VEREADOR SANDRO FANTINEL (PATRIOTA): Senhor presidente e nobres pares. Eu vou fazer uma colocaçãozinha aqui bem curta, sem muita polêmica. Uma coisa que eu nunca gostei... Eu acho muito bonito, e sou bem sincero, acho muito bonito a bancada da esquerda que tenta sempre proteger e encontrar um jeito de ajudar os menos favorecidos. Isso é nobre, é nobre. A única coisa que eu volto, eu sou uma pessoa que se baseia sempre em dados, eu falo sempre com base, eu nunca, como vereador, uma vez disse, sem achismo, falar com base. A nossa sociedade é constituída com direitos e com deveres. A balança nacional só se equilibra, e um país só é equilibrado nas suas leis, nas suas formas de agir e crescer se a balança estiver equilibrada. Infelizmente, não querendo fazer uma crítica, e, se for uma crítica, espero que seja construtiva, eu nunca vi nem em âmbito municipal, nem em âmbito estadual e nem em âmbito federal, muito menos no federal a bancada da esquerda pronunciar a palavra deveres. Eu nunca vi a esquerda em nenhum lugar do país falar “temos deveres, as pessoas têm deveres, têm que cumprir seus deveres.” Nunca vi. Esses últimos 20 anos, meus nobres colegas, as nossas crianças nos colégios, os nossos jovens que antes diziam “sim, senhor” para o professor, “pai, dá uma bênção?”, hoje, eles mandam o professor lá naquele lugar e dizem para o pai ficar bem quieto se não quer apanhar. Por quê? Porque todas as leis criadas pelo governo de esquerda ensinaram o povo e as crianças a ter direitos. Não que não deva ter direitos, eu concordo, tem que ter. Mas para cada direito é importante ensinar que temos um dever a cumprir. E a nossa população, e hoje eu falo gente com 30 anos, porque se passaram os anos, a gente vê que essas pessoas de 30 anos não sabem o que é dever, mas todas elas sabem o que é direito. Quando acontece um acidente na rua, senhor presidente, um acidente de trânsito, o que a gente ouve as pessoas quando saem fora do carro dizer? “Porque eu tenho direitos.” Eu nunca vi alguém sair for e dizer: “Eu tenho deveres e o meu dever eu não cumpri.”
VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Um aparte, vereador?
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PATRIOTA): Já lhe passo. Então, nós temos que começar a pensar o seguinte... Outra coisa que eu não gosto e fico de uma certa forma ofendido até é esse vitimismo: “Ah, porque coitados! Ah, porque eles não têm!” Eu não tenho culpa se eles são coitados, a minha família não tem culpa se eles não têm. Acredito que a família de muitos aqui também não tenha culpa. Eu, queridos e nobres colegas, graças ao bom Deus que eu tenho fé e acredito e aos ensinamentos do meu avô e dos meus pais e o que eles fizeram no passado para eu ter o que eu tenho hoje, eu poderia ter cinco filhos, eu teria condições de sustentar os cinco e dar faculdade para os cinco, mas eu só tenho um, e vocês sabem por quê? Porque eu tenho responsabilidade, porque eu sei que lá na frente pode ter uma crise muito feia e eu possa talvez não ter as condições para dar para esses cinco filhos aquilo que eles merecem ter. Então eu decidi ter um só. Queria ter um casal, mas decidi ter um só, por quê? Porque me preocupo com o futuro. Agora, tem pessoas que não tem condições de ter um filho e tem cinco. Então te deixo a palavra, nobre colega, era só isso que eu queria dizer: eu sou a favor que o passe termine, porque eu acho que a justiça deve ser igual para todos.
VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Só, vereador, o senhor disse que ia trazer dados, eu não escutei os dados que o senhor disse que se referiria quando o senhor falou que a esquerda, que a bancada da esquerda propõe, cobra muitos deveres, desculpa, direitos. Em muitas construções de leis, a esquerda participou e defende de forma muito severa que os deveres sejam cumpridos por todas as pessoas. Inclusive, nesta Casa, inclusive em várias construções que foram feitas aqui na nossa cidade. Por fim, o senhor fala da questão da escola e de que a gente tem, nesse sentido, uma inversão de valores, a LDB, que é a Lei de Diretrizes e Bases, foi promulgada em 96 com a participação, com a ampla participação da sociedade e promulgada pelo presidente que era do PSDB à época, uma lei que vigora até hoje. Então só para dizer, para a gente ter isso bem nítido entre nós...
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PATRIOTA): Presidente, eu peço uma Declaração de Líder.
VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Posso concluir, vereador Fantinel? Então, com todo o respeito que eu tenho, aqui, nós fazemos o bom debate. O bloco, o senhor fala o bloco da esquerda, na verdade não sei, nós somos aqui o PT e o PCdoB, que são partidos de esquerda.
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PATRIOTA): Não, mas eu generalizei nacionalmente.
VEREADOR LUCAS CAREGNATO (PT): Ótimo! Bom, poderíamos divergir, mas, enfim, está tudo certo. Só acho importante, já conversamos sobre isso e não, de forma alguma entendo, defendemos ou trazemos essa questão do vitimismo, bem pelo contrário, aqui nós estamos falando de todos. Agora, a gente precisa discutir a questão social. O senhor disse, o senhor usou o seu exemplo, eu não gosto muito de exemplificar pela nossa realidade, o senhor usou o seu exemplo de que a sua família trabalhou e foi importante para as conquistas que o senhor teve. Eu já citei nesta Casa e gosto sempre de trazer o exemplo, eu sou filho adotivo, o meu Caregnato, ele vem, porque eu fui adotado, e a minha família biológica, a minha mãe, elas são primas, ela teve sete filhos, e ela teve sete não por relaxamento. Por que minha mãe Maria teve quatro e a minha mãe biológica teve sete? Porque a minha mãe Maria teve condições, teve instrução, teve uma série de questões, e a minha mãe biológica não teve. E, desses sete, nenhum conseguiu concluir sequer o ensino fundamental. Então acho que é um elemento importante, que às vezes a gente fala de vitimismo e a gente precisa considerar a realidade das coisas e das pessoas. Então eu só queria trazer isso, porque eu acho importante a gente pensar na complexidade que se tem nessa questão social.
VEREADOR CLOVIS XUXA (PTB): Um aparte, vereador?
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PATRIOTA): Pode falar, Xuxa.
VEREADOR CLOVIS XUXA (PTB): Voltando, assim, no nosso tema, que o nosso tema é redução de passagem, falando do passe livre e vendo a Dona Rose falando, me surgiram várias ideias. Que teríamos que descentralizar a cidade, assim, nós podemos vim com essa redução do passe livre. A nossa cidade não tem mobilidade, não é Dona Rose, está sem mobilidade a nossa cidade. E para fazer mobilidade na nossa cidade seria muito caro, se tornaria muito caro. Então propus à Prefeitura Municipal, nosso prefeito que, então, faça a descentralização, vamos falar da cultura, podemos descentralizar a cultura. No Bairro Serrano, temos um espaço enorme que é o Centro Social Urbano, na zona norte tem um espaço enorme para podermos ocupar com a cultura, para evitarmos, então, que a periferia venha até o centro da cidade. Parabenizo a Dona Rose por estar colaborando com suas palavras, que a descentralização seria um caminho.
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Um aparte, vereador?
VEREADOR CLOVIS XUXA (PTB): E também nós teríamos que descentralizar a nossa saúde. Está muito centralizada a nossa saúde. Nós precisamos fazer mais UPAs nos bairros da nossa cidade, onde evitaria nós estar vindo até o centro de Caxias do Sul, aí, sim, poderia ser uma redução de passagem que não ocuparia tanto esse passe livre. Obrigado, vereador.
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PATRIOTA): Pode falar, Marcon.
VEREADOR MAURÍCIO MARCON (NOVO): Eu gostaria de citar algumas coisas que eu concordo com o vereador Caregnato sobre a questão de marginais que andam no domingo no transporte público. Eu acho que marginais existem em todas as faixas sociais, inclusive, da mais pobre a mais rica. Nós tivemos, inclusive, vereador Fantinel, um ex-presidente que foi preso, que é um marginal de colarinho branco. Então não dá para generalizar a questão de marginais. Eu acho que, sim, existem pessoas e a grande maioria é de bem, como os políticos também, acho que a grande maioria é pessoa que quer o bem da sociedade, mas existem alguns marginais. Então quando a gente generaliza a gente sempre está errando. Concordo com o vereador. Acho que não dá para dizer que o passe livre vai ser tirado por causa de alguns marginais, concordo com isso. Sobre... A gente fala muito em descentralizar, eu gostaria de trazer o que é feito no mundo para resolver. O vereador Xuxa acabou de dizer que a gente precisa descentralizar, eu discordo, vereador, e vou lhe dizer por quê. A gente precisa centralizar, sabe por quê? Porque existem leis nesta cidade, inclusive, que proíbe que prédios sejam feitos altos no centro, altos aqui perto. Então as pessoas moram cada vez mais longe, longe, longe. E o que acontece? O poder público tem que pegar um ônibus para sair do centro para ir lá naquele bairro que são 30 minutos, sabendo que poderia ser construído aqui no centro. Eu dou um exemplo, na frente da minha casa tem um terreno, eu moro no Pio X, sempre morei ali, são três terrenos, poderia ser construído um arranha-céu de 40, 50, 60 andares, o Plano Diretor não permite. Todos os países desenvolvidos, Caxias do Sul não permite. Então o que acontece? A gente, as pessoas mais humildes, que poderiam morar no Pio X, porque um prédio de 40 andares poderia ter apartamento de 60, 70 mil. Aí elas têm que morar Canyon, tem que morar o mais longe possível, porque tem esse tipo de bobagem que a gente aprova aqui. Aí quando a gente aprova, por exemplo, a Câmara Federal foi aprovar um projeto maravilhoso... Acho que foi a vereadora Rose que falou da questão que não tem saneamento. Não sei se foi tu, vereadora Rose. A gente tem que lembrar que o PT votou contra o projeto marco do saneamento, que vai levar água tratada para toda a população. Então, gente, é lindo, os discursos são lindos aqui: descentralizar, combater a desigualdade, chegar cultura nos rincões da cidade. Mas quando a gente tem medidas que podem ser aprovadas, a gente teve a bancada do PT, por exemplo, votando completamente contra o marco do saneamento, que vai levar água tratada para esses lugares. Então a gente tem que ter responsabilidade quando a gente está aqui, a gente tem que ter responsabilidade quando a gente vota. E eu vim para cá, vereador Xuxa, para mudar alguns paradigmas. Então para finalizar, vereador Fantinel, esse papo de descentralizar é muito legal. Eu acho ele um papo encantador, e a esquerda tem esse papo, esse conto de sereia. Mas se a gente pegar exemplos no mundo... Eu tive a oportunidade de conhecer Nova York já, vereador Xuxa. São arranha-céus enormes, moram milhares de pessoas. Tem restaurante embaixo, mercado, saúde, cultura, tudo aperto. A pessoa não precisa andar 50 quilômetros para ter. Então eu queria dizer que a gente tem que mudar alguns paradigmas. Eu sou totalmente favorável que todas as pessoas tenham acesso à cultura, ao saneamento, à saúde, à educação. Então a gente tem que... O modelo que o Brasil tem hoje não funcionou. Quem sabe a gente começa a dar exemplo na nossa cidade mudando algumas coisas. Obrigado, vereador Fantinel.
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PATRIOTA): Bom, eu só quero complementar, senhor presidente, o nobre colega Lucas. Eu compreendo, na situação da sua mãe, como você falou, a mãe biológica e tal, porque eram outros tempos. Há uns 15 anos, mais ou menos, ou 20, se eu não estou enganado, gostaria que alguém me ajudasse, porque esse dado eu não tenho. Mas eu imagino que entre 15 a 20 anos para cá todos os postos de saúde, todos, repito, os postos de saúde e hospitais fornecem todos os anticoncepcionais e preservativos gratuitamente. Gratuitamente para as pessoas humildes. Então podem se cuidar, sim. Nós não temos culpa se a população cresce extremamente e a cidade não tem condições de dar o bom e o melhor para todo mundo de uma forma igual. Então era isso, senhor presidente.