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A criação de uma célula piloto de fomento turístico e desenvolvimento socioeconômico denominada “Cidade Jardim” em Ana Rech está em estudo no Legislativo caxiense. Protocolado na Casa pela prefeitura, o projeto de lei complementar (PLC) 18/2023 carrega a ideia e passou em primeira discussão na sessão ordinária desta quinta-feira (28/11). A proposta retornará ao plenário para votação final.
O texto é estruturado em sete capítulos e desenha como a proposta pretende ser desenvolvida em parceria com os moradores e estabelecimentos. Os capítulos discorrem sobre: Disposições Gerais; Gestão; Prestadores de serviços ligados ao turismo; Doações de imobiliário urbano; Programa de Incentivo à Implantação de Jardins Verticais; Programa de Qualificação e Adoção de Áreas Públicas; e Disposições finais e transitórias.
Para ilustrar, no caso da etapa dos jardins verticais, a matéria os considera como uma intervenção paisagística que consiste em cobrir com vegetação natural muros ou paredes externas ou internas de edifícios, por meio de técnicas especializadas. Nesse aspecto, se a iniciativa for aprovada e virar lei, o artigo 19 estabelece o que o proprietário deverá seguir na implantação desses espaços. Uma das orientações é utilizar vegetação apropriada para o local, resistente ao clima tropical e às variações de temperatura, e consumir pouca água. Também terá de preparar o espaço por meio de impermeabilização e de técnicas que evitem a e deterioração; e zelar pela sua manutenção. Em contrapartida, o proprietário ou o adotante de jardins verticais poderá instalar placa com a sua identificação ou a de apoiadores, em dimensão a ser determinada pelo Conselho Gestor.
Por parte do poder público, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente poderá oferecer cursos e palestras acerca das técnicas para implantação de jardins verticais, e o município firmar convênios com entidades civis e educacionais para tais fins.
Na exposição de motivos, o prefeito Adiló Didomenico/PSDB explica que a intenção é criar um ambiente facilitador, processos e produtos, em cooperação com a comunidade, com o objetivo de desenvolver uma célula de fomento econômico e turístico a ser futuramente replicada em outros pontos da cidade. Nesse sentido, o PL apresenta sete linhas de ação: 1) Criar um ambiente facilitador e indutor de desenvolvimento; 2) Permitir a instalação da infraestrutura mínima necessária; 3) Redução dos impedimentos legais; 4) Fomentar a iniciativa privada; 5) Acompanhamento do processo; 6) Criação de redes de auxílio e proteção do processo; e 7) Afastamento gradual da Administração Pública do processo, deixando-o nas mãos da iniciativa privada.
Quanto à escolha do local para acolher o projeto inicial, o prefeito se sustenta no fato de Ana Rech já ter um histórico de hospitalidade e de interesse turístico por parte de visitantes. “A escolha da área está baseada na localização dos recursos naturais indispensáveis para a implementação do projeto além das peculiaridades e características culturais e históricas que permeiam a região escolhida como modelo, que são claramente facilitadoras. Escolher uma localidade com uma história interessante de formação é muito importante, posto que também pode ser explorada como linha norteadora”, justifica, acrescentando um histórico sobre a fundadora da localidade que hoje é bairro.
Segundo o texto, Anna Maria Pauletti Rech partiu do município de Pedavena, ao norte da Itália, para o Brasil no dia 12 de outubro de 1876, em uma viagem que durou quatro meses. Na época, aos 48 anos de idade, já viúva e mãe de oito filhos, não lhe restava outra opção, devido à mísera realidade em que se encontrava sua pátria de origem.
Foi em abril de 1877 que Anna Rech fixou moradia no Lote 104 do Travessão Leopoldina, na Colônia de Caxias. O local fora escolhido porque era rota de passagem dos tropeiros. Dessa maneira, Anna percebeu que seria lugar propício para abrir uma pequena casa de comércio e hospedagem.
Após a construção do pequeno estabelecimento, cercou o potreiro com boa pastagem e água. Os visitantes notaram que o lugar era bom para passar a noite. Na manhã seguinte, os tropeiros seguiam viagem e, após 12 quilômetros, chegavam ao Centro Comercial do Campo dos Bugres, atualmente, Caxias do Sul. A familiaridade de colonos, tropeiros e comerciantes com a "Casa de Anna Rech" fez com que a 8ª Légua, local do estabelecimento, passasse a denominar-se Ana Rech. A moradora doou terrenos para diversas entidades, como a igreja, o cemitério, o convento e o colégio, e conquistou a comunidade com suas inúmeras qualidades, solidariedade e serviços prestados. Em 16 de maio de 1916, aos 88 anos, Anna Rech morreu.