VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Caros vereadores, eu gostaria de trazer uma questão que... Escutei todos até aqui atentamente e percebi que algo passou batido aqui. O que passou batido? Passou batida a incompetência estatal. Essa incompetência que o Partido Novo e os liberais tanto falam. O que é a incompetência estatal? Foi pego... Olha, quando a gente pega um empréstimo, a gente tem que saber para que está pegando um empréstimo. E pelo o que se sabe aqui, foi pego empréstimo para reformar os colégios, construir, como bem foi dito. Ontem, eu estava com o vereador Bressan, e encontramos a diretora e disse que teria que construir um colégio novo. Então, quando foi pego esse empréstimo, caros vereadores, foi para fazer alguma coisa. Concordam comigo? Acho que todos concordam. Isso foi muito antes de 23/06/2020. Em 23/06/2020, veio a outorga, veio o empréstimo, o dinheiro liberado. Pois bem, se passaram seis meses, e agora nós estamos aqui há duas horas discutindo o que vamos fazer com o dinheiro. Porque a incompetência estatal nos trouxe até aqui mais uma vez. Então a escola não foi concluída. Tem-se uma batalha aqui de, digamos assim, eles são a favor da educação e esses são contra. Que foi o que aconteceu ontem, a gente viu aí, acho que todo mundo recebeu mensagem que parece que a gente é contra a educação. Não. Não, os liberais não são contra a educação; os liberais são contra a incompetência estatal. Isso a gente tem de sobra no nosso país. São milhões de reais parados, crianças poderiam já estar no colégio com segurança. Mas não, nós precisamos de burocracias. Nós precisamos perder tempo aqui nesta Casa discutindo a incompetência estatal. E aí vocês me perguntam: “Mas, Marcon, o que a gente pode fazer nesse sentido?” E eu vou ter esse tempo aqui para contar para vocês uma solução que o PT deu para o país. E aqui eu parabenizo o PT, que foi o Prouni. O Prouni é um programa estatal de ensino privado. Olhem só, foi o PT que inventou isso? Não. Foi Milton Friedman, Nobel de Economia na década de 70, meus caros colegas. O que é o Prouni? O Prouni é uma educação estatal em colégio particular criado pelo PT e aplicado na nossa cidade. Vejam vocês, temos creches particulares que o Município compra vagas. Alguém aqui é contra essa prática? Alguém é contra? Eu acho que não, eu acho que nem a bancada do PT é contra. Eu acho que a gente tem que tentar resolver os problemas da nossa cidade. Construir escola é importante? É importante. Eu acho que é importante, mas será que o Estado, e quando eu digo Estado eu digo Município, precisa correr atrás de um empréstimo, pegar o empréstimo, perder os prazos, não saber o que vai fazer com o dinheiro, comprar máquina porque perdeu os prazos. Será que as crianças têm quanto tempo esperando isso? E eu estudei em escola estadual, não pensem vocês que o Marcon aqui que tem uma microlojinha é milionário, como alguns pensam, que não entende de educação. Eu estudei no João Triches e no Santa Catarina. Então o que eu sugiro aqui? Eu sugiro e eu sei que não vai ser este governo, talvez não seja nem na minha geração, mas eu sugiro que... Todos dizem que estão preocupados com a educação, “a minha preocupação é a educação, eu vim para cá por causa da educação” e é educação pra lá e é educação pra cá, e nós continuamos fazendo os mesmos erros há décadas. Os nossos índices educacionais, no Brasil, são péssimos, péssimos e só pioram. E aqui não é governo petista, governo psdebista, não é; é o modelo que está errado, o modelo. “Ah, Marcon, mas e aí nós vamos ter dinheiro para aplicar?” E eu digo para vocês, eu tenho uma palestra, se um dia os colegas se disponibilizarem sobre vouchers, eu venho aqui e apresento para vocês até a título de conhecimento. Eu fiz os dados de 2015 de uma escola primária, em Caxias do Sul, estadual versus a escola mais cara particular em Caxias do Sul mostram que a escola particular custa 30% a menos, a menos, senhores, que a escola pública. Se vocês pudessem... E a sociedade faz essa escolha. Quem tem essa oportunidade... Eu já peço a Declaração de Líder.
VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Permite um aparte, vereador Marcon?
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Só vou terminar o raciocínio, meu caro vereador.
PRESIDENTE VELOCINO UEZ (PTB): Declaração de Líder, bancada do Novo. Permanece com a palavra Marcon.
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): E a sociedade como um todo, quando tem o poder de escolha, escolhe colocar os filhos na escola particular. E aí nós falamos em desigualdades, nós falamos que todos têm que ser iguais, mas quando, lá atrás, quando as crianças são pequenas, nós colocamos as nossas crianças... E aqui são dados; não são críticas, a escola particular oferece o ensino melhor. Isso não é o Marcon que está falando. Se vocês pegarem as notas, vocês vão ver. Um liberal parte do pressuposto que todos têm que ter a mesma linha de início, todos têm que ter a mesma oportunidade de início. O comunismo, e aqui eu não estou criticando, eu só estou dizendo no que se acredita, acredita que todos têm que ter o mesmo fim, independente do caminho traçado. Então eu volto a dizer, senhores, nós estamos perdendo tempo, dinheiro e o futuro das nossas crianças, porque nós mantemos um sistema ineficaz, um sistema que já é nítido que não funciona, sendo que alguém aqui condena o Prouni? Eu acho que não. Eu acho que a minha prima, por exemplo, que não tem condições financeiras se formou pelo Prouni. Custou mais barato. Então, como eu estava falando para vocês, esse estudo eu gostaria de passar para vocês um dia. Se vocês pegarem o quanto é gasto por aluno no Estado, ok, os dados são de 2015, mas eu posso atualizá-los, quanto é gasto por aluno, e vocês olharem e estadual e particular, o melhor colégio de Caxias do Sul 30% mais barato do melhor colégio. Aí vocês vão me dizer: “Marcon, mas não tem escola para todos.” É óbvio que não tem escola para todos. Como quando começaram, digamos, os aplicativos, as coisas se equilibram, o mercado equilibra. Mas o que nós vamos fazer até lá? Existe outra coisa, caros colegas, que é muito inteligente: O Estado não consegue fechar um buraco. O Estado não consegue arrumar uma escola. O Estado constrói, como muito bem falou o vereador Camillis, um absurdo de 18 mil litros, dois, são dois... Dinheiro desperdiçado, dinheiro para o lixo. Dinheiro que nós, comerciantes trabalhadores pagamos, vai para o lixo. Porque vai ficar lá o resto da vida, aquilo lá vai apodrecer. Se um dia precisar usar, vai estar podre, porque não tem manutenção. Então o Estado faz isso conosco. E aí, como eu estava dizendo, vocês pensam “mas, como é que nós vamos colocar essas crianças...” Será que não tem escolinha particular, vereadora Marisol, para colocar as nossas crianças? Se não tiver, eu tenho certeza de que o empresariado vai abrir, porque a Prefeitura vai dar um voucher, aí a mãe vai escolher onde botar o filho. “Ah, mas não vai ter. Não vai ter.” O que nós podemos fazer com as nossas escolas? É outro ponto importante. “Charter Schools.” Mas Marcon, o que é esse nome difícil? Já me falaram: “Não usa esse nome, porque o pessoal não entende.” Administração privada. Será que o Estado, como eu vinha dizendo, que constrói absurdo, como o vereador Camillis falou, que não consegue ter manutenção alguma sobre as obras, será que se nós terceirizássemos a manutenção e cobrássemos resultado desse ente que vai cuidar não seria melhor? Se nós pegássemos, por exemplo, vereador Lucas, se nós pegássemos, por exemplo, o colégio do Carmo para cuidar dessas escolas, mantendo os diretores... Eu digo, por exemplo, se a escola precisa de papel higiênico, tem que se abrir uma licitação; se a escola precisa de um PPCI, tem que se abrir uma licitação; se a escola precisa de um quadro, tem que se abrir uma licitação. Será que não dá para ter um ente que cuide disso de forma privada, o Estado repasse o recurso, a escola segue privada, e nós aqui desta Casa e a sociedade como um todo faz exigência sobre esse cuidado? Porque o que acontece aqui? E eu já estou finalizando e vou lhe dar o aparte, caro vereador Lucas. A gente grita, a gente fala, a gente reclama, a sociedade vai assistir nós pela TV e vai dizer: “Pô, esse pessoal aí está lutando.” E a gente sabe que nada acontece. Nada acontece. Daqui a dez anos, vão ter outros vereadores aqui e vão ter os mesmos problemas. Vai ter escola caindo os pedaços. Vão ter obras sendo feitas sem necessidade. Vai ter financiamento sendo pego que não vão conseguir gastar o dinheiro por causa da incompetência. Será que não chegou a hora de nós tentarmos uma alternativa diferente? De nós tentarmos resolver o problema de forma corajosa e verdadeira? Eu acho que chegou. Então eu fico feliz de ter feito 5.618 votos, de essas pessoas que votaram em mim ter uma voz para tentar, de verdade, resolver o problema. Porque eu acho que a sociedade como um todo está cansada. E, como a gente bem encontrou ontem a diretora, caro vereador Bressan, a gente via nos olhos dela o cansaço, a descrença com o poder público. Ela olhou para nós desanimada com o que está acontecendo. E eu me coloquei no lugar daquela pessoa e eu entendi o desespero que deve ser ter uma escola caindo os pedaços, tu vês os teus alunos correndo risco. Eu tive professores maravilhosos na minha vida, então, eu entendi e me compadeci do problema dela. Então eu quero dizer, caros colegas, que eu vim até esta tribuna fazer esse apelo que a gente repense o nosso modelo, se não a gente vai ficar enxugando gelo para sempre. E eu acho que chegou essa nossa Legislatura, cara vereadora Marisol, ela é uma Legislatura que parece que o pessoal está engajado em resolver os problemas. Então quem sabe na nossa vida, gente, quando a gente tem um problema e nada é solucionado, a gente tenta fazer de forma diferente. Então eu sugeriria ao poder público, neste momento, que ampliasse este programa que é feito nas escolinhas daqui a pouco para essas escolas que estão caindo os pedaços. Será que não dá para a gente tentar o modelo de 10% das crianças, colocar em escolas particulares que o governo pague? Será que a gente tem que construir do parafuso até o quadro escolar? Será que não tem pessoas capacitadas que façam isso fora do governo? Lembrando que é mais barato. Então eu trago esse raciocínio para vocês, porque eu vim para cá, pessoal... Eu digo para vocês, eu estava bem na minha lojinha, eu estava confortável. O Scalco, meu colega, é lojista, a gente sabe dos desafios, a gente se incomoda bem mais. Eu vim para cá para tentar trazer uma ideia diferente. E eu acho que hoje... E eu me sinto muito feliz nesta primeira sessão extraordinária que a gente tem, eu me sinto de alma lavada, caros vereadores, porque eu tenho a ideia de resolver os problemas. Eu acho que discurso está cansativo, e ontem, para finalizar mesmo, vereador Lucas, eu já lhe concedo o aparte, ontem, eu tive um desgosto tão grande quando eu vi que algumas pessoas acusavam eu e acredito outros vereadores de nós estarmos privilegiando máquinas. Isso não é verdade. Chegou-se num ponto, aqui, que se tem uma escolha: ou se perde o recurso, ou se compram as máquinas. Então ninguém aqui é contra a educação. Eu acho que esse discurso é muito raso, é muito raso e é muito baixo. Se alguém defende educação, vocês podem ter certeza... E defende de verdade. Não aqui, oh. O gogó é lindo, né? O gogó é lindo. Então, se alguém defende a educação, vocês podem ter certeza que esse cara sou eu. Ficou bonito, hein? Roberto Carlos. Vereador Lucas, desculpa a demora aí, mas eu não queria terminar... Não concluir o raciocínio.
VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Vereador Marcon, agradecer o seu aparte, o senhor ter me autorizado a fazer aparte. O senhor falou na sua palestra. Eu gosto muito de aprender, eu me disponho a participar da sua palestra. Tem um termo da administração, que eu acho que é case, o pessoal da administração usa, que são esses exemplos bem-sucedidos ou não, enfim, de gestão. Eu queria propor aqui para a Câmara e para o senhor para que a gente fizesse uma rodada de palestra com diretores de escolas municipais que têm ótimos resultados no Ideb ou na Prova Brasil, por exemplo, diante da realidade e das condições das nossas escolas públicas municipais. O senhor fala, faz essa comparação da rede privada, o serviço privado com a rede pública. Eu quero lhe dizer que vários dados, várias pesquisas apontam que, diante da realidade que nós temos, diante da realidade dos alunos, das condições, de problemas da burocracia que nós temos, sim, e isso emperra muitas vezes que as coisas aconteçam, nós temos uma ótima educação diante dessa realidade. Que pode ser muito maior. Mas quero lhe dizer que no nosso município nós temos exemplos muito bem-sucedidos da rede municipal, de gestão de colegas diretores que trabalham e que se esmeram para que dê certo, para que os nossos alunos sejam acolhidos e que a gente tenha uma educação pública de qualidade. Acho que o fim também é diferente, o fim da educação privada. O senhor citou o Carmo; mas, se a gente pegar uma escola confessional, ela vai ter um fim inclusive administrativo, diferente, que não é de gerar lucro em relação a uma escola da rede privada. Eu não estou criticando a questão do lucro, enfim. Não é isso. Mas é só para a gente discutir. Então acho importante essa discussão, acho que a gente precisa fazer. Mas eu gostaria, já que o senhor está se mostrando sensível, de que a gente pudesse pensar nos bons exemplos para que a gente possa avançar e, a partir desses cases, desses exemplos, dessa gestão bem-sucedida de várias escolas a gente possa utilizar...
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Obrigado, vereador Lucas. Só para finalizar então, pessoal, que fique claro que aqui não existe crítica a diretores de escola, nada disso. O meu intuito é que eles tenham mais recursos para fazer um bom trabalho, que eu sei que fazem. Se nós déssemos um chevette para o Schumacher correr uma fórmula 1, ele ia chegar lá em último. Se nós déssemos uma Ferrari ele ia ser campeão. E eu tenho certeza que os nossos diretores, se tivessem todas as condições, iam tornar nossas crianças campeãs. Muito obrigado.