Uma noite de emoção, música e alegria marcou a entrega do Prêmio Caxias do Sul para o músico Lucio Yanel, 77 anos, em sessão solene da noite desta quarta-feira (08/11), realizada no plenário do Legislativo caxiense. Radicado na cidade, o violonista foi homenageado a partir de proposição do vereador Rafael Bueno/PDT. Na condução da cerimônia, estava o presidente da Câmara Municipal, vereador Zé Dambrós/PSB. O secretário de Governo Municipal, Flavio Cassina (ex-prefeito e ex-presidente da Casa), representou o prefeito Adiló Didomenico.

Nascido em Corrientes e ícone da música da América Latina, na Argentina, Yanel escolheu Caxias do Sul para viver. Os convidados foram recepcionados, momentos antes da homenagem pelo Quarteto de Cordas da UCS. Após as manifestações de Bueno e Yanel e a entrega da distinção, os músicos de renome nacional, todos amigos do homenageado, fizeram apresentações. Apresentaram-se Robison Boeira, acompanhado de Eduardo Santos, e Yangos (quarteto de música instrumental, mas que foi composto na apresentação desta noite por Cristiano Klein e Rafael Scopel. Até o presidente da Casa, Zé Dambrós/PSB, cantou com os músicos.

Bueno lembrou a trajetória de Yanel e aproveitou para parabenizar todos os músicos de Caxias do Sul e do nosso Estado, "profissão ligada diretamente à arte e à cultura popular e que por vezes não é tão valorizada, mas tem uma importante função na construção da sociedade." 

Como violonista, Lucio Yanel realizou apresentações por diversos países como Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, França, Rússia, Suíça, Espanha e Estados Unidos. Radicado no Brasil há muitos anos, é considerado um dos alicerces do violão solista na música regional sulina e o violonista com maior produção na história do violão gaúcho. O músico veio para o Rio Grande do Sul em 1981, onde passou a atuar nos festivais de música regional. Sua maneira de tocar influenciou muitos músicos das gerações posteriores, como os violonistas Yamandú Costa, Marcello Caminha, Quarteto Maogani e Ricardo Martins, entre outros.

"Mesmo músico autodidata, Yanel é um dos fundadores do que se pode considerar uma escola do violão gaúcho. Com seu trabalho ao violão, ampliou-se a difusão de alguns gêneros latino-americanos como a chacarera, o chamamé, o rasguido doble e a zamba, no sul do país", comentou Bueno.

O pedetista ressaltou que o músico já se apresentou em inúmeros festivais e gravou com renomados artistas do Rio Grande do Sul, como Gilberto Monteiro, Joca Martins, Luiz Marenco, Bebeto Alves, Jayme Caetano Braun e César Oliveira e Rogério Mello, além de ter composições ao lado de Renato Borghetti, Noel Guarany, Gaúcho da Fronteira e Luiz Carlos Borges. Colaborou ainda como intérprete e autor nas trilhas musicais dos filmes "Netto Perde sua Alma e Lua de Outubro". Como ator, foi destaque com o personagem Capitão Castelhano na minissérie "O Tempo e o Vento, de Erico Veríssimo". Seus álbuns como violonista solo são: La del Sentimiento (1983), Guitarra Pampeana (1986), Aunque Vengan Degollando (1997), Acuarela del Sur (2003), Acuarela del Sur II (2006), Misterios del Chamamê (2009), Folclore Argentino (2011) e Dois Tempos (2001). Ao lado de diversos artistas participou como violonista em mais de uma centena de discos e DVDs.

Bueno destacou que Yanel não se sobressai apenas na música:

"É um virtuoso no sentido amplo da palavra, como músico e ser humano. É uma grande referência enquanto artista. Mas também é um homem diferenciado. Quando conversei pessoalmente com ele há algumas semanas, me narrou uma história, já conhecida de muita gente, que tem ingredientes excepcionais de humanidade. Yanel utiliza a música para se aproximar da mulher, a chef de cozinha Sueli de Fátima Teixeira, diagnosticada com Alzheimer há uma década", contou, ressaltando que o casal se conheceu em Porto Alegre, quando o músico esteve no restaurante em que ela trabalhava.

Bueno também falou da luta para trazer um ambulatório especificamente para tratamento de idosos em Caxias do Sul, o que está buscado por meio da Comissão do Idoso, a qual preside.

Após receber o troféu e discursar, Yanel fez sua apresentação ao público, emocionando a todos. O músico agradeceu pela recepção que sempre teve do povo caxiense, narrou um pouco da história da música, lembrando os personagens principais no Rio Grande do Sul, e até mesmo fez piada, demonstrando bom humor.

Yanel também lembrou da doença da esposa, pedindo atenção de todos a enfermidades como o Alzheimer e as consequências que traz às famílias.

"Estou fazendo uma colheita. Escolhi o lugar certo para a reta final da minha vida", destacou o músico, feliz com a recepção.

Ao final, todos os músicos presentes se apresentaram.

Também acompanharam a homenagem os vereadores Alexandre Bortoluz/Progressistas, Lucas Caregnato/PT e Rose Frigeri/PT.

* Redator: jornalista Daniel Correa.