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PEM discute a violência contra a mulher durante Cine Debate

Evento aconteceu na noite desta segunda-feira (06/12), no Plenário Deputado Nadyr Rossetti


A Procuradoria Especial da Mulher (PEM) do Legislativo caxiense promoveu na noite desta segunda-feira (06/12), o Cine Debate, tendo como local o Plenário Deputado Nadyr Rossetti. O encontro teve o objetivo de debater questões em alusão à Campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as mulheres. Durante mais de duas horas, vereadoras e convidadas discutiram o tema e acompanharam a apresentação do documentário "Quem matou Eloá?". O filme trata de uma análise crítica sobre a espetacularização da violência e a abordagem da mídia televisiva nos casos de violência contra a mulher. O Cine Debate foi transmitido pela TV Câmara (Canal 16 da NET) e redes sociais do Legislativo (Facebook e Youtube).   

Para a coordenadora da PEM, vereadora Denise Pessôa/PT o caso envolvendo a jovem Eloá não seria aceito hoje em dia da forma como foi no ano do crime. "Como a gente aceitou passar por toda essa violência?", disse a parlamentar. Denise destacou ainda a importância do trabalho da Procuradoria na Câmara Municipal. "Precisamos avançar e fazer mais reflexões na PEM e trazer para o Plenário. Pesquisas apontam que 11% dos cargos políticos não estão nas mãos de homens brancos heterosexuais", afirmou.

O painel teve como debatedoras, a doutora em Sociologia/UFRGS e co-coordenadora do Grupo de Estudos Juntas Somamos/UCS, Aline Passuelo de Oliveira, a advogada Mônica Montanari e a jornalista e colunista do Jornal Pioneiro, Siliane Vieira. 

Para a doutora em Sociologia/UFRGS e co-coordenadora do Grupo de Estudos Juntas Somamos/UCS, Aline Passuelo de Oliveira, que participou de forma virtual do encontro, no caso Eloá, o discurso que circula no senso comum de forte justiçamento não se deu em relação à vítima. "O justiçamento se deu em relação a honra do homem". lamentou a pesquisadora.

A advogada Mônica Montanari, que atualmente representa a Ordem dos Advogados do Brasil/OAB junto ao Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres, destacou que a história do crime que vitimou Eloá foi contada pelo ponto de vista dos policiais e jornalistas homens e do autor do sequestro. "Ela (Eloá) não existiu em momento algum nesta história que foi contada só por homens", disse.

Para a jornalista e colunista do Jornal Pioneiro, Siliane Vieira, que é também é especializada em cinema, as histórias contadas pela imprensa na época são contadas do ponto de vista do agressor. Ela citou como exemplo um dos entrevistados do documentário. "Nada supera o que um dos entrevistados diz quando acredita em um final feliz para o caso porque é otimista. Aquilo agride tanto como se fosse uma facada na gente", desabafou. 

A vereadora Tatiane Frizzo/PSDB reafirmou a importância de debates sobre o tema para desconstruir o machismo na sociedade."Eloá foi desconstruída nesta história", lamentou. Já a vereadora Estela Balardin/PT falou sobre o contexto de maior vulnerabilidade social em que a vítima estava inserida. "A mensagem que fica é que mesmo a Eloá sendo morta, o homem ainda ficará sendo visto como a vítima da história toda", disse. Na visão da vereadora Marisol Santos/PSDB, o posicionamento da imprensa no caso pode ser analisado como um absurdo. "Qual é o papel do jornalista neste tipo de envolvimento", questionou. Para Gladis Frizzo/MDB, a imprensa não teve um bom papel no acompanhamento do caso. "Nossa sociedade é muito machista e o trabalho da PEM é muito importante para mudar essa realidade", destacou.

Para a jornalista Camila Boff, as discussões sobre a violência contra a mulher aumentaram nas redações dos veículos nos últimos anos. "O tom da cobertura hoje talvez fosse diferente". Ela comentou ainda a importância das redes sociais hoje em dia, algo que não era tão forte na época do crime. Por fim, a titular da Coordenadoria da Mulher, Tamyris Padilha, comemorou o aumento e fortalecimento dos movimentos de mulheres na sociedade. "Hoje tenho a esperança que o movimento de mulheres faria uma pressão para que este caso não fosse tão violento", disse.

A Procuradoria Especial da Mulher (PEM) do Legislativo caxiense é formada pelas vereadores Denise Pessôa/PT (presidente), Estela Barlardin/PT, Gladis Frizzo/MDB, Marisol Santos/PSDB e Tatiane Frizzo/PSDB.  

Texto: Jornalista Gabriel Lain - Mtb: 14.885

07/12/2021 - 08:27
Assessoria de Imprensa
Câmara Municipal de Caxias do Sul


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