No ritmo milongueiro da gaita, incluindo os chamamés argentinos “Kilometro 11”, de Ramón Sixto Ríos, e “Merceditas”, de Tránsito Cocomarola, entre outros sucessos do folclore tradicionalista gaúcho, foi aberta oficialmente, na noite desta quarta-feira (31/08), a exposição “A Fantástica Fábrica de Gaiteiros”. A visitação pública acontece até o próximo dia 14 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h, no Espaço Cultural Mário Crosa, junto ao subsolo da Câmara Municipal de Caxias do Sul. Sob o comando do músico e gaiteiro Renato Borghetti e do professor Renato Müller, cerca de dez jovens do projeto cultural dedilharam as notas, só interrompidas pelos aplausos e alaridos dos presentes, no entorno da Escultura dos Direitos Humanos, do artista caxiense Bruno Segalla.

Com a presença da presidenta do Parlamento, vereadora Denise Pessôa, o protocolo de inauguração contou com breves manifestações. Um dos entusiastas da exposição, o vereador Rafael Bueno destacou o viés da iniciativa, que envolve crianças e adolescentes, dos 7 aos 15 anos de idade. “A gaita possui forte identificação no tradicionalismo sul-rio-grandense e, agora, se torna ainda mais relevante, ao se agregar, como parte da educação do público-alvo”, enalteceu.

Gaiteiro local e responsável por intermediar a vinda da exposição a Caxias, Robson Boeira salientou a tradição da cidade, que já teve mais de dez fábricas de gaitas, de 21 marcas diferentes. Lembrou festivais de gaita ponto, nos quais se destacava Borghettinho, como é conhecido o idealizador da mencionada fábrica.

Em seguida, o próprio Borghettinho utilizou-se da palavra, para reverenciar o protagonismo dos mais de 500 alunos envolvidos. "Conseguimos percorrer todo o processo produtivo das gaitas, mas com a diferença de que não as destinamos ao mercado. Nenhuma delas é vendida. Todas servem exclusivamente para o ensino dos jovens. Iniciado em 2011, o projeto está, hoje, em 17 municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, além de outros dois do Uruguai”, enfatizou.

A exposição itinerante e gratuita teve início em Porto Alegre. Já passou por Guaíba, Pelotas, Lagoa Vermelha e Lages. Ela propõe uma imersão no universo da gaita. Busca valorizar música, tradição, sustentabilidade, experiência e pertencimento. Além disso, apresenta a história e as diversas etapas de fabricação da gaita, além de ambientes de experimentação e convivência.

Um quarteto de bonecos de madeira articulados recepciona os visitantes, que encontram uma exposição de acordeons, um simulador de gaita. Uma gaita com os botões em Braile é um dos recursos de acessibilidade da mostra, cuja cerimônia de hoje também contou com a tradução na Língua Brasileira de Sinais (Libras).

A realização cabe ao Ministério do Turismo e ao Instituto Renato Borghetti de Cultura e Música, além de diversas empresas e do apoio da Câmara Municipal, em Caxias do Sul.