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Em meio aos festejos farroupilhas, Olmir Cadore declamara poesia gauchesca

O vereador trouxe à sessão ordinária a letra Arroz de Carreteiro, de Jayme Caetano Braun


Os festejos farroupilhas da Câmara Municipal de Caxias do Sul tiveram um novo capítulo na sessão ordinária, quando, em seu início, na manhã desta quarta-feira (13/09), o vereador Olmir Cadore/PSDB declamou a poesia “Arroz de Carreteiro”. Na letra do falecido compositor tradicionalista gaúcho Jayme Caetano Braun, o parlamentar, que estava com traje típico, cantarolou acompanhado pelas cordas de violão, cuja execução coube ao músico Miro Matos.
Cadore narrou aos colegas de Parlamento a prosa, que discorre sobre o poema, em celebração não apenas à culinária tradicional gaúcha, mas, também, evocando memórias e valores culturais. Através da simplicidade e autenticidade do prato, o poeta homenageia as antigas jornadas dos carreteiros do Rio Grande, como expressou o vereador após a declamação.
De acordo com Cadore, esse alimento era uma fonte de conforto e sustento nas viagens pelo Interior do Estado. “Essas palavras são um lembrete emocional da riqueza cultural e gastronômica das raízes gaúchas” destacou. O tucano lembrou, ainda, que a programação vai até dia 19 deste mês e homenageia o tradicionalista Manoelito Savaris, ex-presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) e falecido e recentemente.
Quanto à programação do Legislativo caxiense, alusiva ao período farroupilha, ela envolve iniciativas nas sessões ordinárias, incluindo a execução do Hino Rio-Grandense. Outras atividades acontecem no Rancho do Bardoso, localizado no subsolo do prédio da Casa, próximo ao Espaço Cultural Mário Crosa, e no Parque Mário Bernardino Ramos (Pavilhões da Festa da Uva), onde uma casa típica do Legislativo encontra-se instalada. Detalhes podem ser conferidos no site institucional: www.camaracaxias.rs.gov.br ou nas redes sociais do Parlamento Municipal.

Saiba mais sobre o Rancho do Barboso e a Revolução Farroupilha
O Rancho do Bardoso recebeu esse nome, em homenagem a Vilmar Silvério Pinto (mais conhecido como Bardoso). Nascido em 13 de julho de 1934 e falecido em 22 de março de 2008, ele foi servidor e motorista da Câmara. Até hoje, com carinho, muitos funcionários recordam o grande envolvimento que ele tinha com a Semana Farroupilha. Realçam a receptividade dele, junto a colegas e à sociedade. No mês de setembro, era comum vê-lo com cuia nas mãos e trajado com bombacha e lenço, convidando os colegas a participarem de almoços e atividades tradicionalistas.
A comemoração ao referido 20 de setembro de 1835 remonta ao início da Revolução Farroupilha, conflito que durou até 1º de março de 1845, data do acordo de Ponche Verde. Os gaúchos demonstravam insatisfações políticas e econômicas em relação ao Império da época. Não concordavam com os impostos cobrados sobre charque, couros e erva-mate. Em contrapartida, produtos importados da Argentina e do Uruguai recebiam incentivos do governo.

Poema “Arroz de Carreteiro”, por Jayme Caetano BraunArroz de Carreteiro
Jayme Caetano Braun

Nobre cardápio crioulo das primitivas jornadas,
Nascido nas carreteadas do Rio Grande abarbarado,
Por certo nisso inspirado, o xiru velho campeiro
Te batizou de "Carreteiro", meu velho arroz com guisado.

Não tem mistério o feitio dessa iguaria bagual,
É xarque - arroz - graxa - sal
É água pura em quantidade.
Meta fogo de verdade na panela cascurrenta.
Alho - cebola ou pimenta, isso conforme a vontade.

Não tem luxo - é tudo simples, pra fazer um carreiteiro.
Se fica algum "marinheiro" de vereda vem à tona.
Bote - se houver - manjerona, que dá um gostito melhor
Tapiando o amargo do suor que -
às vezes, vem da carona.

Pois em cima desse traste de uso tão abarbarado,
É onde se corta o guisado ligeirito - com destreza.
Prato rude - com certeza,
mas quando ferve em voz rouca
Deixa com água na boca a mais dengosa princesa.

Ah! Que saudades eu tenho
dos tempos em que tropeava
Quando de volta me apeava
num fogão rumbeando o cheiro
E por ali - tarimbeiro, cansado de bater casco,
Me esquecia do churrasco saboreando um carreteiro.

Em quanto pouso cheguei de pingo pelo cabresto,
Na falta de outro pretexto indagando algum atalho,
Mas sempre ao ver o borralho onde a panela fervia
Eu cá comigo dizia: chegou de passar trabalho.

Por isso - meu prato xucro, eu me paro acabrunhado
Ao te ver falsificado na cozinha do povoeiro
Desvirtuado por dinheiro à tradição gauchesca,
Guisado de carne fresca, não é arroz de carreteiro.

Hoje te matam à Mingua, em palácio e restaurante
Mas não há quem te suplante,
nem que o mundo se derreta,
Se és feito em panela preta, servido em prato de lata
Bombeando a lua de prata sob a quincha da carreta!

Por isso, quando eu chegar,
nalgum fogão do além-vida,
Se lá não houver comida já pedi a Deus por consolo,
Que junto ao fogão crioulo,

Quando for escurecendo, meu mate -amargo sorvendo,
A cavalo nalgum tronco, escute, ao menos, o ronco
De um "Carreteiro" fervendo.

13/09/2023 - 14:29
Assessoria de Imprensa
Câmara Municipal de Caxias do Sul

Editor(a): Fábio Rausch - MTE 13.707
Redator(a): Leonardo Iob de Oliveira

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