O vereador Rafael Bueno/PDT voltou a comentar sobre os graves números da saúde pública de Caxias do Sul, durante a sessão ordinária do Legislativo desta terça-feira (22/03). Como presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (CSMA) da Câmara, o parlamentar tem recebido diversos pedidos de moradores para encaminhamentos de consultas, exames e cirurgias. Os dados são alarmantes. Ele apontou que 46.500 pessoas aguardam por consulta com especialistas, enquanto 17.335 esperam exames e 9.021 estão na fila por cirurgias eletivas em diversas especialidades. São registros de fevereiro deste ano.

O pedetista detalhou ainda mais a situação. Conforme Bueno, na traumatologia, 1.974 pessoas esperam procedimentos cirúrgicos e, na cirurgia geral, são 1.717 pessoas. Para exame de cintilografia, são 2.826 aguardando, enquanto na colonoscopia há 2.853 na espera. Nesse último caso, uma espera de 33 meses. Em termos de oferta, são 85 vagas mensais.
 
"Esses dados crescem na cidade nos últimos anos e chegaram a um ponto alarmante. Com a pandemia, tudo ficou ainda pior", lamentou Bueno, lembrando que deveria haver reforço na Estratégia de Saúde da Família (ESF), o que minimizaria as demandas principalmente de exames e cirurgias.

Outro ponto destacado pelo vereador diz respeito à falta de médicos em Caxias do Sul, algo que também aumentou significativamente. Recentemente, o Legislativo aprovou a contratação de 30 profissionais, mas o pedetista diz que o número é insuficiente.

"Hoje temos 25 profissionais em Caxias do Sul, do antigo Programa Mais Médicos. Mas foi prometido mais 11 médicos, já do atual Programa Médicos do Brasil, mas eles não virão. Pior, dos 25, ficarão apenas 13 profissionais a partir de setembro. Consegui, em Brasília, garantir pelo menos 5 médicos. Ficarão, então, 18 profissionais. Menos mal, mas a situação ainda é delicada", alertou.

Rafael Bueno ainda criticou o prejuízo de cerca de R$ 500 mil mensais despendidos pelos cofres da prefeitura em razão de a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central ter sido reformada de maneira prematura em 2019, pelo prefeito cassado, sem o aval do Ministério da Saúde. Isso está inviabilizando a vinda de recursos federais para subsidiar o funcionamento da UPA, mesmo com os apelos do município.

O parlamentar ainda citou uma carta divulgada pelo Sindicato dos Médicos de Caxias do Sul, que não concorda com os critérios que a Secretaria Municipal da Saúde estaria usando para lançar o edital do concurso para preenchimento de 30 vagas. Segundo o sindicato, "sem qualquer negociação com a categoria, um salário de R$ 7.800 para 20 horas semanais". A proposta da categoria é de R$ 12 mil para a mesma carga horária, caso contrário, indicou que os profissionais não façam o concurso. Bueno diz que essa situação acirra os ânimos.

O vereador finalizou o pronunciamento classificando como caótica a situação da saúde, porque muitas pessoas estão passando por verdadeiros calvários e morrendo na fila de espera. Diversos parlamentares se manifestaram sobre o tema levantado por Bueno, corroborando com as suas manifestações e pedindo providências.

Verbas em Brasília - O vereador também destacou sobre sua mais recente viagem a Brasília. As agendas ocorreram na semana passada e envolveram conversas em gabinetes de deputados federais e senadores, além de Ministérios, como da Saúde, do Trabalho e Previdência e do Turismo. Entre as principais conquistas: uma emenda de R$ 2 milhões para o Hospital Pompéia e outras duas que totalizaram R$ 400 mil para o Lar da Velhice São Francisco de Assis. Mais emendas deverão ser divulgadas nos próximos dias.

"Quando se vai a Brasília, não se pode enxergar cores partidárias, mas, sim, pensar que a população que mais precisa deve ter esse atendimento. E agradeço pela atenção que sempre tive em praticamente todos os gabinetes", afirmou Bueno.