Na noite do dia 8 de março, as vereadoras da maior bancada feminina da história do Legislativo caxiense e integrantes da Procuradoria Especial da Mulher (PEM), Denise Pessôa/PT, Estela Balardin/PT, Gladis Frizzo/MDB, Marisol Santos/PSDB e Tatiane Frizzo/PSDB, realizaram uma live para tratar a importância do Dia Internacional da Mulher.

A conversa foi iniciada pela procuradora, Denise Pessôa, que saudou as mulheres pela data celebrada, anualmente, desde 1911. A parlamentar também aproveitou o momento para relembrar que o dia 8 de março foi escolhido para marcar a luta feminina por ter sido o dia em que centenas de trabalhadoras foram mortas queimadas em uma fábrica têxtil de Nova York, nos Estados Unidos, ao protestarem por uma redução de suas cargas horárias de trabalho.

Neste sentido, a vereadora Marisol Santos ocupou seu espaço para tratar sobre a representatividade das mulheres na política, aspecto importante para que temas relacionados à vida dessas mulheres sejam revertidos em ações políticas em seu benefício. A tucana frisou o aspecto da representatividade ao lembrar que as mulheres são a maioria da população e a maioria dos eleitores, mas ainda são minoria nos espaços políticos. “Nós estamos, desde a eleição, comemorando e celebrando o fato de sermos cinco e de sermos a maior bancada feminina da história da casa legislativa de Caxias do Sul, mas quando falamos isso, ao mesmo tempo, colocamos o ‘pé atrás’ e pensamos cinco em 23. Ainda é pouco”.

Já Tatiane Frizzo aproveitou seu espaço para abordar a posição da mulher no mercado de trabalho. A vereadora ressaltou estudos que apontam que, embora a luta feminina tenha avançado em diversos aspectos, as mulheres ainda recebem 25,5% menos do que os homens, ocupando as mesmas funções e tendo, de acordo com dados do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma média de seis anos a mais de estudo. A parlamentar também ressaltou como a pandemia da Covid-19 acentuou a disparidade entre homens e mulheres nestes espaços de trabalho, principalmente para as que são mães e tiveram que abrir mão de seus cargos para cuidar dos filhos.

Denise Pessôa, mãe de Eduardo (de três anos), e vereadora há 12 anos, contribuiu para o debate levantado por Tatiane, ao concordar que a maternidade intensifica as desigualdades enraizadas na sociedade. A petista salientou como, socialmente, o cuidado da casa, da família, dos doentes e dos filhos ainda é muito associado à figura feminina que, por conta disso, acaba sendo excluída de oportunidades de emprego por se acreditar que ela não terá disponibilidade suficiente para o desempenho da função. Cenário que se reflete também na ocupação de cargos políticos. “A política não pensa as nossas diferenças, as nossas realidades e a questão dos filhos, o que acaba segregando. Então são condições bem distintas que fazem com que muitas mulheres não participem da política, sejam afastadas do mercado de trabalho, recebam menos. São situações complexas que a gente vive e que demonstram que a gente precisa realmente lutar”.

Vereadora em segundo mandato, com origem nos movimentos comunitários, Gladis Frizzo utilizou seu espaço para relembrar a luta das mulheres presidentes de bairro e das envolvidas com suas comunidades, que além de seus afazeres domésticos, de cuidado com os filhos e do trabalho fora de casa, disponibilizam seu tempo para buscar melhorias para suas localidades. “A comunidade foi quem abriu os caminhos para que eu possa estar vereadora hoje”, reforçou. A parlamentar também salientou a importância das vagas em creches e escolas para que as mães possam trabalhar e fazer suas atividades com a segurança de que seus filhos estarão seguros e bem cuidados.

Encaminhando-se para o final do encontro, a vereadora mais jovem de Caxias do Sul, Estela Balardin, reforçou a importância da luta feminista. Segundo a parlamentar é importante que a população reflita sobre sua função na transformação do contexto social que estigmatiza o papel das mulheres a determinados comportamentos, como o cuidado da casa e o desejo pela maternidade. Estela também relembrou sua trajetória até sua inserção na política, mencionando a importância de outras mulheres para sua percepção de que não estava sozinha. A petista também reforçou o debate levantado por suas colegas quanto à representatividade das mulheres na política. “Esse espaço que a gente ocupa deve servir como incentivo para que mais mulheres estejam aqui, porque cinco é uma comemoração, mas não é o suficiente. Estamos falando de um espaço de representatividade e se nós somos a maioria dentro da sociedade, mas somos cinco na Câmara de Vereadores, significa que alguma coisa nessa representatividade está errada”.

O encontro da Procuradoria ocorreu de forma virtual com transmissão pelo Facebook da Câmara Municipal de Caxias do Sul. Confira aqui.

Texto: Procuradoria Especial da Mulher