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Rafael Bueno lamenta situação caótica da Clínica Paulo Guedes

160 leitos pelo Sistema Único de Saúde podem ser fechados em breve


Em visita realizada na Clínica Paulo Guedes nesta terça-feira (30/08), com a presença de integrantes de entidades ligadas à saúde, o vereador Rafael Bueno/PDT classificou a situação como "gravíssima", além de verificar que o serviço de atendimento psiquiátrico pode estar na iminência de fechar em Caxias do Sul. Atualmente, o município mantém um convênio com a clínica, que oferece 160 leitos pelo SUS. O parlamentar ficou sabendo pela administração que as contas da clínica estão "no vermelho" há cerca de dois anos e que isso poderá acarretar no encerramento do contrato com o SUS, passando a atender apenas pelo privado. O vereador narrou aos colegas o que viu após visitar as alas psiquiátricas e conversar com pacientes.

"Imaginem o casos que acarretaria se houver mesmo esse fechamento de vagas?", indagou.

O pedetista lembrou que o município mantém convênios com algumas clínicas e que a Comissão de Saúde, a qual preside pelo Legislativo, foi convidada, a partir de denúncias, a averiguar a situação da Paulo Guedes, em Ana Rech, e também da Clínica de Repouso, no bairro Santa Lúcia, visitada na semana passada. Para ambos os casos, serão feitos relatórios aos órgãos competentes. Ele disse, porém, que a situação mais delicada é a da Paulo Guedes. Também viu uma diferenciação de quem recebe tratamento particular dos atendidos pelo SUS, não apenas na medicação, que no caso do público muitos dos medicamentos precisam ser comprados por familiares.

"No privado eles têm espaço de lazer, sol, tem uma lagoa, podem interagir com animais, dar comida aos bichos."

No SUS, disse Bueno, muitas pessoas passam frio, porque as cobertas não seriam suficientes para todos.

"O colchão é uma coisa de outro mundo, com buracos, com ondas. Uma senhora mostrou que estava sem meias, por exemplo. Banho de sol, apenas 20 minutos por dia, parecendo ser alas punitivas", enfatizou, lembrando que no SUS não há cortinas porque supostamente os internos poderiam tentar suicídio. Já na ala particular todos quartos têm cortinas, colchões totalmente diferentes e cobertas padronizadas.

A vereadora Estela Balardin/PT pediu um aparte e revelou o que viveu na própria pele.

"Eu necessitei ir para uma clínica do SUS e vivi na pele o que é essa realidade de estar num local onde a tua vontade é de sumir. Da vida. Naquele local dá vontade de perder a própria vida. Porque não tem nada, porque não tem uma consulta adequada. Tu conversas cinco minutos com uma psicóloga no meio de todo mundo. Tu não tens uma atividade adequada", comentou. "Os hospitais psiquiátricos, infelizmente, agravam os casos das pessoas. As pessoas são amarradas nas suas camas. Para serem contidas, levam injeção, quando deveriam de fato ter um acompanhamento. Os medicamentos são os mais que causam vício."

O vereador Felipe Gremelmaier/MDB também se manifestou:

"O que foi trazido aqui é muito mais grave do que a gente pode imaginar. É muito mais sério do que a gente pode imaginar. E a gente, ouvindo seu relato, vereadora Estela, ouve um relato de dentro, da realidade que está posta e que não é uma coisa que se pensa que é, porque a senhora viveu isso."

Por fim, Bueno sugeriu que o Legislativo faça uma espécie de força-tarefa para dar mais atenção ao caso e buscar saídas para a saúde mental em Caxias do Sul.

"Precisamos ter rede de proteção socioassistencial no município de Caxias do Sul, porque a gente não tem efetivamente isso. E o Rio Grande do Sul foi protagonista da luta antimanicomial no Brasil. O Brasil se espelha na gente. Mas não estamos dando exemplo. Precisamos aqui, em Caxias do Sul, fazer alguma coisa, porque as pessoas estão drogadas, sendo torturadas lá dentro da Clínica Paulo Guedes, na ala do SUS. Então faço meu apelo para que a gente possa resolver e não ter esse encerramento de 160 leitos."

31/08/2022 - 15:36
Gabinete do vereador Rafael Bueno/PDT
Câmara Municipal de Caxias do Sul

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