VEREADOR ALCEU THOMÉ (PTB):
Senhor presidente e senhores vereadores, vereadoras e público que nos assiste pela TV Câmara Canal 16 e pelas redes sociais.
Senhor presidente, o assunto que estou trazendo a este plenário é, no momento, sem dúvida, da mais alta relevância. Trata-se da grande quantidade de árvores existentes nos nossos parques e praças do município que se encontram totalmente tomadas pela parasita mais conhecida como erva-de-passarinho.
É uma planta que se instala nas árvores e se alimenta roubando a seiva de sua hospedeira, e não escolhe qual será, atingindo muitas espécies. É considerada uma parasita, e a média de tempo que a hospedeira sobrevive após ser infectada é de 5 a 10 anos, e, quando morre, a erva-de-passarinho morre junto.
A disseminação dessa planta ocorre por meio dos pássaros, pois seus frutos são mais doces que os outros, e as fezes das aves incentivam a germinação da semente.
Em matéria publicada pelo jornal Gazeta do Povo, o professor de propagação e morfogênese de árvores da Universidade Federal do Paraná, Flávio Zanette, relata em estudo sobre a erva-de-passarinho na cidade de Curitiba, e afirma que, em 20 anos, 80% das árvores do município irão desaparecer em decorrência dessa parasita.
Em uma rápida vistoria que realizamos na praça da prefeitura e no parque Getúlio Vargas, verificamos uma quantidade enorme de árvores que estão infestadas por essa praga invasora. As consequências são visíveis ao meio ambiente, encontramos árvores totalmente secas, outras com galhos quebrados, muitas estabilizaram seu crescimento. É incrível como essa parasita é extremamente agressiva, ela começa se enrolando ao redor das árvores, e, conforme os anos vão passando, vai se fortalecendo a ponto de formar um cipó enorme trançado nos troncos e galhos das árvores. A esta altura, a espécie hospedeira já está dominada, com poucos anos de vida pela frente.
Gostaria de convidar os vereadores para que juntos possamos realizar uma visita de 10 ou 15 minutos no Parque Getúlio Vargas, e já será tempo suficiente para se ter uma breve noção do tamanho do estrago que essa erva invasora está promovendo nos nossos espaços públicos.
Os prejuízos hoje já são incalculáveis, o índice de hospedeiras envolvidas por este parasita é assustador Eu diria que já podemos considerar como uma situação fora do controle do município, avaliando que ainda não surgiu nenhum método inovador que consiga erradicar essa espécie invasora. Em um levantamento fotográfico que realizamos, já foi possível constatar um índice parasitário alarmante infestando a arborização em apenas dois espaços públicos. No entanto, se somarmos todas as áreas de domínio do município, possivelmente encontraremos milhares de árvores nas mesmas condições. Agora gostaríamos de mostrar algumas fotos que tiramos na praça da prefeitura e no Parque Getúlio Vargas.
Para finalizar, quero sugerir à Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMMA), que procure estabelecer alguma parceria com as universidades do município, com o intuito de descobrir alguma forma nova de combater essa praga sem agredir o meio ambiente. Os métodos conhecidos, como a poda, são inviáveis, por serem muito onerosas e de execução complicada, além disso, por se tratar de uma atividade em muitos locais de difícil acesso, as operações se tornam de alto risco.
Pelos motivos aqui relatados, quero afirmar que ficarei no aguardo por ações enérgicas por parte da Secretaria do Meio Ambiente acerca desse tema de tanta relevância.
(Texto fornecido pelo orador.)
VEREADOR ADILÓ DIDOMENICO (PTB): Permite um aparte, vereador?
VEREADOR ALCEU THOMÉ (PTB): Estamos conseguindo abrir as fotos para mostrar para os senhores, mas, enfim, estivemos fazendo uma visita no parque e soubemos da quantidade de árvores que estão enfestadas com essa praga. Certamente a grande maioria das árvores do nosso parque e de nossa cidade irão desaparecer em poucos anos pela grande quantidade de infestação que está ocorrendo na nossa cidade de Caxias do Sul. Não é tão visível, porque ela tem a mesma cor das árvores, não é. Então, às vezes, ela passa despercebida, mas a gente vê uma grande quantidade de árvores que certamente iremos perder dentro de pouco tempo. Isso faz com que haja essa preocupação. Nós estivemos com alguns vereadores também que nos acompanharam e, certamente, deixaram todos preocupados. Eu pediria ao vereador Adiló, que tinha pedido a palavra, que se manifestasse também sobre o que ele pode observar.
VEREADOR ADILÓ DIDOMENICO (PTB): Obrigado, vereador Thomé. Dizer aos colegas vereadores que a gente não se dá conta e o vereador Thomé levantou esse assunto. Nós percorrermos, em companhia do vereador Bandeira, Velocino e do vereador Thomé, e é impressionante. Observem aqui nesse Largo da Praça defronte à Prefeitura o que tem de árvore morta já e árvore já em processo de secagem, que já está se extinguindo. Como disse o vereador Thomé, quando morre a árvore, o parasita morre junto. O que me chama atenção é que ela não agride o Pinus elliottii e o eucalipto, não percebi até agora. O plátano e todas as demais árvores são vítimas dessa parasita, mas o Pinus elliottii e o eucalipto, que também são árvores invasoras, não se têm. Pelo menos até agora, não tem registro.
VEREADOR KIKO GIRARDI (PSD): Um aparte, vereador?
VEREADOR ADILÓ DIDOMENICO (PTB): Agora, é impressionante o estrago que ela está fazendo. É alarmante. Se vocês olharem aqui de cima da Câmara de Vereadores, vocês vão ver que o parque está tomado. Toda aquela flor mais clara, porque ela está em floração agora, é erva de passarinho. Tomou conta do parque. Aqui na frente, o que já tem de árvore morta, observem. Eu também confesso que o vereador Thomé levantou esse assunto e eu comecei a observar, é alarmante. Precisa ser replantada urgente, mas alguma providência tem que ser tomada. No passado, quando esse assunto começou a ser tratado, o secretário do Meio Ambiente era o Dallegrave, houve na época muita resistência dos biólogos. Então, tem horas que a gente tem que ficar com o pé atrás com algumas teorias: Não pode podar, não pode fazer isso, não pode fazer aquilo. Nós não vamos precisar podar. Logo ali adiante, não vai precisar podar, porque vão morrer todas as árvores. Obrigado pela participação e pelo aparte, vereador Thomé.
VEREADOR ALCEU THOMÉ (PTB): Vereador Bandeira.
VEREADOR ARLINDO BANDEIRA (PP): Vereador Thomé, obrigado pelo aparte.
VEREADOR ADILÓ DIDOMENICO (PTB): Uma Declaração de Líder, senhor presidente, da bancada do PTB, para que o vereador Thomé possa continuar.
PRESIDENTE RICARDO DANELUZ (PDT): Segue o vereador Thomé em Declaração de Líder ao PTB.
VEREADOR ALCEU THOMÉ (PTB): Com a palavra, o vereador Bandeira.
VEREADOR ARLINDO BANDEIRA (PP): Obrigado, vereador Thomé, mais uma vez. Vereador Thomé, isso parece... Daqui a pouco a gente pensa, uma brincadeira, se assim podemos dizer, uma coisa que muitas vezes as pessoas não acreditam numa situação dessas ou acham que é uma coisa tranquila, mas não é.
VEREADOR VELOCINO UEZ (PDT): Um aparte, vereador?
VEREADOR ARLINDO BANDEIRA (PP): Não é não, porque eu tenho uma experiência como morador do interior e uma experiência, eu tenho um limoeiro lá em casa, vou dar um exemplo bem simples, e aí quantas vezes tive subir nesse limoeiro para cortar essas ervas de passarinho. E olha, tem que cortar o galho fora, porque se deixar, só tirar as pontinhas e um pouquinho aí, cortar as pontas dela não adianta, ela vem de novo, ela brota, ela cria uma... vai criando umas raízes em cima, umas batatinhas em cima, umas bolinhas na árvore e ela vai criando raízes e vai fazendo aquela galhada toda e mata a árvore. Olha, isso aí é uma coisa que tem que... cuidadosamente quem vai mexer com isso aí, porque tem que saber, acho que tem que descobrir algo que consiga tirar isso na raiz dela, da árvore para matar essa erva de passarinho. Ou seja, daqui a pouco, tem que podar fora a árvore, cortar a árvore quase toda para não criar uma árvore... porque se só deixar assim, paliativo, deixar a raiz dela não adianta. É um trabalho complicado para quem vai fazer isso aí. Porque o que eu vejo, repetindo aqui, que eu acredito que quase tem que podar ou cortar praticamente quase toda a árvore, assim como o exemplo dessa aí que está contaminada. É um trabalho complexo, mas parabéns por esse trabalho de V. Exa. que teve essa iniciativa. Obrigado.
VEREADOR ALCEU THOMÉ (PTB): Vereador Velocino.
VEREADOR VELOCINO UEZ (PDT): Vereador Thomé, compartilhando com a fala já dos meus colegas, vereador Bandeira, a gente tem, o senhor conhece muito bem, tem um plátano grande, vereador Adiló, grande, no pátio da nossa comunidade de São João da 4ª Légua que está praticamente tomada pelo cipó do passarinho. E aí nós estávamos lá discutindo a única maneira seria uma poda, se tu não fizer uma poda drástica, digo eu, abaixo de onde tem a raiz do cipó de pouco adianta. Mas aí a comunidade disse: “Não, vamos podar ali”. Eu disse: se fizer isso, a caneta come. Por que eu digo? Porque ali em Galópolis tinha dois ligustros na entrada da Cootegal, o ano passado, o morador pediu a poda que ele estava indo para a rede de energia elétrica. Foi até a subprefeitura, a subprefeitura teria comunicado, eu tenho o áudio aqui, que eles não iam fazer, que a poda não seria com eles. O morador foi lá e fez a poda, o ligustro agora está bonitinho, claro, ali não tinha erva de passarinho. O quê que aconteceu? A caneta pegou. Cinco mil e quinhentos reais de multa. Então, se nós fizermos isso na nossa comunidade, com certeza, a caneta vai comer. Agora os técnicos têm que se preocupar, sim: Vamos podar drástico e deixar ela viva ou vamos deixar ela morrer aos poucos? É a mesma coisa que deixar uma pessoa morrer, praticamente a mesma coisa.
VEREADORA PAULA IORIS (PSDB): Um aparte, vereador?
VEREADOR VELOCINO UEZ (PDT): Então os técnicos têm que se debruçar, se acham, eu digo sempre que a maneira que eles dizem é a que está correta, a poda que está sendo feita na nossa cidade ao longo do tempo depois que os técnicos dizem que têm que ser assim a do ligustro, não no sistema, que não teria ali o cipó, deixando ela subir, para depois descer para lá, e eles acham que isso é o correto. Então, agora, eles que mostrem o potencial, ali é um trabalho de técnicos, sim, de preservar a árvore viva, porque só pegar com a caneta não vai resolver o problema da nossa cidade. Não adianta nós termos projetos, vereador Toigo, de árvore de frutífera, vereador Adiló, de plantar fora da rede, se os técnicos não fazem sua parte. Agora os fiscais estão fazendo a sua parte, a caneta está comendo. Não é isso. Não é assim que se resolvem os problemas. Obrigado pelo aparte.
VEREADOR ALCEU THOMÉ (PTB): Obrigador, vereador. Vereador Kiko.
VEREADOR KIKO GIRARDI (PSD): Vereador Thomé, esse assunto é importante e, a pedido de moradores aqui da rua atrás da Câmara, da Dom José Barea, aqui na subida, já fiz uma solicitação ano passado para a Secretaria para analisar, porque esse problema já acontece há muito tempo. Além também do último, ou o primeiro que seja, o plátano lá embaixo na esquina, dependendo da altura do carro não consegue na primeira pista também subir para cá. Então já tem a reclamação de vários moradores, e a Secretaria já está sabendo. Então só falta eles tomarem atitude. Mas que bom que a comissão agora está indo atrás. Com certeza eles vão atender.
VEREADOR ALCEU THOMÉ (PTB): Obrigado, vereador. Vereadora Paula.
VEREADORA PAULA IORIS (PSDB): Vereador Thomé, eu lhe agradeço por trazer essa pauta. Porque estava comentando com o vereador Rodrigo, precisa ter olhos para ver isso. Nem todos nós entendemos, nem todos nós enxergamos isso. Porque cada um tem mais vivência em alguma área. Agora isso de fato preocupa a todos. E não é brincadeira alguma né, vereador Bandeira? Porque, se a gente olhar para essa árvore como um corpo humano, isso é uma epidemia, é alguma coisa que está se alastrando e que está matando as árvores. Então a gente de fato espera que haja um olhar técnico em cima disso e que a rigidez, frente ao que o vereador Velocino falou, de multa, seja reavaliada. Eu não sei se os senhores receberam um vídeo que mostra a história do pinheiro araucária. Ele vem sumindo da natureza. Tem uma campanha toda no Paraná de replantio do pinheiro. O que está sendo dito? Que a rigidez em relação ao pinheiro, como tem uma lei muito rígida que não pode cortar, quando algum agricultor, alguma pessoa enxerga um pinheiro crescendo já arranca, porque vê que vai ter problema ali na frente. Então tem uma rigidez tão grande na legislação que acaba, ao longo do tempo, causando efeito contrário: o prejuízo do crescimento de novos pinheiros. Inclusive eu encaminhei esse vídeo para o nosso secretário do Estado, do Meio Ambiente, para avaliar como está a nossa legislação gaúcha. Porque nós não podemos ter uma lei que prejudica. Então de fato, parabéns. Espero que a Comissão de Agricultura encaminhe fortemente esse assunto, se der tempo de recuperar essas árvores. Parabéns.
VEREADOR ALCEU THOMÉ (PTB): Obrigado, vereadora. Como a senhora falou, olhando ela na natureza, parece que essa parasita nem existe ali, porque ela se confunde com o verde das árvores. Então, se a gente não olhar mais especificamente para a árvore, dificilmente a gente vai ver. Mas eu faço um comparativo com a gripe espanhola, que dizimou um monte de pessoas no mundo, essa parasita irá dizimar muitas árvores aqui na nossa cidade. E a gente não percebe aqui só na cidade, a gente percebe no nosso interior, onde praticamente está totalmente contaminado. E as plantas pequenas, que foram replantadas há pouco tempo aqui, também elas já estão contaminadas. Então, daqui a pouco, não teremos mais matas. Talvez poderíamos trabalhar com outras plantas que talvez não se contaminem tanto. Temos o nosso liquidâmbar, parece que não atinge muito. E árvores europeias, que menos atacam essa praga, porque são árvores mais lisas, têm a casca mais lisa. Mas, de qualquer forma, a nossa preocupação é muito grande. Acho que teríamos que fazer um estudo aprofundado. Até acho que as universidades aqui de Caxias deveriam fazer um estudo mais científico para que a gente possa talvez descobrir algum método que se possa erradicar essa invasora, porque certamente aqui o nosso parque e a nossa cidade irão perder milhares e milhares de plantas dentro de... Os estudos indicam que de 5 a 10 anos, e até 20 anos, as plantas mais resistentes. Então eu vejo a nossa preocupação, a Comissão da Agricultura também. Eu vejo que temos que achar um termo que possamos ajudar a dizimar essa praga que vem se alastrando na nossa cidade. Então obrigado a todos vocês. Eu peço a todos os vereadores que façam um passeiozinho só aqui na nossa praça em frente à prefeitura aqui. Tem em torno de 15 árvores praticamente mortas aqui, e todas elas são atingidas por esse parasita. Então só observem aqui. Se der uma caminhada aqui pelo passeio público aqui da prefeitura, só para observar a quantidade de árvores que estão mortas aí. Então é isso aí. Muito obrigado a todos e tenham um bom dia.