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As necessidades das escolas estaduais ecoaram na tribuna do Legislativo caxiense, na tarde desta quinta-feira (21/03), a partir da voz de diretores, pais e estudantes de diferentes regiões da cidade. As reivindicações pedagógicas, burocráticas, de transporte e de infraestrutura foram destaque na reunião que a Frente em Defesa da Educação Pública Estadual (FDEPE) promoveu sob a condução do presidente do grupo, vereador Lucas Caregnato/PT. Elas vão compor um dossiê sobre a situação das 49 instituições de ensino mantidas pelo Estado em Caxias do Sul para ser repassado a autoridades na busca de providências. “Estamos tentando uma agenda com o governador (Eduardo Leite/PSDB) e com a secretária estadual de Educação para relatar as demandas mais urgentes”, frisou Caregnato, logo na abertura do encontro, mencionando dificuldades em obter retorno a respeito.
Também integraram a mesa de autoridades os presidentes das comissões de Educação da Assembleia Gaúcha, Sofia Cavedon/PT, e do Parlamento Municipal, vereador Adriano Bressan/PRD. “Desde o primeiro ano de legislatura, a gente vem documentando toda a situação que as escolas estaduais sofrem. Temos aí os colégios Alexandre Zattera e Cristóvão de Mendoza (problemas estruturais), e a questão dos muros no Imigrante, no José Generosi e no Henrique Emílio Meyer. Não é uma ou duas escolas. A situação é bem complexa. A gente faz nosso papel e o trabalho de documentar e notificar. Desde o primeiro ano (desta legislatura), a gente tenta uma agenda diretamente com o governador e nunca formos recebidos. E agora vem o problema maior que é do Colégio Apolinário (interditado por problemas na rede elétrica)”, lamentou Bressan, dando o tom das queixas que apareceram na sequência do encontro.
Antes de o microfone ser aberto à comunidade escolar, a presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputada estadual Sofia Cavedon/PT, fez um diagnóstico das dificuldades da educação gaúcha e uma leitura do cenário nos últimos anos:
“Em 2020 e 2021, foi uma situação agravante por causa da pandemia. Quando começamos a voltar, em final de 2021, o caos apareceu. Não é o caos de Caxias, é o caos do Rio Grande do Sul. São 2.311 escolas, sendo 2 mil com demandas importantes. Quando voltamos, criamos um observatório, um monitoramento das obras e apresentamos ao governo um relatório do que tínhamos de necessidade de obras e as de Caxias estavam. Então, trabalhamos um olhar geral e longitudinal da educação e chegamos à conclusão que o governo, no ano passado, investiu apenas 16% na manutenção e no desenvolvimento do ensino”.
A população presente que pediu a palavra detalhou exemplos desses transtornos e carências pelas quais passa atualmente nos ambientes escolares. Na direção da Escola Estadual de Ensino Médio Galópolis, a professora Grasiela Aparecida Pasinato contou que parte do pátio cedeu e o refeitório da instituição está comprometido, o que dificulta para viabilizar a merenda aos 341 estudantes matriculados. “Nossa escola está passando por situação bem delicada, além da falta de monitores e professores”, acrescentou.
Do Desvio Rizzo, o vice-diretor da Escola Estadual Ivone Lúcia Triches dos Reis não consegue acessar a verba da autonomia e de outro programa chamado Agiliza por uma questão burocrática: como o diretor saiu da função, para o vice responder pela direção daqui para frente, precisa ter seu nome como substituto publicado no Diário Oficial, só que a demora para isso já soma 60 dias. Resultado: para comprar uma borracha para uma panela de pressão do colégio, precisou contar com auxílio dos integrantes do Grêmio Estudantil, que providenciaram o dinheiro.
Alunos da Escola Irmão José Otão e diretores da União Municipal de Estudantes Secundaristas, Guilherme Mourão Peglow e Laura Motta revelaram preocupação com o novo Ensino Médio e reivindicaram agilidade nas reformas das instituições públicas. Também entregaram à deputada Sofia Cavedon uma carta com solicitações ligadas à educação.
Ao final da reunião, após contato telefônico com a secretária estadual da Educação, Raquel Figueiredo Alessandri Teixeira, a deputada Sofia informou que a titular da Seduc vai receber uma comitiva caxiense e seria só agendar uma data.
Entre os vereadores presentes, se manifestaram: Gladis Frizzo/MDB, Velocino Uez/PRD, Rose Frigeri/PT, Renato Oliveira/PCdoB, Estela Balardin/PT e as parlamentares suplentes Andressa Marques/PCdoB e Isabela Rech Schumacher/NOVO.
Além do presidente Lucas Caregnato/PT, fazem parte da FPDEPE os parlamentares Adriano Bressan/PRD, Velocino Uez/PRD, Clóvis Xuxa/PRD e Renato Oliveira/PCdoB. A Frente foi criada pela Resolução de Mesa nº 1.108/A, de 25 de abril de 2022, com duração prevista até 31 de dezembro de 2024.