O Parlamento Regional, movimento que reúne as presidências dos Legislativos da Região Metropolitana da Serra, promoveu, na tarde desta sexta-feira (06/04), o II Fórum de Discussão do Setor Vitivinícola. Realizado no Ginásio da Escola Estadual Pedro Migliorini, o encontro contou com a presença de diversos pesquisadores, além de autoridades políticas e lideranças sindicais. Mais de 100 pessoas participaram do evento.

Iniciado às 14h, o fórum teve pronunciamentos do presidente da Câmara de Monte Belo do Sul, Onécimo Pauletti, e do presidente do Parlamento Regional, vereador Moisés Scussel, de Bento Gonçalves. Na oportunidade, Pauletti destacou os encaminhamentos da primeira edição, feita em 2015, que pediram esforços do poder público acerca da redução do IPI do vinho, a inserção do suco de uva na cesta básica e o estabelecimento de melhores critérios para o preço mínimo da uva.

Scussel enalteceu o Parlamento e os presidentes das Câmaras que apoiaram o evento e enviaram representantes. “Finalizada a safra da uva, é hora de nos reunirmos, para encontrarmos soluções para os problemas dos nossos agricultores. Que saiamos daqui com os encaminhamentos necessários para as nossas famílias vitivinicultoras”, completou.

Um dos painéis, apresentado pelo representante da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Zanus, abordou a necessidade da adoção de novas tecnologias, para a manutenção do setor. No entanto, de acordo com ele, a maior dificuldade está no custo. “Isso passa pelo preço certo, é o que paga todos os custos de produção, sobra para investimentos e para a qualidade de vida do produtor”, resumiu.

Zanuz também apontou como necessárias as análises para a escolha das variedades de uvas a serem cultivadas em cada clima e indicação geográfica. Ele revelou que a Embrapa está realizando um mapeamento da uva e do vinho, no Brasil. Segundo o pesquisador, além das viníferas finas, os vinhos coloniais podem cooperar com o desenvolvimento do agroturismo e enoturismo, na região. “A modernização é irreversível. Nossa missão é acelerá-la para influenciar os jovens a permanecerem no campo”, comentou.

O diretor de relações institucionais do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani, também palestrou. Ele apresentou alguns números sobre a produção vitivinícola, no Brasil. Conforme os dados, o país possui 14,4 mil propriedades desse setor, as quais, na safra 2017/2018, colheram, aproximadamente, 650 milhões de quilos de uva. Para o pesquisador, no entanto, são preocupantes os quantitativos da participação de vinhos importados, no mercado brasileiro. “No Brasil, é mais fácil importar que produzir. Falamos em crescimento, mas, para isso, é preciso ter condições por meio de políticas públicas”, salientou.

Paviani revelou, ainda, que um dos segmentos que têm apresentado mais tendências de crescimento é o do suco de uva. No entanto, para ele, o maior desafio consiste em qualificar a produção, uma vez que a fruta vem apresentando baixa graduação de açúcar, o que desvaloriza o produto final.

De Caxias do Sul, participaram os integrantes da Comissão de Agricultura, Agroindústria, Pecuária e Cooperativismo (CAAPC), vereadores Velocino Uez/PDT e Alceu Thomé/PTB, e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Caxias do Sul (STR), Rudimar Menegotto.

Uez, que preside o grupo parlamentar, avaliou o encontro. Para ele, os agricultores precisam de soluções para os seus problemas. O vereador considerou importantes as discussões, mas ponderou a necessidade de encaminhamentos práticos. “É sempre necessário debater, mas o que precisamos apresentar aos nossos produtores são meios para que eles consigam produzir e comercializar com as devidas garantias”, sublinhou.

Todas as contribuições foram compiladas numa carta que foi assinada pelas entidades que se fizeram presentes. O documento será encaminhado à Câmara dos Deputados, ao Senado Federal, à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e aos demais órgãos que representam o setor primário.