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Associação de Teatro ocupa a Tribuna

O representante Jorge Valmini apresentou a organização caxiense e falou dos principais valores e princípios do grupo


Os principais desafios de quem faz a arte cênica acontecer em Caxias do Sul foram apresentados pelo coordenador da Associação Caxiense de Teatro, Jorge Valmini, na Tribuna Livre da sessão ordinária desta quarta-feira (29/03). O ator apresentou a organização e falou dos principais valores e princípios, aproveitando que, na última segunda-feira (27/03), foi celebrado o Dia Mundial do Teatro.  

Valmini abriu sua manifestação com uma linha do tempo da presença do grupo na Câmara Municipal. Contou que a primeira vez que a associação ocupou a tribuna foi em 1992, registrando a falta de políticas públicas culturais para o município. No mesmo ano, em outubro, se instalou o fórum permanente de cultura, promovido pela prefeitura e sociedade civil em resposta ao que as entidades e artistas pediam. Ele ressaltou que mesmo com o clamor popular uma iniciativa eficiente só foi apresentada em 1997, com a criação da Secretaria Municipal da Cultura.

Em 2002, a associação voltou ao plenário com a reflexão “O teatro que faz a cidade e a cidade que faz o teatro, políticas e ações culturais”. Na ocasião, o panorama era da presença do fazer teatral estudantil, amador e profissional em diversos espaços da sociedade.

Hoje, o representante diz que a Associação retorna à tribuna da Casa do Povo para lamentar algumas perdas. “Infelizmente, 20 anos depois, voltamos em função de retrocesso”, afirmou ele, se referindo a políticas municipais e federais desarticuladas ou extintas.

Após a linha do tempo, Valmini destacou o trabalho da associação, que, segundo ele, é orientada por uma política cultural traçada pela comunidade. Seus princípios básicos fogem da visão de uma cultura estatal que toma o movimento como um instrumento justificador do regime político e, através de distribuição de recursos, passa a submeter-se ao controle do Estado. De acordo com o ator, o grupo também se afasta da visão de cultura populista que exerce um papel pedagógico sobre as massas populares, com valorização extrema da cultura popular como única cultura verdadeira. Repudia, ainda, a visão neoliberal que minimiza o papel do Estado e do poder público, deixando que a política cultural seja definida pelos grandes patrocinadores. 

Na essência, explica o coordenador, a Associação defende uma visão ampla e democrática, no entendimento de que todo mundo tem a sua cultura e o direito de se manifestar, criar, usufruir de um bem universal.

“Contra a massificação, o respeito às individualidades culturais, regionais e pessoais. Queremos aprimorar a legislação para aperfeiçoar a gestão pública em sintonia com a sociedade civil”, enfatizou.

Outro ponto levantado pelo artista foi o aperfeiçoamento do Financiamento da Arte e Cultura Caxiense (Financiarte). Na sua avaliação, é necessária uma revisão no modelo atual, pois as burocracias do financiamento, muitas vezes, geram retrabalho. Sugeriu que seja pensado como o Fundo de Apoio à Cultura (FAC), muito mais simples, compara. “Estamos à disposição para grupos de trabalhos com as comissões”, disse.

A Maesa e o Instituto de Leitura Quindim também foram pautas na manifestação de Valmini, que propôs a criação de centro cenotécnico no complexo da Antiga Metalúrgica Abramo Eberle, no bairro Exposição. Esclareceu que a proposta é pensada para ser um espaço de realizações culturais com um banco de materiais para todos os tipos de apresentações, e aproveitado como um polo regional. Sobre o Quindim, ressaltou ser um respiro para a leitura e o senso crítico e que, recentemente, foi atacado nas redes sociais por valorizar a diversidade.

Os vereadores parabenizaram o posicionamento do artista e fizeram algumas contribuições. A parlamentar Estela Balardin/PT sublinhou o papel social da cultura, recebendo de Valmini a reflexão de que todo ser humano deve cantar, tocar instrumentos e fazer teatro e o governo garantir o acesso universal à cultura.

O petebista Adriano Bressan questionou o coordenador sobre os canais para quem tiver interesse no teatro, quais os custos e valores para participar. O ator explicou que existem áreas privadas como o Espaço Cultural Tem Gente Teatrando, que oferece curso profissionalizante e de outras modalidades na arte cênica, sendo pagos. Sobre os programas gratuitos, informou que há o Gente em Cena, com dois núcleos de teatro e dois de circo, gratuitos. O acesso para inscrições é pelas redes sociais da Associação.  

Por fim, o vereador Olmir Cadore/PSDB indagou a respeito das situações mais difíceis que o teatro enfrenta atualmente em Caxias do Sul. Conforme Valmini, é preciso retomar o investimento na formação teatral no meio estudantil, para que mais pessoas possam ter acesso a essa arte, tanto como plateia quanto profissionalmente, e revisar o Financiarte.

29/03/2023 - 13:34
Assessoria de Imprensa
Câmara Municipal de Caxias do Sul

Editor(a): Vania Espeiorin - MTE 9.861
Redator(a): Manuelli Luise Boschetti

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