatação de que a malha hidráulica de Caxias do Sul precisa de mais investimentos foi detalhada na audiência pública da Comissão de Legislação Participativa e Comunitária, realizada na tarde desta segunda-feira (11/04), no plenário da Câmara Municipal. O encontro visou a buscar alternativas para conter as perdas de água tratada, no município. Em 2009, o desperdício alcançou 61,3%, como apontou estudo da Revista Saneamento Ambiental. O desperdício compreende o processo que vai desde a captação da água até a chegada nos pontos de consumo.
Depois de colher sugestões de vereadores e especialistas na área de saneamento, o presidente da comissão, vereador Rodrigo Beltrão/PT, destacou que fará indicação à prefeitura. Entre outras demandas, solicitará a substituição de hidrômetros com mais de cinco anos de uso e detecção de pontos de vazamento, além de adequação da distribuição de água nas áreas irregulares de moradia.
Também constarão do documento a isenção no pagamento de água em eventos e locais de âmbito público, a exemplo da Festa da Uva e da própria Câmara Municipal, e a necessidade de atuação do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) em conjunto com a Secretaria Municipal da Habitação, nos loteamentos irregulares e, também, a implantação da tarifa social de água. Beltrão informou que a proposta será efetivada na próxima quinta-feira (14), às 15h, em reunião da CLPC.
O diretor da Divisão de Águas do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), Paulo Boff, considerou que, desde o ano de 1998, o percentual de descarte se mantém constante, causado por perdas reais, ocorridas ainda na rede de distribuição, e por aquelas de tipo aparente, que se refere à água não faturada, ao consumo ilegal e à imprecisão dos hidrômetros antigos.
Pelo volume alto de consertos na rede de água, realizados diariamente, salientou Paulo, seria preciso o aumento de investimentos em recursos humanos e em tecnologia para a localização dos pontos de vazamento.
Em 2010, foram substituídos em torno de três mil hidrômetros, quantidade ainda insuficiente. Boff informou que está em andamento um projeto para a substituição integral dos equipamentos, com captação de recursos a nível federal.
Procedimentos paliativos, como áreas de pesquisa de vazamentos, em diversos pontos da cidade, também foram referidos pelo diretor do Samae. Como exemplo, o bairro Planalto/Rio Branco verificou uma economia de 21% nos últimos tempos.
O assessor técnico do Samae, Angelo Barcarolo, afirmou que a autarquia realiza as adequações possíveis segundo a sua capacidade financeira. A obtenção de financiamentos para a troca da rede hidráulica e a dificuldade para distribuição e controle do consumo, nas ocupações irregulares, foram citadas como um facilitador do desperdício.
O superintendente da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) na região Nordeste do Estado, Alexsander Pacico, referiu que, no intuito de intensificar o controle no consumo de água, são realizadas, em toda a região de cobertura da empresa, visitas às residências que demonstrem índices acima da média. Pacico mostrou-se preocupado com os índices de desperdício em outras cidades da região, de, em média, 50%, acima do nível considerado controlável.
Representando a União das Associações de Bairros (UAB), Tânia Menezes referiu a morosidade na diminuição de perdas de água no município.
Em nome do Instituto Orbis de Proteção e Conservação da Natureza, Gabriel Simonini criticou a necessidade da construção de uma obra como o Sistema Marrecas antes que o desperdício verificado na própria malha hidráulica seja resolvido.
Os vereadores mostraram preocupação com as explicações que justificam o descarte de água tratada. Ana Corso/PT questionou o reajuste constante nas tarifas, já que, segundo ela, não há investimentos suficientes na contenção do desperdício. Ana também defendeu a troca de hidrômetros como ação prioritária da administração.
A parlamentar Geni Peteffi/PMDB ponderou que a necessidade do sistema Marrecas não pode ser questionada levando-se em conta problemas de outra ordem. O vereador Mauro Pereira/PMDB também referiu a necessidade de investimentos para garantir o abastecimento para os próximos anos. Daniel Guerra/PSDB considerou a resolução do desperdício de recursos hídricos um desafio que precisa ser tomado com seriedade pelo poder público.
Além do presidente Beltrão, participam da CLPC os vereadores Ana Corso/PT, Daniel Guerra/PSDB, Guiovane Maria/PT e Renato Nunes/PRB.