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Legislacast apresenta matéria especial sobre o Cooperativismo em Caxias do Sul

Reportagem intitulada “Cooperar é unir forças” conta com depoimentos de agricultores e da direção da Cooperativa de Agricultores e Agroindústrias Familiares de Caxias do Sul (CAAF) e de autoridades e pesquisadores do sistema cooperativista no Estado


Uma matéria especial que tem o objetivo de apresentar o Cooperativismo como um movimento forte e agregador também em Caxias do Sul. Esta é a reportagem veiculada através do Podcast (Legislacast) da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul a partir desta quarta-feira (23/08). A iniciativa em áudio, que está disponível para veiculação de emissoras de rádio e plataformas virtuais, ouviu diversas pessoas envolvidas com o Cooperativismo na cidade, tomando como exemplo a Cooperativa de Agricultores e Agroindústrias Familiares de Caxias do Sul (CAAF), localizada na Rua Olinda Pontalti Peteffi, 190, no bairro Diamantino. A matéria especial foi produzida pelo jornalista Tales Armiliato. 

Entre os entrevistados está a associada da Cooperativa (CAAF) Tânia Beatriz Witt Schwantes, 51 anos. Moradora da comunidade de Sertória Alta, no Distrito de Santa Lúcia do Piaí, ela revela o amor pelo trabalho na terra.

“A gente começou com a cooperativa. O meu marido se associou. Depois foi a minha vez. Antes, a gente plantava verduras e a entregava para um senhor e ele mandava para Porto Alegre para comercializar. Mas aí começamos a plantar sozinhos e a entregar na CAAF e, agora, a gente planta tudo o que é tipo de verduras”, frisa Tânia. 

Exemplos como o de Tânia são conhecidos na Cooperativa que tem chamado a atenção de muitos municípios gaúchos e até de outros Estados. A história da CAAF começou em 2009 quando a lei federal 11.947 instituiu a obrigatoriedade de que pelo menos 30% da alimentação das escolas públicas fosse fornecida pela Agricultura Familiar. Cerca de 30 produtores de Caxias do Sul se mobilizaram e deram início às atividades de uma Associação com a produção de hortifrutigranjeiros. Em 2010, a entidade já passou a operar como Cooperativa. Conforme o gerente administrativo da CAAF, Marcos Regelin, 13 anos depois, a Cooperativa conta com a participação de 310 produtores da Agricultura Familiar de Caxias e região, que entregam cerca de 100 toneladas de hortifrutigranjeiros/mês, alimentos que são repassados para instituições de saúde e educação e para as Forças Armadas.

 

Regelin: É preciso responsabilidade com o dinheiro e investimentos pesados em tecnologia para o homem do campo. Crédito: Tales Armiliato/Câmara Caxias

 

Segundo Regelin, o trabalho dá certo porque os agricultores “são unidos”. Ele comemora os números da Cooperativa. Um faturamento de R$ 17 milhões em 2022 e para este ano já com uma meta consolidada de R$ 25 milhões. O gerente administrativo da CAAF também afirma que é preciso responsabilidade com o dinheiro e investimentos pesados em tecnologia para o negócio e o homem do Campo. Regelin vai mais longe e olha para frente com a provocação do Sistema Ocergs que desafia as Cooperativas gaúchas com o RSCOOP150bi: Plano Gaúcho de Cooperativismo com um olhar na atuação das cooperativas para o desenvolvimento econômico e social do Rio Grande do Sul. Regelin é enfático e visualiza no horizonte o alcance da meta em atingir R$ 150 bilhões de faturamento em cinco anos, se tratando do cooperativismo gaúcho. Ele acredita na possibilidade de também se chegar a 4 milhões de associados, 100 mil empregos diretos, 300 milhões de reais de investimento em capacitação, e alcançar a marca de R$ 7,5 bilhões de sobras líquidas anuais para as cooperativas.

“Historicamente, nossas Cooperativas lidam com o Agro pois somos de produção agrícola. São segmentos em que hoje a tecnologia é muito importante. É um setor onde precisamos fazer com que o agricultor tenha acesso à tecnologia e à assistência técnica para que isso qualifique o produto e assim avance no mercado. Esse sonho do RSCOOP150bi é perfeitamente viável. Caso conseguirmos instalações com boas tecnologias e cooperativas com planos de desenvolvimento sólidos, teremos uma qualificação ainda melhor e que o mercado exige”, pontua Regelin. 

O presidente do Sistema Ocergs, Darci Hartmann, confia na vitória dos números, no prazo de cinco anos, com o RSCOOP150bi. Ele fala sobre os propósitos da iniciativa e confia no crescimento do cooperativismo e do próprio Estado do Rio Grande do Sul.

“O sistema cooperativo através de todos os seus ramos, tem um crescimento orgânico e nós entendemos que, se conseguirmos nos organizar, estruturar e planejar todo esse crescimento, buscando a intercooperação, a transversalidade dos negócios e mostrando para as cooperativas as oportunidades, chegaremos aos resultados esperados com o RSCOOP150bi. Se nós olharmos que hoje temos no Estado, 12 milhões de habitantes, e se temos 3 ou quase 4 milhões de associados a Cooperativas, um terço da população do Rio Grande do Sul é associado de Cooperativa. Um dado fantástico”, completa Hartmann.

 

Hartmann: Chegaremos aos resultados esperados com o RSCOOP150bi. Crédito: Ocergs/Divulgação

 

De acordo com números divulgados pelo Sistema Ocergs, 2022 foi um ano positivo. O período fechou com um faturamento de R$ 81,9 bilhões, 14,9% a mais que no ano anterior, pelas 371 cooperativas registradas no Sistema Ocergs. E o crescimento registrado nas sobras apuradas foi de 19,2%, atingindo o valor de R$ 4,3 bilhões. O agro impulsionou o crescimento. As cooperativas agropecuárias registraram um faturamento de R$ 52 bilhões em 2022. O faturamento das cooperativas do setor representa 63,5% do total dos sete ramos de cooperativismo no Rio Grande do Sul e as sobras correspondem a 26,6% do total dos ramos.

Mas para quem acha que a CAAF, em Caxias do Sul, abriga apenas agricultores caxienses, está enganado. Noventa por cento da produção da Cooperativa é sim de agricultores do município, mas a Cooperativa também agrega famílias de outras cidades da Serra, dos Campos de Cima da Serra e do Litoral. Além dos produtores que plantam hortifrutigranjeiros, a Cooperativa conta com agroindústrias associadas, como explica a responsável técnica da CAAF, Mariane Reghelin.

“Nós temos 15 agroindústrias associadas à Cooperativa. Elas fazem pães, bolos, cucas, biscoitos, chimias, extrato de tomate e outros produtos. As agroindústrias entregam aqui na Cooperativa e esses produtos vão para hospitais, quartéis e merenda escolar. Muitas vezes é uma noninha que produz, então é uma forma que esses produtos cheguem mais longe e para quem realmente vai valorizar também o trabalho”, completa Mariane. 

Mas existe uma explicação para os resultados positivos constatados através da Cooperativa de Agricultores e Agroindústrias Familiares de Caxias do Sul? Existe sim! A resposta também vem e pode estar ligada a um contexto histórico da própria região da Serra, como lembra o diretor do Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC) da Universidade de Caxias do Sul e historiador e professor, Anthony Beux Tessari. 

“Tivemos muito próximo de nós a instalação da primeira Cooperativa de Crédito da América Latina denominada Caixa Rural de Nova Petrópolis e foi fundada pelo conhecido Padre Theodor Amstad (hoje patrono do Cooperativismo Brasileiro). Atualmente, ela permanece presente e sólida. A propósito, é em cima dessa história de mais de 100 anos, que mais de 30 cooperativas foram criadas com o exemplo de Nova Petrópolis”, finaliza Tessari,

A presidente da Comissão de Agricultura, Agroindústria, Pecuária e Cooperativismo do Legislativo caxiense, vereadora Gladis Frizzo/MDB, acredita que o grande segredo do cooperativismo é a união das forças e a procura coletiva pelo crescimento. 

“Cooperação de um grupo de pessoas. Um jeito diferente de se negociar com a comunidade. E que bom que na nossa região temos muitos exemplos. Melhor preço ao produto. Nós somos grandes. O Cooperativismo nos dá um poder de crescimento”, coloca Gladis.  

 

Frizzo: O Cooperativivismo foi fundamental para o crescimento da Serra Gaúcha. Crédito: Luan Hagge/Câmara Caxias

 

A CAAF ultrapassa fronteiras e, se possui associados já em diferentes cidades, entregas de hortifrutigranjeiros não acontecem apenas para escolas estaduais de Caxias e Farroupilha, mas também de Porto Alegre e no Estado de São Paulo. Em 2021, a Cooperativa dá um grande passo e se muda para novo endereço. Um prédio de 1.400 m², em área alugada, no bairro Diamantino, próximo à Rota do Sol e BR-116 e com um espaço maior. Antes tinha uma câmara fria, agora são quatro.

23/08/2023 - 16:58
Assessoria de Imprensa
Câmara Municipal de Caxias do Sul

Editor(a): Vania Espeiorin - MTE 9.861
Redator(a): Tales Giovani Armiliato - MTB 11.369

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