De todos os espaços da Câmara Municipal de Caxias do Sul, a Casa de Leitura, Memória e Educação Legislativa (CLMEL), com certeza, é o mais calmo. Criado em 2014, na época da presidência do vereador Gustavo Toigo/PDT, tem como intuito promover acesso a obras sobre legislação, funções do Parlamento e literatura local. A casa é organizada pelo Centro de Memória e conta com mais de 1 mil exemplares disponíveis para leitura. Conteúdos de outras áreas, como filosofia, poesia, direito, infantis, acessibilidade, entre outros, também fazem parte do acervo do espaço.

Todos os livros estão disponíveis apenas para leitura no local, não sendo possível a retirada. A maioria deles foi recebida por meio de doações de entidades, órgãos públicos e autores. Antes da pandemia da covid-19, a Casa de Leitura, Memória e Educação Legislativa contava com muitas visitas de escolas e promovia oficinas e ações de estímulo à leitura e de conhecimento parlamentar. Essas atividades estão, temporariamente, suspensas, mas a expectativa é de que, em breve, possam retornar.

Além disso, a Casa de Leitura também é palco da Roda de Saberes, programa da TV Câmara Caxias voltado a abordar e debater diferentes temas de interesse da população, especialmente assuntos relacionados à área educacional. O programa tem apresentação e reportagem da jornalista Vania Marta Espeiorin.

Localizado no subsolo da Casa do Povo (Rua Alfredo Chaves, 1323, bairro Exposição), a Casa de Leitura está disponível para visitas mediante agendamento, que pode ser feito através do telefone (54) 3066-3872. Para mais informações, no site da Câmara Municipal de Caxias do Sul (www.camaracaxias.rs.gov.br), acesse o ícone “Centro de Memória”, depois o link “Acervo”, até chegar em “Casa de Leitura”.

LIVROS COMENTADOS

- O servidor Fabio Rausch, apresentador do Café com Letras, comenta algumas obras que integram o acervo da Casa de Leitura, Memória e Educação Legislativa:

• Uma Fresta no Sótão, da escritora Lisana Bertussi
• Sinopse: O romance leva-nos a um lugar de ficção interior. Costura, em tempos passados, das primeiras décadas do século XX ao início do século XXI, as vidas de três principais personagens em uma colcha de patchwork, onde a palavra e a literatura cumprem a função de linhas e pontos em cruz.
  Comentário sobre a obra: Uma Fresta no Sótão vai falar sobre o passado distante, aquele que foi deixado no porão. No livro, a autora traça uma trajetória de fases, com a presença da mãe, da avó e da neta. Mostra também como esses papéis se fundem, como uma mãe vira uma avó, e é uma filha. Um livro importante para os jovens. Instiga à reflexão sobre o que eles estão deixando no porão.

• Mirabilia, da jornalista Alessandra Rech
• Sinopse: Mirabilia se origina da palavra 'mirror' (espelho). Refere-se ao maravilhoso, aparições fantásticas, para além das fronteiras, na época das grandes expedições comerciais. Nesse livro, estão reunidas 70 crônicas selecionadas na perspectiva dos lugares do ver, do êxtase e do horror, que podem igualmente ser nomeados por 'mirabilia'. A proposta é de uma experiência subjetiva do olhar, no assombro e no encantamento com o mundo.
  Comentário sobre a obra: Em Mirabilia, a escritora, jornalista e professora Alessandra Rech retoma a forma de contação de histórias da Idade Média. Trazendo o lirismo das trovas e o ritmo da poesia para as histórias, conta Rausch. Um livro divertido, muito bom para ler nas férias.

• Precisava de Você, do autor Pedro Guerra
• Sinopse: Então, está aqui tudo o que eu guardei por algum tempo. A partir de agora, eu pretendo escrever, desde o começo, a nossa história (se é que eu posso chamar assim). O nosso (des)romance. Acho que a melhor maneira de se livrar de alguma coisa (neste caso, de alguém) é colocando para fora. Então é isso que eu vou fazer. Eu vou te exorcizar de mim. Que droga. Que droga, Gabriel Vegas. Eu gostava de você pra caramba.
  Comentário sobre a obra: Pedro Guerra, na voz de Lola Tavares, traz uma linguagem jovem e moderna ao contar a história de uma decepção amorosa na visão de uma adolescente. O livro também vai falar de todas as decepções, nos variados âmbitos da vida, mas que, nessa fase, geralmente, são vistas como o fim de tudo. “Eu indico para adultos que desejam entender o que se passa na cabeça de um adolescente, nessas situações”, sugere Rausch.

• Histórias de Minha Morte, da escritora Maya Falks
• Sinopse: Dizem que a morte é o fim de tudo. Para Leandra, foi apenas o começo. Poucas coisas são mais sutis do que o suspiro final. O inevitável destino do qual ninguém escapa encontrou Leandra aos 25 anos em uma manhã de sábado. Foi simples assim, em um minuto ela respirava, no outro, não. Ela estava morta, mas não apenas isso, ela estava morta no chão da cozinha, com a blusa levantada e os olhos abertos, como se a morte zombasse de sua fragilidade humana. Indefesa diante de uma nova realidade, Leandra se vê jogada de volta aos piores momentos de sua vida, revivendo traumas e dores para poder, enfim, encontrar a paz.
  Comentário sobre a obra: A morte pressupõe acabar. Tudo que morre finda. É uma história de várias mortes, de como uma mulher pode morrer um pouco a cada violência sofrida. A Maya traz nesse livro estereótipos muito fortes, o racismo e a constante violência contra mulher, combinados nos relatos de uma morte. Um livro muito importante tanto para homens, quanto para mulheres, para ajudar a reconhecer as diversas formas de violência. 

OUTRAS OBRAS SUGERIDAS

- A seguir, confira uma lista de leituras indicadas por profissionais da Comunicação Social da Casa e que compõem o acervo da CLMEL:

• Os Ferozes, da escritora Teresinha Rihl Tregasin 
• Nestes tempos de tecnologia da informação a plenos terabytes, uma gurizada lá de Galópolis conseguiu unir, de um lado, a pesquisa na internet e a comunicação via rede e, de outro, os métodos de investigação e desvendamento que fazem jus a um Sherlock, a um Lupin. Essa gurizada, com os hormônios todos circulando a mil, com as paixões juvenis à flor da pele, com o típico comportamento adolescente frente ao mundo, arranjou um jeito de descobrir uma coisa muito séria.

• Feito Fora de Casa, do autor José Otávio Carlomagno
• Feito Fora de Casa é um livro de sonetos, forma que agrada muito ao autor e exige trabalho árduo no polimento dos versos. A temática não foge dos livros anteriores de Carlomagno: ciência, plantas, animais, o mistério da morte, a falta de sentido da vida, devaneios, loucura, alucinações, acrescentada de preocupações com as cores, luzes e sombras.

• A louca e Outros Contos de Ônibus, da escritora Mônica Montanari 
• Prepare-se, leitor, para ser enredado numa prosa tão intensa quanto magnética. Prepare-se para ingressar no universo potente das pulsões humanas, pois é nele que transitam todas as personagens dos contos de Mônica Montanari. Elas não estão em busca de defesa, ou sequer de redenção. Há, sim, a proposta de compaixão pelos desatinos do demasiado humano de todos nós. O choque surge do impacto dos desfechos contra nossa moral e nossa ética, e nunca do mundo das personagens. Pela intensidade narrativa, pelo texto limpo e eficiente e pela ousadia de tocar temas tão crus das relações humanas, estes contos merecem as melhores boas-vindas.

• As Aventuras do Fusca a Vela, do ator e escritor Jonas Piccoli
• Ismael é dono de um ferro velho, mas sonha em voltar para o mar e cumprir sua missão. Na vizinhança, um jovem e sua turma brincam próximo ao terreno. De forma inusitada, suas histórias se cruzam por causa de uma bola. Eles, então, se juntam em um projeto: transformar um velho e enferrujado fusca em uma embarcação. Mas o que eles não sabem é que cada um tem um objetivo diferente.

• Recortes Para Álbum de Fotografia Sem Gente, da escritora Natália Borges Polesso
• Como aqueles dicionários inventados de emoções obscuras, que nomeiam sentimentos e sensações difíceis de explicar, Recortes Para Álbum de Fotografia Sem Gente compõe abundantes universos emocionais. Universos vívidos e sutis – de recheio exuberante e tão íntimo, contudo tão próximos, tão conhecidos – que recebem aqui não um nome, mas um contorno langoroso, uma fotografia em movimento, um desenho num diário de pesquisa etnográfica.

• Fagulhas, da autora e professora Marilia Frosi Galvão
• As deliciosas crônicas reunidas em Fagulhas são, antes de tudo, um atestado de riqueza temática deste gênero já versátil por natureza. Em suas narrativas curtas, a autora investe tanto no relato confessional quanto na ficção, tanto no lirismo quanto no humor. Com igual entusiasmo, arrebata o leitor em viagens encantadas por roteiros que envolvem desde sótãos e baús cheios de memórias até o imaginário de lugares e obras de apelo universal. As fagulhas presentes em cada crônica deste livro são iluminações e epifanias de uma escritora sensível e generosa na partilha de suas experiências e sonhos.