VEREADOR SANDRO FANTINEL (PL): Senhor presidente, nobres pares, a minha fala do Grande Expediente de hoje não poderia ser outra, a não ser aquela que está movimentando a nossa cidade e o nosso interior no momento. As discussões mais importantes e mais acirradas a respeito da zona das águas e a nova lei que virá para essa Casa, onde esperamos que venha a favorecer todas essas pessoas hoje prejudicadas de forma, poderia se dizer, incalculável. Bom, eu trago hoje um tema de extrema importância, um município que já venho tratando, trabalhando há tempo, que agora ganhou espaço no Poder Executivo, que é a atualização da lei das águas.
Tal assunto foi objeto de audiência pública na última sexta feira, por meio da Comissão de Agricultura, com a presença de várias autoridades e membros da comunidade, que tiveram a oportunidade de debater e trazer e demandas para apreciação.
A legislação de Caxias do Sul que trata das Zonas das Águas (Lei Complementar nº 246/2005) estabelece diretrizes e restrições de uso e ocupação do solo nas áreas de bacias de captação e acumulação de água para o abastecimento público do município.
A principal legislação federal que trata de recursos hídricos é a Lei nº 9.433/97 (Lei das Águas), Esta lei estabelece princípios gerais para a gestão da água, como o domínio público das águas, a prioridade do uso para o consumo humano e a necessidade de outorga para determinados usos.
A Lei de Caxias do Sul é mais específica e detalhada em relação às áreas de bacias de captação dentro do seu território. Ela define as Zonas das Águas (ZA) e estabelece diferentes níveis de restrição de uso e ocupação do solo, considerando a fragilidade ambiental de cada área.
Em vários pontos a Legislação Municipal é mais gravosa que a Lei Federal, merecendo revisão.
Dentre as principais diretrizes podemos citar:
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Restrições de Uso e Ocupação: A lei municipal estabelece restrições mais severas para atividades construtivas, industriais, agrícolas e outras dentro das Zonas das Águas do que as diretrizes gerais da legislação federal. Isso inclui maiores áreas de proteção, proibições específicas de certos tipos de empreendimentos e exigências de licenciamento ambiental mais rigorosas.
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Zoneamento: A lei municipal realiza um zoneamento específico das bacias de captação, definindo diferentes níveis de restrição (como "Nível Crítico" mencionado em documentos), o que é mais restritivo do que a abordagem geral da lei federal.
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Parcelamento do Solo: A legislação de Caxias do Sul impõe regras mais rígidas para o parcelamento do solo nas Zonas das Águas, necessitando de reavaliação.
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Fiscalização e Penalidades: Embora a lei federal estabeleça princípios para a proteção dos recursos hídricos, a legislação municipal defini mecanismos de fiscalização mais específicos e penalidades mais severas para infrações dentro das Zonas das Águas. Tal questão, vêm sendo bastante demandado pela população, em vista de possíveis excessos por parte do ente público municipal.
A regra não deve ser a multa/punição, mas sim a orientação.
Dessa forma, trago estes importantes temas, registrando que as principais diretrizes e demandas objeto da audiência pública ocorrida em 11/04, serão direcionadas ao SAMAE, para a realização de um trabalho em conjunto na melhoria e atualização da Legislação que trada das águas em nosso município.
(Texto fornecido pelo orador.)
Bom, senhoras e senhores, eu tive ontem o prazer de participar de uma das leis... De uma das reuniões proporcionadas no interior, através do Samae e do seu presidente João Uez, onde que lá a população me chamando de canto me passou certas situações inadmissíveis! Inadmissíveis! Onde o bom senso é totalmente nulo. Totalmente falho, ou melhor dizendo, inexistente. A pessoa compra um terreno com escritura, que faz divisa com uma área maior também escriturada, em área urbana, e ninguém do poder público adverte esta pessoa que, no terreno ao lado existe uma nascente, próximo à divisa. Essa pessoa adquire um terreno de 30 por 15, sendo que, onde termina a divisa dela tem o terreno do vizinho. O terreno do vizinho tem uma nascente. O que acontece nesse caso? Não respeita a Lei Ambiental dos 30 metros de distância. O terreno dessa pessoa está inviabilizado. Ela não pode construir nada. E a pergunta: “ela foi advertida pelo poder público que tinha esse gravame em cima daquele terreno?”. Não foi. E agora, como é que fica o prejuízo? Poder público vai comprar aquele terreno dele e vai pagar o preço que ele gastou? Fica essa pergunta. Outra coisa de alguns cidadãos que me procuraram desesperados. Chega o ponto do ridículo! Chegamos ao ponto do ridículo! Aonde que ele disse: “eu fiz uma calçada na frente da minha casa, de um metro e vinte de largura por quatro metros de comprimento, só o piso no chão, para não sujar os pés.” Os fiscais foram lá e multaram esse cidadão. A pergunta que eu faço para os egrégios, técnicos que julgam esse tipo de situação: o que é que uma calçada de metro e vinte por quatro, só o piso no chão, vai poluir o manancial? Onde é que isso cria um fator poluente para os córregos? Isso gera a beira do ridículo. Não tem explicação nenhuma. Outra coisa que fiquei abismado, e acredito que não só eu, mas todos os presentes que estavam naquela reunião. Hoje, o distrito mais prejudicado pela zona das águas em Caxias do Sul é Vila Seca. Vocês sabiam que lá não pode ter nenhum tipo de empresa? Não se pode construir nada? Não se pode fazer nada? Não se pode nem sequer cobrir a área coberta do colégio para as crianças jogarem quando chove, porque é bacia de captação. Mas, pasmem senhoras e senhores, pasmem! O esgoto corre a céu aberto direto para a represa! O esgoto de Vila Seca corre a céu aberto direto para dentro da represa.
VEREADOR CALEBE GARBIN (PP): Um aparte, vereador.
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PL): Isso pode! Uma agroindústria não pode. A calçadinha ao redor da casa não pode. Não pode construir a casa para o filho. Mas o esgoto a céu aberto, a céu aberto, senhoras e senhores, pode escorrer do distrito até dentro da represa. Onde está à responsabilidade daqueles que proíbem? Se eles fossem lá, fizessem os depuradores necessários, o tratamento da água, do esgoto naquela localidade, eu seria favorável a certas multas e a certas proibições. Agora, proibir que a pessoa bote uma “fabriquinha” de marmelada, de queijo... Mas deixar o esgoto a céu aberto correr direto para dentro da represa, onde é que está a hipocrisia aqui? Onde é que está o cúmulo aqui? Isso gera o cúmulo do ridículo. Passou do limite, passou! Estamos abusando da consciência dos nossos cidadãos e da paciência também. Então, eu peço encarecidamente que medidas urgentes sejam tomadas para resolver o problema dessa comunidade que, esse cidadão aqui, claro, não gosta muito de falar idade, mas somos obrigados, tem 57 anos e quando eu tinha 9 anos, Vila Seca era grande como é hoje. Não pôde crescer nada, e eu ouvi uma senhora dizer: “nós não temos futuro.” Nós não temos futuro em Vila Seca porque não se pode abrir nada, não se pode ter nada, não se pode ter uma empresa, não se pode fazer uma calçada na frente da casa, que somos multados! Agora o nosso esgoto corre a céu aberto direto para dentro da represa. Então, isso é o cúmulo do ridículo! Seu aparte, vereador.
VEREADOR CALEBE GARBIN (PP): Rapidamente, só colaborar com o senhor, concordando, vereador Fantinel, da sua preocupação, e volto a dizer aquilo que nós acabamos de mencionar aqui. Muitas vezes os entraves que existem, entravem somente para um lado. O lado mais fraco da corda é o lado que estoura, infelizmente. Então, fica toda uma comunidade à mercê, subdesenvolvida há décadas, conforme o senhor nos falou, de onde vieram muitos imigrantes, e infelizmente parece que é proposital isso. Eu diria parece para não afirmar, porque a gente tem que cuidar muito com o que se diz. Mas é preocupante saber que as pessoas estão à mercê do Poder Público, ficam à deriva da sua própria realidade e não podem dar sequência. E parabenizo o senhor pela sua fala, importante fala, inclusive.
VEREADOR HIAGO MORANDI (PL): Declaração de Líder.
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PL): Obrigado. Peço desculpa ao vereador que não...
PRESIDENTE LUCAS CAREGNATO (PT): Segue em Declaração de Líder, vereador Sandro Fantinel.
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PL): Obrigado, meu líder. Passo aparte para o vereador Aldonei Machado, da Criúva.
VEREADOR ALDONEI MACHADO (PSDB): Muito bem, colega Sandro, parabéns pelo tema. E é um tema que a gente vai tratar muito esse ano, é um tema que eu vinha... Antes de entrar aqui para a Casa eu tinha uma preocupação muito grande, que era essa questão das zonas das águas, por eu estar inserido lá no campo, lá em Criúva, por nossas terras estarem inseridas dentro dessas bacias de captação. Agora, tendo a oportunidade, sendo vereador, e com essa proposição do Samae, com esse pedido do prefeito Adiló, do vice Néspolo, para que essa lei seja votada, seja modificada, seja modernizada até o final deste ano, eu tenho participado de todas as reuniões. Ontem, juntamente com o senhor e juntamente com o colega Elói Frizzo, nós estivemos lá em Vila Seca, acompanhando mais uma reunião. Eu estou me sentindo feliz, porque eu vejo uma luz no fim do túnel, Sandro, eu vejo que as coisas estão andando de uma forma boa, a comunidade está se sentindo mais acolhida pelo Samae. Antes, nós tínhamos aquele medo, qualquer coisinha que tu fosse fazer, como disse aquela senhora ontem, se ela fosse atrás de uma moita lá o Samae ia lá e multava. Então, as coisas têm que melhorar, a gente não pode...
VEREADOR PEDRO RODRIGUES (PL): Peço um aparte, vereador.
VEREADOR ALDONEI MACHADO (PSDB): A gente não pode mais ser tão penalizados como nós éramos. Ontem também eu tive a oportunidade de estar lá na comunidade dos Dallagno, em Criúva, onde se começou aquele projeto piloto, o projeto do pagamento ambiental a quem está dentro das zonas de água. É um projeto piloto, o PSA, é um projeto piloto, eu vou acompanhar e vou monitorar. Se der certo, nós temos que expandir para todas as zonas das águas, aqui para as zonas da cidade, também Bairro Serrano, Bairro São Ciro, Mariland, Século XX, Fátima, onde estão inseridas as bacias nós temos que trabalhar forte para ajudar essas pessoas que estão dentro, para não regredirmos, para nós valorizar quem produz essa água, essa água de qualidade, que hoje a nossa água aqui de Caxias é uma das cinco melhores águas do país. Então, importante esse debate, com certeza nós vamos falar muito sobre isso, sobre esse tema aqui no Legislativo esse ano e temos que continuar batalhando. Como eu falei ontem lá em Vila Seca, nós temos uma safra, eu, o senhor, o Frizzo, somos, conhecemos, vivemos, então nós temos que trabalhar muito forte para que essa lei seja modernizada e realmente atenda às necessidades. Uma coisa que eu achei importante ontem lá na reunião foi a questão dos cemitérios. Vai vir para Casa aqui na sequência, para nós votarmos e até daqui a pouco nós vamos conversar, né, Sandro, conversar com o nosso colega, para nós, quando chegar essa alteração da lei, que vai chegar daqui a alguns dias, é só essa questão de ampliação dos cemitérios. Nós votamos todos favoráveis. Obrigado e parabéns pelo tema.
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PL): Obrigado. Seu aparte, vereador Pedro.
VEREADOR PEDRO RODRIGUES (PL): Obrigado pela gentileza, vereador Fantinel. Quero lhe dar os parabéns pelo tema trazido aqui. Confesso que eu fiquei bem espantado mesmo com a transformação desse esgoto a céu aberto, né, desaguando direto na represa. Espero que isso, acredito, né, que vai ser visto logo. Eu confesso que eu sempre tive ideia e agora mais ainda aflorada essa ideia de expandir o meu projeto ali para o lado de Vila Seca da manutenção automotiva, porque eu sou muito demandado ali no verão na Rota do Sol, porque eu tenho uma oficina móvel, né, que ela é um carro, um veículo — para quem não sabe — customizado, tem uma oficina completa montada dentro e a gente é muito demandado para aquela região. Então, o que eu tenho em mente de um projeto, até alguma coisa já em papel, para a gente abrir por ali, pela região da Vila Seca, uma filial assim, para se manter por ali com esse pronto atendimento, principalmente na temporada de verão, né.
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PL): Muito bom.
VEREADOR PEDRO RODRIGUES (PL): Então, aí com essas informações, tira um pouco do entusiasmo da Vila Seca, eu vi que os moradores lhe disseram que são sem futuro e tudo mais, e a gente fica bem chateado de saber disso. E só uma brincadeira para descontrair, né vereador, é possível dizer que a Vila Seca, né, é um manancial de água, né, não pode ser feito nada. Obrigado, vereador.
VEREADOR ELÓI FRIZZO (PSB): Permite um aparte, vereador Fantinel?
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PL): (Risos) De imediato, vereador Frizzo.
VEREADOR ELÓI FRIZZO (PSB): Ontem estávamos presentes lá na Assembleia que aconteceu em Vila Seca, uma bela Assembleia, com uma grande participação. Uma das questões que eu formulei ao secretário, ao diretor João: “Diretor, se o senhor não comentar sobre a estação de tratamento e a questão do plano de diretor de Vila Seca, eu vou lá e vou denunciar.” O João corretamente abriu as falas dele falando sobre o projeto da estação de tratamento. Por que eu falo isso? Porque o ano passado o vereador Fantinel, não sei se o senhor estava lá, naquela audiência do Samae, dirigida pelo então ex-diretor, ele falou abertamente que o projeto já estava pronto, que era só para ser encaminhado para a licitação. Depois nós soubemos que era uma mentira. O projeto não tinha sido encaminhado, nada. O projeto da construção da estação de tratamento, que é condição sine qua non para a condição da represa. Eu vejo que todas as outras áreas onde existem bacia de captação em área urbana, tem estação de tratamento de esgoto. Ana Rech tem, as outras todas têm, porque foi estabelecido no Plano Diretor de Saneamento essas prioridades. Então, o saneamento de Vila Seca é fundamental.
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PL): Do lado da represa.
VEREADOR ELÓI FRIZZO (PSB): É, do lado da represa. Eu tenho uma propriedade no condomínio, na entrada de Vila Seca, e menos mal que todas as propriedades são responsáveis, tem fossa séptica, sumidouro, assim por diante. Mas se você for pela Rota do Sol, vai ver que o esgoto desce direto para a represa. Pô, nós estamos falando do Marrecas! Se nós estivéssemos falando do Dal Bó, da Maestra, que tem uma ocupação desordenada que aconteceu e por isso foram feitas as estações de tratamento. Mas nós estamos falando do Marrecas, uma represa recém-construída! Então, muito bom, o diretor disse: “claramente, o projeto agora vai andar.” E é uma promessa do prefeito Adiló, espero que seja cumprida.
VEREADOR SANDRO FANTINEL (PL): Obrigado, vereador Frizzo. E são várias as situações que essa questão da zona das águas nos traz. Mas eu queria aproveitar a participação do vereador Aldonei, a sua colocação, e que eu queria dizer que foi aceito também da minha parte, com muita alegria e da comunidade Fazenda Sousa, saber que a intenção do diretor do Samae, então, trazer para esta Casa nos próximos dias a liberação das obras nos cemitérios das localidades Vila Seca e Fazenda Sousa, que hoje estão severamente prejudicadas, onde nós tivemos um cidadão, no dia da audiência pública, dizendo que não saberia onde enterrar as pessoas, como administrador do cemitério, porque o Poder Público não permitia mais que fossem construídas novas capelas. Então, me deixa muito feliz que a nossa luta, que a nossa batalha, o nosso enfrentamento, as nossas discussões trouxeram à luz essa situação. E que o presidente do Samae, então, trará para esta Casa, nos próximos dias, então, esse adendo na lei, que com certeza nós aprovaremos, eu e os nobres pares, para que, então, o cemitério de Fazenda Sousa e o de Vila Seca possam recomeçar as suas obras, para que as pessoas tenham a dignidade de poder enterrar os seus entes queridos, no momento mais difícil de suas vidas. Então, fico muito feliz com isso e concluo dizendo que nós precisamos que a próxima lei que vem para esta Casa seja igual ou extremamente parecida com a Lei Federal. Caso contrário, as discussões continuarão e o risco de não ser aprovada é bastante grande. Obrigado, senhor presidente.